Empresas de alimentos veganos projetam crescer 120% em 2021
terça-feira, abril 06, 2021
Castanha de caju, gordura de palma não oriunda de desmatamento, leite de macadâmia, amêndoas e cúrcuma compõem a lista de ingredientes da linha de laticínios 100% à base de plantas da food tech BasiCo Plant.
Lançada em 2018, a empresa teve um crescimento de 100% no ano passado em relação a 2019 e, apesar das incertezas diante da pandemia, apostou no aumento da procura dos consumidores por alimentos mais saudáveis e de menor impacto ambiental.
“A gente encara o mercado vegano como sendo um grande potencial de solução. Acho que, até por conta dos efeitos e fatores causais dessa pandemia, esse momento trouxe à tona uma necessidade de reduzir o consumo exacerbado de alimentos de origem animal. Isso trouxe uma certa consciência para o consumidor, que tem buscado se alimentar de produtos que causam menos impacto ao meio ambiente”, afirma o nutricionista e fundador da BasiCo Plant, Marcelo Ribeiro.
Logo no primeiro ano, a empresa deixou de atuar apenas no Rio de Janeiro, onde fica a sede, e ganhou o mercado de São Paulo, estando presente hoje também no Amazonas, Rondônia e Mato Grosso.
Apostando no potencial do mercado de alimentação saudável e com menor impacto ambiental que se expandiu ainda mais em 2020 em virtude da pandemia, o Grupo Planta, formado por negócios de produção, distribuição, restaurantes e delivery de alimentos à base de plantas, passou a investir na foodtech.
Com a parceria, a projeção é de um crescimento de 120% em todos os braços do negócio em 2021. “Aposto que o Brasil será o protagonista do mercado vegetal global”, afirma o fundador e CEO do Grupo Planta, Fábio Zukerman.
Segundo ele, com a reinvenção dos sistemas de produção de alimentos e o anúncio de grandes marcas aderindo ao mercado plant-based, a tendência é que o consumidor opte cada vez mais por produtos de origem vegetal.
No portfólio do Grupo Planta, entram o “cajupiry”, cream cheese e requeijão, feitos com castanhas de caju, e a manteiga, preparada a partir da combinação de gordura de palma, leite de macadâmia e amêndoas, sal marinho e cúrcuma e livre de conservantes, aromas e corantes.
Parmesão vegano para ralar e queijo cheddar estão entre os lançamentos previstos para este ano da foodtech de queijos vegetais. Além disso, o Grupo Planta, que tem entre suas marcas a Gerônimo, também deve lançar novas carnes como a fraldinha (híbrido de proteína de ervilha e soja) e o ovo frito, que compõe o hambúrguer x-egg bacon vegano da marca.
Matéria-prima
Como quase tudo, os custos de produção dos queijos vegetais também aumentaram no ano passado. Segundo o executivo da BasiCo, além dos coadjuvantes importados (cotados em dólar), matérias-primas nacionais também impactaram nos custos, que mais do que dobraram em 2020.
A castanha de caju, adquirida de produtores do nordeste brasileiro, subiu 30%. Por ano, a foodtech utiliza cerca de 10 toneladas do produto.
“Embora tenha sido um ano de crescimento, a gente enfrentou muitas oscilações de preço, sobretudo de óleos e gorduras porque ficou mais atrativo exportar. Na virada do ano, a gente enfrentou muita dificuldade com embalagem. Mas a gente tem tentado segurar e não repassar esse aumento para o consumidor, na medida do possível”, explica Ribeiro.
O maior desafio do mercado, segundo os empresários, é nacionalizar cada vez mais a matéria-prima dos produtos vegetais para reduzir os preços, priorizando ingredientes de plantas mais adaptadas às condições brasileiras.
“O mercado começou muito análogos a carne, com proteína de ervilha, mas o Brasil não tem clima para produzir ervilha. Temos a preocupação de trabalhar com não transgênicos, trabalhar em torno do feijão”, salienta Ribeiro.
O CEO do Grupo Planta diz que a empresa trabalha para fomentar a importância de subsídios de alimentos vegetais junto ao governo, compondo grupos de trabalhos que ajudam nesse sentido e no crescimento da nova geração que busca por rastreabilidade.
Fonte: Revista Globo Rural
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