F1: biocombustível abre novas portas
sexta-feira, março 27, 2020
A F1 irá começar o seu trabalho para chegar à sustentabilidade ambiental, com medidas para diminuir a sua pegada de carbono. O biocombustível é uma das medidas anunciadas, com potencial para novas oportunidades.
A F1 quer que a sua pegada de carbono se torne neutra e para isso irá também usar combustíveis diferentes. Uma das mudanças nos novos regulamentos, que serão aplicados a partir de 2022, é o uso de uma mistura de combustível com 10% de etanol obtido de forma sustentável. A Shell admitiu que esta nova solução abre portas interessantes:
O responsável da Shell (parceira da Ferrari) pelo desenvolvimento na F1, Benoit Poulet, disse ao Motorsport.com: “O aspecto interessante da performance do carro é similar a quando se coloca um gel refrescante [de etanol] nos seus dedos – consegue-se sentir o efeito. E será o mesmo com o motor. Será possível arrefecer partes da unidade motriz, e isso pode ser muito benéfico. Estamos a trabalhar para isso”.
“As propriedades são certamente interessante para a combustão, e acho que podemos fazer coisas interessantes. Podemos afirmar que esse efeito de arrefecimento é bom para o motor”.
O etanol tem esse benefício do arrefecimento porque vaporiza até três vezes mais rápido que o combustível regular – o que significa que tem um efeito de arrefecimento para o próximo ciclo de combustão. Com o motor arrefecido, a potência deve aumentar e o desgaste das peças deve diminuir.
Os fabricantes de motores podem procurar ganhos em potência, ou podem mudar o design e características de arrefecimento para operar o motor em uma temperatura diferente. Isso pode ter um efeito direto na aerodinâmica do carro.
Benoit disse que a Shell está a trabalhar no novo biocombustível desde que o regulamento foi divulgado no ano passado.
“Tem sido um grande desafio, mas estamos felizes de mudar para o combustível E10 – e, honestamente, ficaríamos ainda mais felizes se ele fosse além dos 10%”, disse. “Temos pessoas a trabalhar no projeto, que estão familiarizadas com o E10. E é uma grande mudança porque o etanol vem com propriedades diferentes dos outros hidrocarbonetos”.
“Por causa disso, decidimos começar a trabalhar cedo. É um pouco como o trabalho da equipa de chassis; começamos logo que o regulamento foi publicado.”
Um dos exemplos em que esta tecnologia pode ser útil é fácil de entender. Algumas entradas de ar que são adicionadas ao chassis servem apenas para arrefecer o motor, com perdas a nível da eficiência aerodinâmica. Com este tipo de tecnologia, essas entradas de ar poderão ser simplesmente eliminadas e com isso a eficiência aerodinâmica dos carros ser melhorada. É mais uma oportunidade que se abre e que a F1 fará questão de aproveitar.
Fonte: Autosport
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