Klabin, Malwee e Natura prometem cortar emissões
terça-feira, outubro 01, 2019
Três empresas brasileiras estão entre as 87 que assinaram um compromisso com o Pacto Global das Nações Unidas para cortar drasticamente as emissões de gases com efeito estufa até 2030. As fabricantes de papel e papelão Klabin, de roupas Malwee e de cosméticos Natura se juntaram a nomes como Danone, Nestlé, Salesforce e LOreal para adotar um plano com metas estabelecidas com base em dados científicos e auditados de forma independente. A ideia por trás da campanha batizada de Our Only Future e lançada em junho é que cada empresa faça a sua parte para limitar o aquecimento global a 1,5° Celsius.
No início da Semana do Clima, em Nova York, o Pacto Global anunciou que 59 novas empresas haviam aderido ao compromisso, além das 28 companhias que já participavam no lançamento da iniciativa, em junho. O atual grupo de 87 empresas signatárias representa um valor em bolsa de US$ 2,3 trilhões.
Carlo Pereira, secretário-executivo da Rede Brasil do Pacto Global, diz que há negociações em curso com outras empresas brasileiras. Segundo ele, a grande dificuldade é justamente o compromisso público com metas concretas e científicas de corte das emissões que essas empresas têm que assumir.
Na quarta, a Rede Brasil do Pacto Global lançou a campanha #aceiteessacaneta, um convite para que mais empresas assinem o compromisso. Segundo Carlo Pereira, a ambição da Rede Brasil é ter adesões suficientes para lançar uma nova etapa da campanha, batizada de “Juntos pelo planeta”, em que empresas concorrentes num mesmo setor apareçam lado a lado.
Os critérios para criar as metas são definidos pela Science Based Target Initiative (SBTi). Uma vez que a empresa assine o compromisso, tem um prazo de 24 meses para apresentar ao SBTi um plano com metas e ações específicas para alcançá-las. O SBTi faz uma auditoria para aprovar ou não o plano.
A Klabin, que assinou o compromisso há duas semanas, está em processo de contratação de consultorias que a auxiliarão na definição das metas seguindo os critérios do SBTi. Tomamos a decisão de definir metas com base na ciência ainda no primeiro semestre, para aprimorar um trabalho que já fazemos há muito tempo no grupo. Quando o Pacto Global lançou o movimento, validou a nossa ideia, diz Júlio Nogueira, gerente de sustentabilidade da Klabin. Nos últimos 16 anos, a Klabin reduziu em 61% suas emissões de gases com efeito estufa – somadas emissões diretas e aquelas relativas à compra de energia. Atualmente, 89% da energia consumida pela empresa em suas 18 fábricas é de fonte renovável, com destaque para uso de biomassa.
As empresas que assinam o compromisso têm a opção de se comprometer a zerar as emissões até 2050. No nosso caso, não pensamos em zerar porque é algo distante da realidade do nosso negócio. Mas pretendemos reduzir, limpar a matriz e ser cada vez mais eficientes energeticamente.
Na Natura & Co, que inclui Natura, The Body Shop, Avon e Aesop e foi uma das primeiras empresas a assinar o compromisso, em junho, tudo caminha para que a empresa estabeleça como meta zerar todas as suas emissões. O grupo quer ser carbono zero até 2030, diz Denise Hills, diretora global de sustentabilidade da Natura. Temos dois anos para construir o desenho de como podemos chegar lá e a companhia está movendo meio mundo para ver como consegue isso. Hoje a Natura é neutra em carbono na operação brasileira, o que lhe rendeu um prêmio concedido na semana passada pela ONU a 15 projetos no mundo todo. Isso quer dizer que atualmente as emissões são totalmente compensadas, por exemplo, com iniciativas de reflorestamento.
Mas o próximo passo, explica a diretora, é eliminar as emissões e, quem sabe, até gerar créditos em sua cadeia. Hoje ainda não conseguimos. Há tecnologias sendo criadas, mas ainda não na escala necessária. Ela cita a energia limpa como uma das tecnologias escaláveis atualmente.
Guilherme Weege, CEO da Malwee, diz que a empresa não teve dificuldades em assumir o compromisso. Para nós, é algo natural. A proposta do compromisso chegou em minha mesa e uma semana depois estava assinado?, diz.
Em 2015 a empresa fixou uma meta de reduzir em 20% as emissões de carbono até 2020 e bem antes do prazo, em 2017, já havia atingido redução de 68%. De lá para cá, houve redução adicional de 12%. Trocamos a nossa fonte energética. Deixamos de usar gás natural e adotamos biomassa. Também trocamos mais de 30 mil lâmpadas antigas por LED em nossas fábricas, escritórios e lojas, conta Weege.
Ele cita dados do grande impacto negativo do setor têxtil sobre o ambiente para dizer que quer influenciar outras empresas do setor a seguir pelo mesmo caminho. Das emissões de carbono do mundo, 10% vêm do setor têxtil. O setor também responde por 20% do consumo de químicos do mundo e por 20% da poluição industrial da água. É muito forte. Os números são da plataforma independente Sustain your Style.
Transformar a operação na direção da sustentabilidade não veio sem custos. Ele estima entre R$ 50 milhões e R$ 60 milhões os investimentos feitos até hoje em projetos variados. Um dos mais recentes, com custo de R$ 6 milhões, consiste na importação de uma máquina da Espanha que possibilitará à empresa colorir e dar textura às calças jeans sem o uso de água. Hoje, usamos cem litros de água por calça só para chegar à cor desejada. Passaremos a gastar 200 mililitros, porque a máquina usa laser e ozônio nos processos.
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Fonte: Panorama Farmacêutico
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