Bioeconomia pode melhorar Índice de Desenvolvimento Humano no AM
sexta-feira, fevereiro 12, 2021
Com o intuito de refletir sobre os potenciais da região Amazônica para a economia, acadêmicos e especialistas realizaram um encontro virtual nesta semana, com 800 participantes. A temática principal foi a bioeconomia, inovação que pode contribuir para o avanço econômico do Amazonas e, consequente, para a melhora de vida dos amazonenses. Em entrevista ao EM TEMPO, professor da Fundação Getúlio Vargas (FGV) e moderador do encontro alega que esse é um meio de desenvolvimento socioeconômico que o estado precisa investir.
Intitulado 'Diálogos Amazônicos', o projeto visa debater com especialistas diversos temas que envolvem a região. Os encontros quinzenais virtuais acontecem até novembro deste ano, em 20 sessões. Na próxima reunião, a pauta 'Reforma Tributária e desenvolvimento na Amazônia' será discutida. Clique aqui para assistir o primeiro encontro.
Por meio de iniciativa da Fundação Getúlio Vargas, através da Escola de Economia de São Paulo (FGV EESP), o projeto tem parceria com o Centro da Indústria do Estado do Amazonas (Cieam), com a Federação da Indústria do Estado do Amazonas (Fieam), além da Associação Nacional de Fabricantes de Produtos Eletroeletrônicos (Eletros) e da Associação Brasileira dos Fabricantes de Motocicletas, Ciclomotores, Motonetas, Bicicletas e Similares (Abraciclo).
Segundo Márcio Holland, professor da FGV EESP, coordenador do programa de pós-graduação em Finanças e Economia (Master) e moderador do debate, o Amazonas tem potencial para diversificar sua estrutura produtiva, não só pelos meios existentes, mas com a possibilidade de criar outros investimentos para a geração de emprego e renda através da bioeconomia.
“São diversas atividades produtivas altamente sustentáveis, que mantém a floresta em pé, intensivas em pesquisa e desenvolvimento, que permitem o desdobramento de amplas e distintas cadeias de empreendedores pelo interior da região”, declara Holland.
No entanto, antes de tudo, o professor afirma que é necessário promover educação de qualidade para o interior do Amazonas, com programas de qualificação profissional associados à produção de insumos, como a produção de fármacos e cosméticos, além da psicultura, fruticultura, entre outras modalidades.
Depois desse processo, Holland diz que é preciso resolver a problemática logística do estado, ou seja, investir no transporte fluvial e em rodovias para que a região não fique isolada do restante do país, dificultando a saída e a chegada de mercadorias. “Há um grande debate em torno da BR-319 e há propostas do Ministério da Infraestrutura para sua pavimentação com baixo impacto ambiental. É preciso estudar o assunto e avaliar sua viabilidade o quanto antes”, complementa.
Além de multiplicar as opções de desenvolvimento econômico e de melhorar a logística, Holland recomenda um investimento em grandes centros de pesquisa e inovação para a região, aproveitando a Empresa Brasileira de Pesquisa Agropecuária (Embrapa), com o interesse em estimular instituições a desenvolverem mais a área da bioeconomia e da biotecnologia.
PIM x bioeconomia
“Há muito o que fazer, porém, entendo também que não há dicotomia entre a bioeconomia e a atividade industrial presente atualmente no Norte, em particular no estado do Amazonas, como o Polo Industrial de Manaus (PIM). Esse modelo gera mais de 400 mil empregos diretos, indiretos e induzidos, e muito dificilmente a bioeconomia será capaz de gerar tantos empregos, pelo menos no médio prazo”, salienta o professor.
Compreendendo o papel do PIM na região, Holland sugere que o modelo seja reorientado, servindo como estímulo para a bioeconomia. “Com revisão, por exemplo, da governança do programa, alteração na legislação estadual para fundos como o Fundo de Fomento ao Turismo, Infraestrutura, Serviços e Interiorização do Desenvolvimento do Amazonas (FTI) e o Fundo de Fomento às Micro e Pequenas Empresas (FMPES). É preciso direcionar os recursos destes fundos para a capacitação de pessoas e empresas, buscando inovar em bioeconomia e biotecnologia”, aconselha.
Contribuição do Amazonas
De acordo com Holland, 70% do valor adicionado bruto de toda a indústria de transformação da região Norte vem do estado do Amazonas, mesmo tendo 22% da população desta região. Já o Pará, responde por apenas 18%, mesmo com quase 50% da população da região.
Ciente da contribuição do estado, ele acredita que a parceria entre o governo estadual, federal e os setores privados pode gerar um desenvolvimento socioeconômico satisfatório para lidar com a maior biodiversidade do planeta, que ainda apresenta baixos Índices de Desenvolvimento Humano (IDH). “Tenho acompanhado com muito otimismo os esforços dos empresários do Amazonas. Acredito que podemos ganhar esse jogo”, finaliza.
Fonte: Em Tempo
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