IIEA: investimento em energia volta a crescer em 2021, mas distante de rota de neutralidade de carbono
segunda-feira, junho 07, 2021
Os investimentos globais no setor de energia devem crescer cerca de 10% e alcançar US$ 1,9 trilhão em 2021, revertendo a maior parte da queda do ano passado, o primeiro da pandemia de covid-19.
Contudo, os aportes em transição para energia limpa precisam triplicar para cumprir as metas climáticas do Acordo de Paris e manter o aquecimento do planeta abaixo de 1,5° C.
As estimativas são de relatório da Agência Internacional de Energia (IEA, em inglês) publicado na quarta (2), que traz como destaque a tendência de mudança no perfil de investimentos do setor energético.
“2021 está prestes a ser o sexto ano consecutivo em que o investimento no setor de energia supera o do abastecimento tradicional de petróleo e gás”, diz a agência.
Segundo o World Energy Investment 2021, o investimento no setor elétrico deve crescer aproximadamente 5% este ano para mais de US$ 820 bilhões, em seu nível mais alto, depois de permanecer estável em 2020.
As renováveis dominam o investimento em nova capacidade de geração e devem representar 70% do total este ano.
“E esse dinheiro agora vai mais longe do que nunca no financiamento de eletricidade limpa, com cada dólar gasto na implantação de energia solar fotovoltaica hoje resultando em quatro vezes mais eletricidade do que há dez anos, graças à tecnologia muito melhorada e custos decrescentes”, destaca.
Demanda para atingir neutralidade de carbono é três vezes maior
Para Fatih Birol, diretor executivo da IEA, recursos muito maiores devem ser mobilizados e direcionados para tecnologias de energia limpa para “colocar o mundo no caminho certo para alcançar emissões líquidas zero até 2050”.
De acordo com o roteiro Net Zero da agência, o investimento em energia limpa precisará triplicar até 2030.
“Sinais políticos claros dos governos reduziriam as incertezas associadas aos investimentos em energia limpa e forneceriam aos investidores a visibilidade de longo prazo de que precisam”, defende Birol.
Segundo a análise, os mercados financeiros também estão dando sinais encorajadores para investimentos em energia limpa.
“Existem enormes oportunidades para empresas, investidores, trabalhadores e economias inteiras no caminho para o zero líquido. Os governos têm o poder de desbloquear esses benefícios de base ampla”, afirma.
A emissão de dívida sustentável atingiu um nível recorde em 2020, e as empresas de energia renovável superaram as empresas de combustíveis fósseis nos mercados de ações internacionais.
Novos investimentos fósseis
O levantamento da IEA aponta que as aprovações para usinas que usam carvão como fonte de energia estão cerca de 80% abaixo do observado cinco anos atrás, mas alerta que a fonte fóssil não está excluída de novos investimentos.
“Houve até um ligeiro aumento no sinal verde para usinas movidas a carvão em 2020, impulsionado pela China e algumas outras economias asiáticas”, diz.
O relatório também estimas um aumento em torno de 10% nos investimentos em petróleo e gás upstream em 2021, à medida que as empresas se recuperam financeiramente do choque de 2020.
A IEA também destaca as “estratégias divergentes entre as diferentes empresas de petróleo e gás”, com grandes empresas mantendo os gastos com petróleo e gás inalterados, enquanto companhias nacionais de petróleo estão aumentando os investimentos.
“A lacuna entre as tendências de investimento atuais e as necessidades de cenários impulsionados pelo clima é particularmente grande nos mercados emergentes e nas economias em desenvolvimento”, avalia.
“Isso está emergindo como uma falha crítica nas transições de energia limpa antes da reunião crucial da COP26 em Glasgow no final deste ano”, completa.
Diversificação
Análise da IEA em 2020 alertou que apenas 1% dos gastos de capital da indústria estavam sendo direcionados para energia limpa.
Em 2021, o acompanhamento da agência sugere aumento para 4% em média, ficando bem acima de 10% no caso de algumas das principais empresas europeias.
“A influência dos pacotes de recuperação e das novas medidas de política climática transparece nas expectativas de gastos crescentes em 2021 com energia renovável, redes de eletricidade, eficiência energética – principalmente no setor de edifícios na Europa – e tecnologias emergentes”, analisa.
Destaque para a captura, utilização e armazenamento de carbono (CCUS) e hidrogênio de baixo carbono entre as tecnologias emergentes que têm atraído as petroleiras.
Fonte: EPBR
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