Pesquisas da Nasa apontam ar menos poluído durante pandemia do coronavírus
segunda-feira, maio 04, 2020
Cientistas da Nasa estão utilizando satélites, sensores em solo e dados baseados em computadores para estudar os impactos ambientais, sociais e econômicos da pandemia do novo coronavírus. Hoje, alguns dos resultados foram divulgados — envolvendo qualidade do ar e influência das estações do ano no número de casos, por exemplo.
Segundo a agência, a Divisão de Ciências da Terra apoiou projetos que avaliam como as medidas de isolamento em resposta à covid-19 têm mudado o meio ambiente, em especial a atmosfera.
“À medida que continuamos a coletar dados de satélite que observam a Terra em escala global, podemos ajudar na compreensão das mudanças globais resultantes da pandemia, bem como investigar possíveis sinais ambientais que possam influenciar a disseminação da covid-19”, disse John Haynes, gerente de programas da Nasa para Aplicações em Saúde e Qualidade do Ar.
Jennifer Kaiser, pesquisadora do Instituto de Tecnologia da Geórgia, e Elena Lind, do Instituto Politécnico da Virgínia, analisam o reflexo da pandemia na qualidade do ar em relação à redução do tráfego aéreo.
De acordo com Kaiser, que estuda como as restrições de viagens afetam o ar nos aeroportos, o momento atual cria uma oportunidade única para analisar poluentes relacionados aos locais em questões, especialmente dióxido de nitrogênio e formaldeído. A expectativa é a de que os índices dos poluentes volte a aumentar gradualmente quando as medidas restritivas forem abrandadas.
“As pessoas estão olhando para os impactos da covid-19 e vendo melhor qualidade do ar com menos tráfego”, disse Kaiser. Segundo ela, as pessoas podem se perguntar como seria o futuro no segmento se dependêssemos de aviões elétricos — veículos que, diz a pesquisadora, não deveremos ter tão cedo.
Para aferir os resultados, a equipe da pesquisadora instalou sensores no Aeroporto Internacional de Baltimore-Washington (que teve uma redução de tráfego aéreo de cerca de 60%) e no Aeroporto Internacional de Hartsfield-Jackson Atlanta (onde a redução do tráfego foi de 70%).
Emissões de combustíveis fósseis
A Nasa ainda apoiou a pesquisa de Joanna Joiner e Bryan Duncan, do Centro de Vôo Espacial Goddard, que está criando mapas e imagens mostrando como a covid-19 reduziu a poluição do ar em todo o mundo.
A dupla constatou nível mais baixo de dióxido de nitrogênio (resíduo de motores a explosão, por exemplo) no ar em escala global, tendo como base dados de um satélite lançado em 2004.
“Estamos analisando as mudanças no dióxido de nitrogênio para entender como as economias estão mudando”, disse Bryan Duncan. “Se a quantidade de poluição emitida continuar a crescer ao longo do tempo, é provável que sua economia esteja crescendo”, projetou.
Com financiamento extra da Nasa, a dupla tem desenvolvido novas maneiras de apresentar mais informações. Joiner e Duncan compararam os dados de 2020 com a média dos cinco anos anteriores, embora haja dados à disposição desde 2005.
“Temos um bom e longo histórico para comparar nosso ano atual”, celebrou Joanna Joiner.
Estações do ano
Por sua vez, Ben Zaitchik, pesquisador da Universidade Johns Hopkins, analisa uma questão que tem sido colocado por muita gente nos Estados Unidos, onde atualmente é primavera: o número de casos da covid-19 vai diminuir a partir de junho, quando começa o verão e as temperaturas são mais altas?
“Embora os casos provavelmente diminuam à medida que avançamos no verão, queremos saber quanto dessa mudança se deve a políticas de distanciamento social e ordens de bloqueio contra temperaturas e umidade mais altas”, ponderou.
De acordo com a Nasa, a pesquisa de Zaitchik tem como base um trabalho anterior do próprio cientista, que estudava como doenças infecciosas entéricas — ou seja, de órgãos como o intestino — se espalham.
Embora as características das doenças sejam diferentes, especialmente a respeito de como infectam humanos, elas podem ser afetadas pelo clima. Por isso, a equipe de Zaitchik usa dados sobre temperatura e precipitação, por exemplo, para apurar possíveis ligações entre clima e casos da covid-19.
“Temos todo o arsenal de observações da Terra à nossa disposição”, disse Zaitchik. Segundo ele, caso exista um elo, isso deve influenciar a maneira como as autoridades avaliam uma possível segunda onda de contágios.
Fonte: UOL
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