Mudança na carga deve reduzir preço da energia no longo prazo
quinta-feira, maio 28, 2020
O preço da energia elétrica no mercado livre também deverá ser afetado nos próximos anos, uma vez que houve uma mudança estrutural no comportamento da carga nacional após a crise provocada pelo Covid-19, disse a diretora da Brasil Comercializadora, Alessandra Zancopé, durante o webinário sobre cenários para o mercado de energia, promovido pela Associação da Indústria de Cogeração de Energia (Cogen) e pela União da Indústria de Cana-de-Açúcar (Unica) ontem, quarta-feira, 27 de maio.
A carga do Sistema Interligado Nacional (SIN) foi revisada para 65.886 MW médios em 2020 ante uma previsão inicial de 70.825 MW médios, de acordo a última versão do Planejamento Anual de Operação Energética (PEN 2020/2024). A próxima revisão será presentada em setembro.
Alessandra destacou que a previsão de carga atual é equivalente aos montantes de 2017, um atraso de crescimento de 4 anos. “Alterações estruturais na carga alteram o balanço demanda x oferta enxergado pelos modelos de otimização, impactando o preço por períodos mais longos”, disse. O preço de longo prazo, porém, depende de como será a retomada da atividade econômica.
Além da redução brusca do consumo de energia causa pelas medidas de isolamento social, o Brasil também vive uma situação hidroenergética favorável em 2020. Com exceção do submercado Sul, os demais reservatórios estão com níveis considerados confortáveis.
Segundo a diretora, o submercado Sudeste/Centro-Oeste está com o melhor armazenamento dos últimos 6 anos. A região – que concentra 70% do armazenamento de eletricidade país – está com 55,05% de capacidade, de acordo dados do Operador Nacional do Sistema (ONS) em 26 de maio.
A melhora nas afluências já havia provocado uma redução nos preços da energia no mercado livre em fevereiro. Em abril, com a mudança na expectativa de carga, o preço despencou entre 40% e 60%, disse a especialista da Brasil Comercializadora.
O preço da energia convencional Sudeste (2ºSem 2020) caiu de R$ 250/MWh para R$ 120/MWh, podendo ficar abaixo dos R$ 100/MWh se as afluências no período seco ficarem dentro da média histórica. Ricardo Brunet, gerente de Energisa Comercializadora, disse que os cenários de preços apontam para energia convencional Sudeste próxima de R$ 101/MWh também em 2021.
Entre 2020 e 2024, o país conviverá com uma sobra estrutural de energia acima de 15 GW. No entanto, 62% dessa oferta está nas regiões Norte e Nordeste, um desafio para a expansão do sistema de transmissão.
Os órgãos responsáveis pelo planejamento do setor elétrico trabalham agora com uma retração do Produto Interno Bruto (PIB) de -5% em 2020, ante uma expectativa de crescimento de 2,3% antes do Covid-19. Porém, a recessão pode ser ainda maior, segundo a Energisa, que estimativa uma queda no PIB de -7% neste ano, enquanto o último boletim Focus fala em queda de -5,9%.
“Enxergamos indícios representativos de um longo período de recessão econômica no Brasil”, disse Brunet, que também participou do webinário.
Fonte: Canal Energia
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