RS: semana do Alimento Orgânico valoriza a sustentabilidade na produção
domingo, maio 30, 2021
Realizada no período de 25 a 31 de maio, a Semana dos Alimentos Orgânicos tem por objetivo difundir os produtos orgânicos e seus benefícios nutricionais, ambientais e sociais. Desde 2011, todos os produtos orgânicos passaram a ser garantidos pelo Sistema Brasileiro de Avaliação da Conformidade Orgânica (SisOrg) e existindo diferentes formas para a certificação dessa produção como a Organização de Controle Social (OCS), Organismo Participativo de Avaliação da Conformidade Orgânica (OPAC) e a certificação de Terceira Parte (auditagem).
No Rio Grande do Sul, conforme dados da Emater/RS-Ascar, vinculada à Secretaria Estadual de Agricultura, Pecuária e Desenvolvimento Rural (Seapdr), existem cerca de 360 unidades de produção certificadas via OCS, 2.278 unidades de produção certificadas via OPACs e 877 unidades de produção via certificadoras de terceira parte (auditagem).
A extensionista rural Agropecuária da Emater/RS-Ascar, Djeimi Janisch, explica que a produção orgânica vai além do cultivo sem o uso de defensivos e adubação química. "É uma questão de não só de não utilizar insumos químicos, mas leva em consideração a interação da propriedade, dos produtores e das plantas com o meio ambiente, com a comunidade e a sociedade e que traga uma vida digna à família".
Residentes em Linha Boa Esperança, interior do município de Mato Leitão, os agricultores Rosana Stange e Antônio José Oss viram na produção orgânica a fonte de renda da família e a sucessão da propriedade rural com o filho Luiz Gustavo. "A nossa produção sempre foi orgânica. Antes de pensar em produzir para vender, o agricultor deve pensar em produzir para comer e assim ofertar produtos de maior qualidade aos consumidores, observou Rosana. A família trabalhava na cidade e tinha o cultivo de hortaliças como atividade dos fins de semana. Como tínhamos para o nosso consumo começamos a comercializar o excedente para amigos. Com o tempo a demanda aumentou, outras pessoas começaram a fazer as suas encomendas e nós percebemos a necessidade de focar nessa atividade", lembra a agricultora.
Em uma área de um hectare a família cultiva citros, verduras como alface e repolho, cenoura, beterraba, batata doce, batata inglesa, mandioca, entre outros. "Fizemos a diversificação da produção, o escalonamento e rodízio do plantio. Os produtores precisam diversificar, ter várias opções. As vezes você possui um produto diferente que chama o consumidor e acaba vendendo o produto básico também", comenta Antônio.
Gustavo, que há dois anos retornou à propriedade rural, viu na produção uma forma de vida. "No campo você tem uma rotina, mas ao voltar a origem a gente sente que consegue dar o teu melhor, fazer aquilo que se gosta, o contato com a natureza, uma melhor qualidade de vida e um sonho para realizar. Isso me motivou a voltar para o campo".
Uma das técnicas adotadas pela família é o rodízio dos plantios. "Isso ajuda a evitar pragas e doenças nas plantas. Às vezes até tem algum problema naquela produção, mas com a troca da espécie cultivada no plantio seguinte esse problema é resolvido", avalia Gustavo. Rosana também lembra que é necessária a persistência para essa forma de produção. "Às vezes encontramos alguma dificuldade num cultivo, mas persistimos e plantamos duas, três vezes até pegar o jeito. Até dar certo".
Outra ação importante adotada pela família é a recuperação e conservação do solo. "Um solo mais nutritivo evita doenças e cria plantas mais resistentes. Construir um solo dá menos trabalho que corrigir um problema depois. Nosso trabalho é preventivo", destaca Rosana que lembra que também são usadas a compostagem e a palhada para os plantios. "Se você pode produzir os insumos na sua propriedade por que vai comprar?!", conclui.
A comercialização da produção é feita nas residências dos consumidores nos municípios de Mato Leitão e Venâncio Aires. "A pandemia nos ajudou a organizar melhor as entregas. Levamos os produtos nas casas dos clientes, produtos frescos, colhidos pouco antes", observa Rosana.
A extensionista rural explica ainda que a Emater/RS-Ascar, no trabalho de extensão rural junto às famílias, prima pela produção para o consumo e essa produção da forma mais limpa possível. Com isso, alguns produtores veem na produção orgânica uma alternativa não só de alimentação da família, mas também de renda. "Para comercializar produtos e dizer que ele é orgânico é necessária a certificação. A Emater, além da parte produtiva, trabalha com os agricultores formas de certificação seja via OCS, onde essas famílias vendem seus produtos nos mercados institucionais e na venda direta ao consumidor seja ela nas feiras ou em forma de cestas entregues nas residências, ou em OPACs. As OPACs permitem a utilização de selos de produto orgânico emitido pelo MAPA. Isso permite comercializar para qualquer tipo de mercado tanto na venda direta assim como para terceiros como supermercados, restaurantes. Isso amplia o mercado da venda de produtos orgânicos", esclarece Djeimi.
A certificação da produção da família de Rosana, José e Gustavo aconteceu em 2017 por meio da auditagem. A partir de 2019 a família passou a integrar a OCS Orgânicos Terra Forte. Fundada em 2018 a OCS conta com 19 integrantes dos municípios Santa Cruz do Sul, Venâncio Aires, Vale Verde, Passo do Sobrado e Mato Leitão. "São dois trabalhos diferentes. A certificação por auditagem é nós, família, e o auditor. Já na OCS a gente interage mais com a comunidade, tem a troca de conhecimento entre os agricultores e os consumidores", pondera Rosana. "O trabalho em grupo permite a troca de experiências, a troca de sementes, de mudas, de técnicas e facilita a comercialização por parte dos agricultores", conclui Djeimi.
Fonte: Portal Agrolink
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