Como superar as deficiências da Terceira Revolução Agrícola
terça-feira, janeiro 07, 2020
A Revolução Verde - ou Terceira
Revolução Agrícola - envolveu um conjunto de iniciativas de transferência de
tecnologia de pesquisa introduzidas entre 1950 e o final da década de 1960.
Isso
aumentou significativamente a produção agrícola em todo o mundo, principalmente
nos países em desenvolvimento, e promoveu o uso de variedades de sementes,
irrigação, fertilizantes e máquinas de alto rendimento, enfatizando a
maximização da produção calórica alimentar, muitas vezes à custa de
considerações nutricionais e ambientais.
Desde
então, a diversidade de culturas diminuiu consideravelmente no mundo todo, com
a maioria dos produtores optando ou sendo induzidos a mudar de cereais
tradicionais, mais nutritivos, para culturas de maior rendimento, como o arroz.
Por
sua vez, isso levou a um triplo ônus de desnutrição, no qual uma em cada nove
pessoas no mundo está desnutrida, um em cada oito adultos é obeso e uma em cada
cinco pessoas é afetada por algum tipo de deficiência de micronutrientes.
Consertar
esses efeitos colaterais da Revolução Verde, segundo Kyle Davis, da
Universidade de Colúmbia (EUA), com estratégias para melhorar a
sustentabilidade dos sistemas alimentares, exige a quantificação e a avaliação
de compensações e benefícios da mudança tecnológica em múltiplas dimensões.
Davis
e sua equipe multidisciplinar e multi-institucional afirmam que diversificar a
produção agrícola pode tornar o suprimento de alimentos mais nutritivo, reduzir
a demanda de recursos e as emissões de gases de efeito estufa e aumentar a
resiliência climática, tudo sem reduzir a produção de calorias ou exigir a
ampliação da área plantada.
Usando
como exemplo o caso da Índia, eles recomendam especificamente a substituição de
algumas das culturas de arroz atualmente cultivadas por cereais nutritivos,
como milheto e sorgo.
"Para
tornar a agricultura mais sustentável, é importante pensar além de apenas
aumentar a oferta de alimentos e também encontrar soluções que possam
beneficiar a nutrição, os agricultores e o meio ambiente. Este estudo mostra
que existem oportunidades reais de fazer exatamente isso," disse Davis.
Os
autores descobriram que o plantio de cereais de granulação mais grossa poderia,
em média, aumentar a proteína disponível em 1% a 5%; aumentar a oferta de ferro
entre 5% e 49%; aumentar a resiliência climática (1% a 13% menos calorias
seriam perdidas durante os períodos de seca); e reduzir as emissões de gases de
efeito estufa de 2% a 13%.
A
diversificação das culturas também reduziria a demanda por água de irrigação em
3% a 21% e reduziria o uso de energia em 2% a 12%, mantendo a produção de
calorias e usando a mesma quantidade de terras cultiváveis.
0 comentários
Agradecemos seu comentário! Volte sempre :)