BC projeta crescimento de 2,9% no agro mesmo com pandemia de coronavírus
sexta-feira, março 27, 2020
A agropecuária brasileira deve crescer 2,9% em 2020, mesmo com os
efeitos da pandemia de coronavírus, avalia o Banco Central (BC). O dado está no
Relatório Trimestral de Inflação (RTI), divulgado nesta semana, em que a
autoridade monetária atualiza suas projeções para o Produto Interno Bruto (PIB)
do Brasil.
A perspectiva é a mesma do relatório divulgado em dezembro, diferente do
esperado para outros setores da economia, que tiveram os números revisados, em
meio ao avanço da Covid-19. (veja quadro abaixo)
“O crescimento esperado da agropecuária foi mantido em 2,9%, refletindo
melhora nos prognósticos para a safra de grãos, compensada por redução moderada
na estimativa de crescimento da pecuária, em razão dos impactos da pandemia
sobre a demanda interna e externa por proteínas”, diz o relatório.
Os 2,9% estimados pelo BC para o setor representam um crescimento maior
do que o do ano passado, que foi de 1,3%. De acordo com o Banco Central, as
novas projeções para a economia brasileira neste ano levam em conta um cenário
de intensificação de medidas de isolamento por causa da pandemia, efeitos
negativos sobre setores da indústria e serviços e redução das estimativas para
o comércio do Brasil e do mundo.
Segundo a instituição, embora o avanço da pandemia tenha mostrado
impactos significativos sobre sistemas de saúde e economias de alguns países,
existe incerteza sobre a força e a persistência dos seus efeitos. As
expectativas em relação à economia global e doméstica mudaram rapidamente nas
primeiras semanas de março. E governos de diversos países, incluindo o Brasil,
têm adotado medidas de política monetária e fiscal na tentativa de atenuar os
prejuízos à atividade econômica.
Aqui no Brasil, informa o BC, ainda em fevereiro, dados e relatos de
associações setoriais indicavam, de início, preocupação com a oferta de insumos
importados e a demanda externa. Essa preocupação foi se deslocando para a
demanda interna.
Com as medidas restritivas, segmentos da indústria e serviços se
mostraram mais sensíveis enquanto farmácias e supermercados aumentaram vendas,
o que estaria ligado à mudança de comportamento do consumidor. “Fenômeno que
pode permanecer no curto prazo”, diz.
Com base nos seus próprios levantamentos com agentes de mercado, o BC
constatou que havia um consenso sobre um impacto negativo da pandemia de
coronavírus sobre a economia brasileira. E, de acordo com o Relatório
Trimestral de Inflação, a avaliação geral era a de que o efeito sobre o PIB
viria, principalmente, da queda das exportações e de preços de commodities, e,
em menor grau, na redução da demanda interna.
“Mesmo diante do impacto limitado observado sobre os indicadores mensais
até o dia 17 de março, as expectativas de crescimento doméstico já se
deterioravam em virtude da piora observada no exterior, da perspectiva de
continuidade do avanço da doença no país e da evolução dos indicadores
financeiros”, avalia o relatório.
Resultado geral
Mantendo sua projeção para a agropecuária e considerando a deterioração das
expectativas para a economia, o Banco Central passou a prever estabilidade para
o Produto Interno Bruto neste ano, conforme o Relatório Trimestral de Inflação
divulgado nesta semana. No informe de dezembro, a expectativa era de
crescimento de 2,2% em 2020.
“A alteração da projeção está associada, principalmente, a impactos
econômicos expressivos decorrentes da pandemia de Covid-19. Adicionalmente,
resultados abaixo do esperado em indicadores econômicos no final de 2019 e
início de 2020 afetaram a expectativa de desempenho da atividade no primeiro
trimestre”, diz.
Na visão do BC, a economia brasileira deve sofrer um "recuo
acentuado" no segundo trimestre, seguido do que chama de "retorno
relevante" na segunda metade do ano. Com essa avaliação, a projeção para o
desempenho da indústria foi revisada de crescimento de 2,9% para uma retração
de 0,5%. E a autoridade monetária revisou sua expectativa para o setor de
serviços de um crescimento de 1,7% para estabilidade neste ano.
Do lado da demanda, a previsão de crescimento no consumo das famílias
foi revisada de 2,3% para 0,8%; o consumo do governo, de 0,3% para 0,2%. As
exportações, com crescimento previsto de 2,5% no relatório anterior, agora
devem aumentar apenas 0,9% em 2020. A perspectiva de aumento das importações
foi revisada de 3,8% para 0,6%.
Com o novo cenário, os investimentos também devem cair. No relatório de
inflação divulgado em dezembro, o Banco Central esperava uma expansão de 4,1%
na Formação Bruta de Capital Fixo (FBCF). Agora, projeta uma retração de 1,1%.
“Cabe destacar a elevação do grau de incerteza das projeções realizadas
em ambiente de crise. Entre outros aspectos, a magnitude dos impactos da
pandemia sobre a atividade econômica doméstica estará associada à gravidade e à
extensão do período do surto no país e às medidas públicas que estão sendo
adotadas nas diversas áreas”, pondera o BC.
Fonte: Revista Globo Rural
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