Brasil tem potencial estimado para produzir até 82 bilhões de metros cúbicos de biogás por ano
quarta-feira, abril 03, 2019
Esta produção, se convertida em energia elétrica, seria o suficiente para abastecer mensalmente toda a demanda de energia elétrica das moradias brasileiras (com sobra).
De acordo com a Proposta de Programa Nacional do Biogás e Biometano – PNBB, levantamento feito pela Abiogás – Associação Brasileira de Biogás e Biometano, em 2018, o Brasil tem potencial estimado para produzir até 82 bilhões de metros cúbicos de biogás por ano. Esta produção, se convertida em energia elétrica, seria o suficiente para abastecer mensalmente toda a demanda de energia elétrica das moradias brasileiras (com sobra), ou para suprir os 45 bilhões de litros de diesel – o que corresponde a 70% do consumo total brasileiro.
Recentemente o Centro Internacional de Energias Renováveis lançou a nota técnica “Panorama do Biogás no Brasil 2018”, cujo objetivo foi mapear plantas de biogás com fins energéticos para uso elétrico, térmico e mecânico (por fertirrigação) e como combustível veicular (biometano). Foram contabilizadas apenas plantas com escala produtiva, com substratos provenientes de fins econômicos, ou seja, a pesquisa não contemplou plantas domésticas. O levantamento teve apoio da ABiogás e de demais parceiros.
Mercado em expansão
De acordo com a economista do CIBiogás, Monique Riscado Stilpen, atualmente a estimativa de produção de biogás no país é de 1,1 bilhão de m³ por ano. Comparando os dados de 2015 com 2018, o mercado do biogás está em ascensão apresentando um crescimento de 130% em relação ao aumento na produção. “Este é um setor muito diverso, o mercado está dividido entre vários tipos de fontes e de setores econômicos. De fato é um mercado complexo de atuar, e exige estratégias governamentais bem definidas para poder impulsionar de modo que este potencial vire realidade”, explica a economista, e complementa que o setor sucroenergético tem elevado potencial, praticamente inexplorado.
Em 2015 foram contabilizadas 159 plantas de biogás, destas 127 estavam em operação, 22 em instalação e 10 em reforma. Já em 2018 o número de plantas aumentou. Foram identificadas 366 plantas, onde 276 estão em operação com 3,1 milhões de m³/dia de biogás. A previsão é que 82 novas unidades sejam instaladas e 8 plantas que estão reforma sejam entregues. Segundo as características dos projetos em análise, quando todas as 366 estiverem em pleno funcionamento, a produção nacional anual poderá passar de 1,1 bilhão de m³ de biogás, para 1,6 bilhões de m³ de biogás, aproximadamente 45% de aumento de produção. Este crescimento evidencia que o mercado está em expansão.
Área de produção
Em termos de produção média de biogás/área, em 2015 eram 1,3 milhões de metros cúbicos por dia, e em 2018 a produção passou para 3,1 milhões de metros cúbicos por dia, podendo alcançar 4,7 milhões quando todas as plantas estiverem em pleno funcionamento.
As plantas de pequeno porte representam 64% do total, porém 82% da produção do biogás provém das plantas de grande porte, que correspondem apenas a 11% das 366. O Estado de São Paulo é o maior produtor de biogás, nele estão localizados as grandes indústrias e também projetos relacionados aos Resíduos Sólidos Urbanos (RSU). Minas Gerais e Paraná possuem a maior concentração de plantas de biogás. “Minas tem um ambiente muito propício para Geração Distribuída, e o Paraná também vem investindo e discutindo sobre o biogás”, explica Monique.
Origem e substratos
O maior rendimento sobre a produção do biogás está associado às plantas de RSUs ou esgotos, que resultam em 76% de todo biogás nacional em apenas 12% das unidades. A nota técnica traz que o setor agropecuário representa 65% das unidades e a indústria nacional participa com o restante da produção,23%. Para Monique este cenário mostra que o biogás tem característica descentralizada.
Biometano
Monique acredita que a expansão na produção do biometano é resultado das mudanças na regulamentação nacional. A resolução da ANP nº08/2015 e nº685/2017, regulamenta a produção do biometano oriundo de resíduos agrossilvopastoris, aterro e estações de tratamento de esgoto, e também estabelece a intercambialidade com o gás natural.
“A criação do RenovaBio também tem propiciado um ambiente com expectativa positiva para o setor de biometano”. O Renovabio foi lançado em 2017 e é uma política de Estado que propõe traçar uma estratégia conjunta para reconhecer o papel de todos os tipos de biocombustíveis na matriz energética brasileira, tanto para a segurança energética quanto para mitigação de redução de emissões de gases causadores do efeito estufa. Atualmente o biometano nacional provém de origens distintas de substratos, como os resíduos oriundos do setor agropecuário, industrial, resíduos sólidos e esgoto urbano.
Fonte de dados
Agentes do governo, como a Empresa de Pesquisa Energética (EPE), vinculada ao Ministério de Minas e Energia (MME), também se valem dos dados da nota técnica para estudos e pesquisas destinadas a subsidiar o planejamento do setor energético nacional, a exemplo do projeto Webmap da EPE, ferramenta que possibilita consulta, medição e visualização de dados georreferenciados dos estudos do planejamento energético nacional, incluindo informações das plantas de biogás.
A Agência Internacional de Energia também conta com a participação do CIBiogás e com os dados do cadastro para representar os dados do mercado brasileiro de biogás em seus relatórios. Para obter estes e outros dados sobre o “Panorama do Biogás no Brasil 2018”, basta acessar o link: http://bit.ly/notatecnica2018 e realizar gratuitamente o download do conteúdo.
Fonte: Rádio Cultura Foz
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