Baixa disseminação de conhecimento sobre bioeconomia impacta produtividade
quinta-feira, maio 04, 2023
A produtividade é a alma de qualquer negócio ou atividade que tenha como objetivo o lucro. Na bioeconomia, isto não é diferente. A produtividade é um índice técnico que reflete a eficiência com que os insumos são convertidos em produtos, ou seja, a eficiência com que uma empresa consegue transformar seus recursos em produtos. Essa visão é fundamental para ter sucesso no mercado e ela também vale para a agricultura e os sistemas agroflorestais, onde a produtividade varia muito entre os produtores, cidades e estados.
Para Salo Coslovsky, professor associado da Universidade de Nova York que investiga produtos compatíveis com a floresta amazônica, como o cacau, a forma como se dá essa produção poderia ajudar a explicar a diferença na produtividade. Na Amazônia, o cacau é produzido no sistema pleno sol e também é propício para auxiliar a restauração de áreas degradadas. Essa forma de produção é completamente diferente da adotada na Bahia, onde é produzido no sistema cabruca, um sistema agroflorestal de produção em que o cacau é cultivado sob a sombra de espécies nativas da floresta original.
Mas, como explicar a grande variação de produtividade em regiões semelhantes onde as principais condições permanecem constantes? Por exemplo, conforme o Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística, na Bahia, os cacauicultores produzem em média 325 quilos por hectare, mas no mesmo estado há produtores que conseguem até 1,5 mil quilos por hectare. No Pará, os produtores têm uma média de 976 quilos por hectare, mas há quem consiga produzir mais de 3,5 mil quilos por hectare.
Aumentar a produtividade custa dinheiro, mas um estudo elaborado pela Cocoa Action mostrou que vale a pena investir nisso. O problema, de acordo com Coslovsky, que também é coordenador do projeto Infloresta e pesquisador do projeto Amazônia 2030, é que muitos ainda não têm acesso ao conhecimento necessário para melhorar a produtividade. É aí que entra a assistência técnica e extensão rural, que ajuda os produtores a aprenderem novas técnicas e a se desenvolverem. Infelizmente, muitos deles não têm acesso a esses serviços, especialmente na Amazônia, onde são de suma importância.
A boa notícia é que projetos-piloto já mostraram que a assistência técnica e extensão rural são um ótimo investimento. Um projeto no Pará, conduzido no pela ONG Solidaridad, mostrou que cada real investido nesse tipo de ajuda pode gerar até nove reais em retorno para os produtores.
Porém, infelizmente são poucos os produtores atendidos, especialmente os menores, com menos de 50 hectares de terra. Segundo o Censo Agropecuário do IBGE de 2017, apenas 10% dos produtores da Amazônia Legal receberam alguma orientação técnica, contra 20%, na média, no restante do Brasil. Em propriedades menores, com até 50 hectares, o número cai para 7%, no resto do país o índice sobe para 14%. Isso acontece por diversos motivos, como o custo alto de atender muitas pessoas e a falta de recursos para investir nesses projetos.
Apesar desses desafios, há motivos para otimismo. A maioria dos produtores rurais tem acesso a um telefone celular e pode interagir com outros produtores e extensionistas por meio de grupos de WhatsApp. A inteligência artificial também bate à porta e plataformas podem ser criadas para melhorar a eficiência desses grupos de discussão, incorporando ferramentas como ChatGPT, reconhecimento de imagens e sintetizador de voz.
Fonte: Um só Planeta
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