Aplicativo ajuda a escolher a árvore certa para a pastagem
quinta-feira, abril 04, 2019
Programa desenvolvido pela Embrapa e pela UFMS pode ser mesmo sem internet e em dispositivo móvel ou computador.
As árvores ajudam a recuperar pastagens degradadas, aumentam a resistência à erosão, as folhas se tornam adubo, a terra fica mais fértil e, naturalmente, melhora a qualidade do capim
Todas as vantagens, o que é preciso saber na hora de escolher as espécies, mais as recomendações para ajudar nessa decisão fazem parte do Aplicativo Arbopasto, colocado à disposição gratuitamente pela Embrapa e a Universidade Federal do Mato Grosso do Sul (UFMS).
O aplicativo surgiu do livro já existente em versão impressa, o Guia Arbopasto, e que teve a participação de Fabiana Villa Alves, pesquisadora da Embrapa Gado de Corte (MS), em sua elaboração. “Pela nossa experiência com aplicativos de uso na agropecuária, vimos a oportunidade de transformá-lo em uma ferramenta de fácil acesso e consulta, que será expandida em uma próxima versão para as espécies nativas do Cerrado”, conta Alves.
A hora difícil de escolher
A riqueza da flora brasileira e da Amazônia tornam essa escolha muito mais difícil, alerta o pesquisador da Embrapa Acre Carlos Maurício de Andrade. É preciso cuidado especial, diz ele, para decidir quais as espécies arbóreas nativas mais aptas para serem inseridas em pastagens, seja em sistemas do tipo integração-lavoura-pecuária-floresta, ou em forma de bosquetes e árvores dispersas. Por exemplo, aspectos como como o tipo e tamanho da copa, para que a pastagem ao redor seja mantida; a velocidade de crescimento da espécie, para que os animais possam entrar na área o quanto antes possível, sem danificarem as mudas; e a característica dos eventuais frutos, que devem ser comestíveis e não apresentarem substâncias tóxicas.
Um exemplo é o bordão-de-velho (Samanea tubulosa), espécie que apresenta as melhores características para fornecimento de serviços, de acordo com o ranking elaborado pelos pesquisadores para o Guia Arbopasto. “Em geral, as leguminosas, como é caso do bordão-de-velho, apresentam características interessantes devido à sua capacidade de fixar nitrogênio e à arquitetura da copa, que permite passagem de luz solar adequada para o crescimento das gramíneas do entorno. No aplicativo, algumas espécies apresentam fotos das plantas jovens, e isso é interessante porque quando o produtor rural for fazer o controle de plantas daninhas, poderá checar a espécie e manter a muda que lhe for interessante no futuro”, explica Andrade.
O acerto da escolha
O produtor rural João Evangelista, conhecido como João Paraná, possui uma área de 200 hectares, no município de Senador Guiomard, a 70 quilômetros de Rio Branco (AC). Para recuperar as pastagens degradadas, João e pesquisadores da Embrapa instalaram uma área de três hectares, em 2009, que combinou, durante a etapa de instalação, o plantio de árvores nativas, como o mulateiro e o bordão-de-velho, com a produção de grãos. Em 2014, a área voltou a ser pastejada e o produtor rural notou melhorias nas forrageiras cultivadas.
“Onde há árvores, o capim tem uma qualidade muito melhor. Por isso eu recomendo que quem tem árvores como essas na pastagem que cuide para manter”, declara.
A novidade vai até o campo
A novidade tecnológica do Arbipasto é que ele funciona em qualquer dispositivo móvel e também em computadores convencionais. Outra vantagem excepcional: pode ser utilizado no campo, ou seja, em locais sem a presença de internet. Camilo Carromeu, do Núcleo de Tecnologia da Informação da Embrapa Gado de Corte, diz que o aplicativo foi desenvolvido utilizando um conceito denominado “aplicação web progressiva”, do inglês “Progressive Web Applications – PWA”. O uso dessa tecnologia permite desenvolver aplicações Web que se comportam de forma muito semelhante a aplicativos móveis nativos, beneficiando-se, dessa forma, das melhores características das duas plataformas.
O Arbopasto está disponível no GooglePlay, para dispositivos que operam com Android, e também pode ser acessado na internet por celulares, tablets, computadores e até smart TVs com qualquer sistema. A tecnologia disponibiliza informações de 51 espécies arbóreas nativas da Amazônia Ocidental de forma rápida por meio de uma série de funcionalidades, como filtros de busca para a procura por espécies considerando suas principais características.
Fonte: Portal DBO
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