Fapesp promove iniciativas para ampliar a produtividade no campo
quinta-feira, janeiro 09, 2020
A biotecnologia e os desafios da agricultura frente às mudanças no clima
são temas frequentemente debatidos por especialistas para elevar a
produtividade no campo e suavizar os efeitos das alterações no meio ambiente. A
Fundação de Amparo à Pesquisa do Estado de São Paulo (Fapesp), vinculada à
Secretaria de Desenvolvimento Econômico, promove ações nessa área, de modo a
combater, por exemplo, os efeitos das secas severas, que atingem diversas
culturas agrícolas usadas para alimentação e produção de bioenergia.
Em um projeto conduzido no Centro de Pesquisa em Genômica Aplicada às Mudanças Climáticas (GCCRC), Centro de Pesquisa em Engenharia (CPE) constituído pela Fapesp e pela Empresa Brasileira de Pesquisa Agropecuária (Embrapa) na Universidade Estadual de Campinas (Unicamp), pesquisadores identificaram fungos e bactérias que favorecem o crescimento da cana-de-açúcar e, posteriormente, inocularam esses microrganismos em culturas de milho.
Em um projeto conduzido no Centro de Pesquisa em Genômica Aplicada às Mudanças Climáticas (GCCRC), Centro de Pesquisa em Engenharia (CPE) constituído pela Fapesp e pela Empresa Brasileira de Pesquisa Agropecuária (Embrapa) na Universidade Estadual de Campinas (Unicamp), pesquisadores identificaram fungos e bactérias que favorecem o crescimento da cana-de-açúcar e, posteriormente, inocularam esses microrganismos em culturas de milho.
O experimento resultou em plantas com maior tolerância à escassez de água e em um aumento da biomassa de até três vezes. “O milho cultivado com microrganismos que habitam a cana demorou para começar a sofrer com a seca e se recuperou mais rapidamente após sofrer estresse hídrico”, ressaltou o geneticista Paulo Arruda, coordenador do centro, durante o workshop Biotechnologies for efficient and improved production of food crops and bioenergy, realizado na Fapesp em novembro de 2019.
Testes
Segundo o pesquisador, os experimentos indicam que fungos e bactérias são de fato capazes de mudar a fisiologia das plantas. Eles podem, por exemplo, diminuem a temperatura das folhas em até 4º C, auxiliando o vegetal a controlar o consumo de água.
Em um teste feito no interior da Bahia, em uma região conhecida por longos períodos sem chuva, os pesquisadores observaram que os microrganismos também atuaram contra a doença conhecida como enfezamento do milho, que reduz a produção de espigas.
A equipe do GCCRC trabalha atualmente no sequenciamento do genoma desse grupo formado por cerca de 25 mil bactérias e 10 mil fungos a fim de entender como agem nas plantas. A enorme quantidade de dados é analisada com a ajuda de inteligência artificial.
“Algoritmos fazem o trabalho de mapear padrões genéticos relacionados a funções metabólicas dos microrganismos”, disse Paulo Arruda, que destacou a importância dos bancos de microrganismos para a pesquisa genética e o desenvolvimento de inoculantes que sirvam como alternativa aos fertilizantes químicos.
Colaborações
Organizado conjuntamente pela Fapesp e pela Japan Science and Technology Agency (JST), o workshop reuniu cientistas de São Paulo e do Japão que se dedicam a pesquisas em biotecnologia de plantas, com o objetivo de estimular novas colaborações.
Para a bióloga Marie-Anne Van Sluys, professora do Instituto de Biociências (IB) da Universidade de São Paulo (USP) e uma das organizadoras do evento, o encontro foi uma oportunidade para que os japoneses tivessem contato com a pesquisa realizada pelos paulistas.
A Fapesp e a JST têm interesse em promover novas parcerias de pesquisa por meio, por exemplo, de uma chamada conjunta. Isso seria possível no âmbito de um dos programas internacionais da JST, o SICORP (acrônimo para Strategic International Collaborative Research Program).
“Na modalidade SICORP, as duas instituições elegem um tema de pesquisa de interesse comum e destinam recursos para projetos selecionados pelos pares”, salientou Makie Kokubun, gerente de programas da JST.
Carlos Américo Pacheco, diretor-presidente do Conselho Técnico-Administrativo da Fapesp, lembrou o acordo de cooperação assinado pelas agências em 2014. “O diálogo entre a Fapesp e a JST já dura cinco anos e busca promover iniciativas de colaboração científica e tecnológica em áreas prioritárias, entre elas biotecnologia”, afirmou.
A experiência brasileira na pesquisa genômica aplicada à agricultura e o potencial tecnológico desenvolvido pelos japoneses podem render colaborações mais maduras, capazes de gerar conhecimento e inovações de ponta, nas palavras da bióloga Anete Pereira de Souza, do Centro de Biologia Molecular e Engenharia Genética (CBMEG), instalado na Unicamp.
“Novas técnicas de sequenciamento genético têm sido desenvolvidas no Japão e isso certamente nos interessa”, disse. “Estamos aptos a fazer parcerias de alto nível com laboratórios japoneses competitivos, como o Instituto Riken”, completou.
Fonte: Portal Região Noroeste
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