Quanto custa implantar uma floresta?
sexta-feira, janeiro 03, 2020
Foi-se o tempo em que as florestas plantadas eram
chamadas de “poupanças verdes” e vistas como um investimento simples. Hoje,
elas são ativos florestais que podem ser investimentos de baixo ou alto risco,
dependendo do conhecimento do mercado, da cadeia produtiva, do sistema de
produção e da adoção das técnicas silviculturais.
“Não adianta implantar a floresta sem saber quais
seus prováveis consumidores. Não foram raros os casos de florestas implantadas
em regiões onde não havia consumidores da madeira dentro de um raio econômico
de transporte viável ou que as características do produto não atendiam às
especificações do mercado consumidor”, afirma José Mauro Magalhães, pesquisador
da Embrapa Florestas.
Ele destaca cinco aspectos que devem ser levados em
consideração quanto ao uso futuro da madeira antes da implantação da floresta:
1. Serviços ambientais: caso o objetivo do
produtor seja a obtenção de serviços ambientais advindos da floresta (conforto
térmico para o gado, proteção como barreira de vento, proteção de mananciais
hídricos e cursos d’água) e o mesmo não tenha intenção de comercializar os
produtos, os principais aspectos que devem ser avaliados são a qualidade do
serviço ambiental, a influência da floresta no sistema de produção e seu custo
de implantação e manutenção;
2. Autoconsumo ou comercialização: se a intenção
é consumir a própria madeira ou a comercialização dos produtos da floresta
(madeira, resina, mel, frutos, etc.), deve-se avaliar primeiramente se as
características do produto atendem ao mercado consumidor, em seguida o clima e
o solo onde será realizado o plantio, para assim definir o material genético e
o sistema de produção;
3. Raio de entrega: é preciso avaliar a distância
dos potenciais clientes, uma vez que o custo de transporte é bastante
significativo para produtos madeireiros, principalmente para os de menor valor
agregado (lenha ou madeira para processamento);
4. Colheita: avaliação do custo da operação, que varia
conforme a escala e a declividade, a acessibilidade e a produtividade do
talhão;
5. Investimentos: avaliação do quanto será
investido na implantação e na manutenção.
Investimento
Os valores necessários para a implantação florestal
variam bastante, dependo da declividade do terreno, mão de obra, escala de
produção e espécie plantada. De acordo com Magalhães, pode-se considerar cerca
de R$ 4.500 a R$ 6.000 por hectare de eucalipto e de R$ 3.000 a R$ 4.500 por
hectare de pinus até a implantação (cerca de dois anos de idade para o
eucalipto e três para o pinus).
Entretanto, esses não são os maiores custos. “A
colheita e o transporte são as operações mais dispendiosas. Uma floresta
produtiva de eucalipto (cerca de 300 metros cúbicos por hectare aos sete anos de
idade) tem custo médio de colheita entre R$ 6.000 e R$ 8.000. O de transporte
varia conforme a distância e o sistema de transporte (caminhão truck, bitrem,
tritrem, carregamento manual ou mecanizado), mas pode chegar a R$ 5.000 a R$
7.000 para um produtor pequeno com raio de entrega de 50 a 80 km. Já o pinus
com boa produtividade aos quinze anos de idade (manejo sem desbastes) pode
alcançar 540 metros cúbicos na colheita e custar de R$ 14 mil a R$ 16 mil (de
R$ 26 a 30 por metro cúbico)”, detalha.
O pinus apresenta árvores de maiores dimensões, com
múltiplos produtos destinados a diferentes mercados (celulose, serraria,
laminação, chapas, energia). Dessa forma, tem maior potencial de receita bruta
do que o manejo de eucalipto para produção de biomassa, tendo potencial de
bancar os maiores custos de produção em plantios bem planejados, conduzidos e
em mercados que remunerem toras de maiores diâmetros. O custo de transporte
segue aproximadamente o mesmo que o do eucalipto.
“Por isso, a importância do conhecimento da cadeia produtiva, do sistema
de produção e do planejamento da atividade. Normalmente, os produtores se
preocupam com o custo da muda e de implantação, mas o maior potencial de perda
de valor agregado está na ausência de planejamento, na baixa produtividade, na
ineficiência da colheita e do transporte florestal”, alerta o pesquisador da
Embrapa Florestas.
Fonte: Canal Rural
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