Do ketchup “vermelho e verde” aos “abacates Godzilla”, 5 invenções contra o desperdício alimentar
quarta-feira, julho 24, 2019
Abacates em miniatura, outros gigantes, sumos e molhos provenientes de fruta feia, ketchup “vermelho e verde”, o mundo da alimentação procura novos caminhos para se reinventar contra o desperdício. O mundo deita para o lixo um terço daquilo que produz.
Partamos de um exercício de aritmética muito simples. Imagine que passa a apontar num bloco de notas, ou no seu telemóvel, as vezes que levanta a tampa do seu recipiente de lixo doméstico para nele depositar desperdício alimentar. Considere neste desperdício tudo aquilo que cozinhou e não consumiu, ao que soma o que adquiriu e não chegou à mesa.
Os dados da Pordata (2016) ajudam-nos a fazer a conta. Tomemos como exemplo quatro milhões de famílias portuguesas. Foquemo-nos numa laranja que se estragou em casa. Considerando que cada laranja pesa em média 80 gramas, em sete dias, acabarão no lixo 323 toneladas de laranjas. Por ano, 16 800 toneladas.
O número dá que pensar. O mundo lida com um problema global de perda e desperdício alimentar. Produzimos para entregar ao lixo. Voltamos a produzir para encaminhar, de novo para o lixo. A Organização das Nações Unidas para Agricultura e Alimentação estima que um terço de todos os alimentos produzidos no planeta terra sejam desperdiçados. Um quarto da água utilizada no setor agrícola é canalizada para a produção de alimentos que acabam desperdiçados. Combater esta ineficiência é um passo fundamental para podermos vir a alimentar, em 2015, uma população mundial perto dos 10 mil milhões de indivíduos.
Atentos a esta questão estão algumas indústrias alimentares que começam a procurar alternativas que levem aos consumidores novos produtos apostados em evitar as perdas alimentares (na produção) e a diminuir o desperdício alimentar (no consumo).
Uma destas coligações de indústrias, governos, sociedade civil é a Champions 12.3 que reúne entidades como a Tesco (multinacional do grande consumo), Unilever (multinacional de bens de consumo), o Comissário Europeu para a Saúde e Segurança Alimentar, o Conselho Empresarial Mundial para o Desenvolvimento Sustentável, entidade que congrega mais de 200 empresas.
Entre os produtos entretanto desenvolvidos por alguns dos pesos-pesados desta coligação mundial encontramos projetos salientados pelo World Resources Institute, organização não governamental norte-americana, ambientalista e conservacionista, criada nos anos de 1980.
1. KETCHUP VERMELHO E VERDE
Na realidade este ketchup não deixa de ter o velho tom que lhe conhecemos. O que a Unilever trás para o seu novo produto, neste caso da marca Hellman's é a utilização de tomates verdes que, normalmente, são desmerecidos pelos fornecedores (devido também à legislação), ficando o produto a a apodrecer nos campos.
Tomates verdes, créditos: Unilever. |
2. PÊSSEGOS APROVEITADOS PARA MOLHOS
A Campbell Soup Company (empresa norte-americana que produz sopas e enlatados) lançou o seu "Just Peachy". Trata-se de um molho produzido a partir de pêssegos que devido ao calibre pequeno ou por apresentarem lesões são desaproveitados ainda nos campos. A Campbell está a comercializar este molho através dos pequenos produtores. Os lucros beneficiam o Food Bank of South Jersey, entidade envolvida em campanhas de educação alimentar.
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3. CHIPS PRODUZIDOS A PARTIR DE SOBRAS DE ALIMENTOS
A Tyson Foods, uma multinacional norte-americana no ramo alimentar, apresentou ainda em 2018 um novo produto denominado ¡Yappah!. Na prática, trata-se de chips estaladiços produzidos a partir das sobras de peito de frango, puré de vegetais resultante da produção de sumo e desperdício da cevada utilizada na elaboração de cervejas.
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4. ABACATES GIGANTES E OS SEUS PRIMOS EM MINIATURA
Chamam-se “Avozilla” os primos em formato Godzilla dos abacates que conhecemos. Têm até cinco vezes o tamanho dos parentes e foram apresentados pela Tesco (multinacional do grande consumo) que, mais tarde, redefiniu prioridades, apontando as atenções para os mini abacates. Porquê? Porque são rejeitados nos campos devido à sua dimensão. A Tesco criou uma campanha de marketing, promovendo os abacates em miniatura e chamou-lhes "Zilla Eggs" (abacate ovo). No ano passado, a Tesco lançou uma combinação de tratamento com luz UV e embalagens aprimoradas de seus abacates, estendendo o prazo de validade em dois dias. A mesma empresa desenvolveu uma embalagem que permite aos abacates permanecerem em boas condições de consumo por mais dois dias.
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5. SUMO A PARTIR DE FRUTA FEIA
Em Washington, D.C., nos Estados Unidos da América, dois estudantes da universidade de Georgetown fundaram a Misfit Food, uma empresa que produz sumos, a partir de frutas prensadas a frio. Fruta esta imperfeita ou proveniente de excedentes de quintas nas proximidades. Esta empresa é uma num número crescente de start-ups que transformam sobras de produtos em sumos, sopas, molhos e outros produtos alimentares reciclados.
Fonte: Sapo (PT)
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