Características fotossintéticas da palmeira macaúba (Acrocomia aculeata (Jacq.) Lodd. ex Mart.) submetidas a deficiência hídrica.
quarta-feira, abril 03, 2019
Autor: Clenilson Sehnen Mota
Resumo: Com o objetivo de avaliar as relações hídricas, os parâmetros fotossintéticos, a capacidade de ajustamento osmótico e de recuperação dos mesmos em plantas jovens de macaúba submetidas à deficiência hídrica, realizaram-se dois experimentos em casa de vegetação. Em ambos, as mudas de macaúba foram recebidas com idade de 10 meses e cultivadas em recipientes contendo 150 L de substrato, com irrigação diária, até idade de 18 e 19 meses, nos experimentos I e II, respectivamente, quando foram iniciados os ciclos de seca/recuperação (SR). O experimento I foi conduzido com o objetivo de avaliar o comportamento de diferentes acessos de macaúba, em resposta a um ciclo SR.
As plantas utilizadas no experimento foram obtidas a partir de sementes provenientes dos acessos 43, 55, 57 e 63. Em número de cinco por acesso, as plantas, após a suspensão da irrigação, tiveram as variáveis de potencial hídrico na antemanhã (Ψam), taxa de assimilação líquida de CO2 (A) e transpiração (E) avaliadas em períodos de aproximadamente dez dias, até que os acessos apresentassem A próximo de zero. Nesse momento, foi retomada a irrigação, com avaliação das variáveis após seis dias. A regressão ajustada para as variáveis A, E, eficiência no uso da água (WUE) e Ψam, em cada acesso, foi: y=α+βx+δx2+θex (equação 1), em que y é a variável A, E, WUE ou Ψam; x é o numero de dias após a suspensão da irrigação; α é o valor de y no dia da suspensão da irrigação; β é a inclinação da curva após a suspensão da irrigação; δ é o efeito quadrático de x sobre y; e θ é a intensidade de recuperação de y. A relação entre as variáveis A e E em função de Ψam, para cada acesso, foi ajustada pela seguinte regressão quadrática: y=a+bx+cx2 (equação 2), em que y é a A ou E, x é o Ψam e a é y quando Ψam for igual a zero; b é a inclinação da redução de y em função do decréscimo do Ψam; e c, a vi convexidade da curva.
Em cada variável, os parâmetros α, β e θ da equação 1 e a, b e c da equação 2 foram comparados entre os acessos de macaúba, utilizando o teste de identidade de modelos. O experimento II foi conduzido com o objetivo de avaliar o efeito de ciclos sucessivos de SR sobre os parâmetros fotossintéticos, relações hídricas e ajustamento osmótico. Neste experimento, dez plantas do acesso FL foram submetidas a três ciclos sucessivos de SR e outras dez foram irrigadas normalmente. Cada ciclo consistiu em suspender a irrigação até que a A fosse inferior a 95%, em comparação com as plantas sem deficiência hídrica (SD), retornando à irrigação até que A recuperasse no mínimo 85% em relação às plantas SD.
No experimento I, os valores α, β e θ das regressões do Ψam não diferiram entre os acessos. Já para A e E, os acessos apresentaram diferenças para α: A foi maior nos acessos 57 e 63 em relação ao 43, e E , superior no acesso 57 em relação ao 43 e 55. O WUE foi a única variável a apresentar diferença entre os acessos para θ, em que o 63 foi superior ao 55; todavia, o acesso 55 foi o que apresentou tendência de menor redução de WUE em deficiência hídrica severa. O parâmetro a da equação 2 não apresentou diferença entre os acessos, para A e E. Entretanto, b e c diferiram entre os acessos: o 57 apresentou menor inclinação da queda de A, em relação ao 43 e 63; já para E, o acesso 57 mostrou menor inclinação que o 43. Quanto à convexidade da equação 2, o acesso 57 apresentou menor convexidade em relação ao 43. No acesso 57, a redução de A e E em 50% ocorreu em Ψam de -1,28 e -1,18 MPa, respectivamente ambos os Ψam foram menores em relação aos demais acessos. A redução de A e E em 50% em menor Ψam no acesso 57, assim como o menor valor de b em relação aos demais acessos, demonstra que ele é mais resistente à deficiência. Já no experimento II, que utilizou sucessivos ciclos SR, as reduções de A, condutância estomática (gs) e E, acima de 95%, foram obtidas em potencial hídrico foliar na antemanhã (Ψam) de -1,9 MPa, sendo o decréscimo de A precedido por gs e E.
Na reidratação, gs, E e Ψam não apresentaram diferenças entre as plantas sem e com deficiência hídrica, o que não foi observado com A. A redução de A é linear e proporcional à de Ψam, e a redução de A em 50% ocorre em Ψam de -1,1 MPa. gs possui o mesmo comportamento de A em relação ao Ψam, porém a redução de gs em 50% ocorre em Ψam de -0,8 MPa. O valor máximo de WUEi ocorre em Ψam de -1,5 MPa; para reduções abaixo desse valor, ocorre queda abrupta do WUEi. A limitação mesofílica relativa variou de 91 a 94%, nos pontos máximos do estresse (PME). As plantas SD apresentaram limitação estomática relativa entre 37 e 41%; já nas plantas CD, o incremento de CO2 não teve efeito sobre A, nos PMEs. A fluorescência mínima adaptada ao escuro (F0) aumentou, e a eficiência quântica máxima do FSII (Fv/Fm) reduziu em estresse severo, demostrando assim danos no FSII e não apresentou recuperação após o segundo ciclo.
A taxa aparente de transporte de elétrons (TTE) e o rendimento quântico de conversão de energia fotoquímica do FSII (фFSII) mostraram redução em níveis moderados e severos de deficiência hídrica (DH), porém se recuperaram durante os períodos de reidratação. O rendimento quântico de dissipação regulada de energia não fotoquímica no FSII (фNPQ) apresentou aumento durante todo o experimento, exceto na primeira avaliação e durante o período de reidratação do primeiro ciclo. As plantas de macaúba não apresentaram ajustamento osmótico; contudo, houve acúmulo de prolina, com pico nos pontos de máximo estresse. Redução do acúmulo de massa seca das plantas CD foi de 56 e 48% para raízes e parte aérea, respectivamente; a relação raiz/parte aérea não foi influenciada pela deficiência.
Os resultados demonstram que o acesso 57 apresentou-se mais tolerante a deficiência hídrica que os acessos 43, 55 e 63. Períodos intermitentes de disponibilidade hídrica podem promover a aclimatação da fotossíntese, conforme demonstrado no experimento 2. Ainda no experimento 2 é verificado que as trocas gasosas apresentam recuperação durante o período de reidratação, e que o potencial hídrico foliar de -1,5 MPa parece ser o limite entre um estresse hídrico moderado e severo.
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Fonte: Locus UFV
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