Hambúrgueres do McDonald’s terão 100% de rastreabilidade até o final de 2020
sexta-feira, julho 12, 2019
Foto: Scott Olson/Getty Images/AFP |
A sustentabilidade é um caminho sem volta e quem não estiver seguindo nessa direção não sobreviverá. Essa opinião é compartilhada por diversas empresas globais do setor de alimentos que estão reunidas em São Paulo para discutir formas de contribuir para o avanço da sustentabilidade na cadeia produtiva da carne bovina. O Latin American Sustainable Beef Vision Summit, que ocorre de 10 a 12 de julho na Hamburger University, é promovido pela Global Roundtable for Sustainable Beef (GRSB).
Dentre as marcas que participam do evento está o McDonald’s, cuja rede de lanchonetes está presente em 120 países – 20 deles somente na América Latina. A empresa anunciou que pretende adotar a rastreabilidade completa da sua linha de sanduíches no Brasil até o final de 2020. De acordo com o diretor corporativo de Desenvolvimento Sustentável da Arcos Dourados (maior franquia independente do McDonald’s do mundo), Leonardo Lima, a ideia é garantir que a carne do hambúrguer, o trigo do pão e o café que é servido nas lojas não provenham de áreas de desmatamento ou que empregam trabalho indigno.
“Temos esse compromisso, que é global, e o Brasil é um dos principais países onde esse tema é crítico e muito debatido. Já temos ações nesse sentido no Brasil e na AL sob o guarda-chuva global da plataforma ‘Scale for Good’. No nosso nível de compras, por exemplo, mensuramos que 70% dos gases de efeito estufa na cadeia dos nossos produtos vêm dos fornecedores, que precisam responder questionários sobre desflorestamento, gasto de água e outras questões. Temos ainda programas de auditoria das compras e os produtos que usamos são exclusivos, com especificação e sistemas de aprovação, tanto para questão de segurança alimentar quanto ao que tange ao meio ambiente e as práticas sociais”, explica.
Entre as ações divulgadas pela empresa está o apoio a selos de sustentabilidade globais para os seus produtos. As embalagens, por exemplo, possuem o certificado FSC para madeira legalizada. Já o café é certificado pelo Rain Forest Alliance, de agricultura sustentável. Outra ação é só fazer compras por períodos de médio e longo prazo de fornecedores certificados, onde se avalia desde a solidez econômica do fornecedor até o cumprimento por parte dele de diversos requisitos de sustentabilidade socioambiental.
Nesse sentido, segundo Lima, o maior desafio, no caso da cadeia da carne, é chegar até os pequenos produtores, cuja produção é mais esparsa. Grandes empresas, como JBS e Marfrig, fornecedoras do McDonald’s, têm mais facilidade em se adequar aos padrões exigidos pela rede de fast food. “A falta de consciência de muitos produtores é uma dificuldade que enfrentamos. Muitas vezes eles não estão nem sequer registrados no cadastro rural”, explica Lima. Além disso, os pequenos pecuaristas estão mais à margem no processo de obtenção de informação sobre boas práticas.
Do bezerro à linha de produção
Atualmente, apenas uma parte de toda a carne que o McDonald’s compra é rastreada até o nível de produção. “A maior dificuldade é chegar à origem do bezerro. Até o final do ano que vem queremos estar com tudo mapeado, identificando áreas de risco em que pode haver destruição da biodiversidade. Entendemos que uma pecuária sustentável consegue produzir muito mais na mesma área”, afirma Lima. O executivo não revela porcentagens sobre a carne rastreada, mas diz que em 2016 o McDonald’s do Brasil comprou 250 toneladas de carne de origem certificada. Atualmente, compra cerca de mil toneladas.
“Objetivo desse evento em São Paulo é chamar a atenção para a necessidade que a produção agropecuária vá por um caminho mais sustentável. Se não melhorarmos a cadeia produtiva o mundo correrá risco de aumentar o desmatamento e reduzir a biodiversidade”, afirma Lima. Ele diz ainda que o público também precisa ser alertado sobre essas questões. “Este nicho em que atuamos temos a responsabilidade de educar o consumidor de que isso é importante para ele”, finaliza Lima.
Fonte: Gazeta do Povo
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