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Negócios envolvendo ativos ambientais podem ser novidade para alguns, mas movimentam dinheiro há bastante tempo e, ao que tudo indica, não há sinais de arrefecimento. A busca pela sustentabilidade e o oferecimento de produtos com menores impactos ao meio ambiente é uma regra de mercado, pois o consumidor assim exige.
Não é à toa que a lista das maiores empresas do mundo tem coincidências com a lista das empresas mais sustentáveis do planeta, a exemplo da Cisco Systems, Siemens, Samsung, Natura, Nestlé e Apple.
Para se ter uma ideia, apenas o mercado de consultoria ambiental, em 2017, movimentou mais de 30 bilhões de dólares.
O Brasil tem destaque mundial neste segmento de mercado em razão da sua extensão territorial e dos seus recursos naturais. Atualmente, o melhor mapeamento do assunto consta em ebook elaborado pela empresa ECCON Soluções Ambientais chamado Negócios Ambientais no Brasil , publicado em 2018.
De acordo com o CEO da empresa, Yuri Rugai Marinho, "desde 2015, nossa equipe pesquisa temas, normas legais, normas técnicas, artigos, textos e assuntos de interesse da academia, do mercado e da sociedade, compartilhando resultados mensalmente com mais de 4 mil leitores".
O empresário afirma que a intenção é contribuir com as discussões, apresentar propostas e informar os interessados quanto às oportunidades de negócios que existem na seara ambiental.
Mudanças climáticas são destaque
Regulado pelo Protocolo de Kyoto, tratado sobre mudanças climáticas vigente desde 2005, o mercado de créditos de carbono foi responsável pela mais significativa soma de dinheiro em circulação decorrente de negócios ambientais.
Segundo dados divulgados pelo Ministério de Ciência, Tecnologia, Inovações e Comunicações do Brasil (MCTIC), até 31 de janeiro de 2016, 7.690 atividades geradoras de créditos de carbono foram registradas pela Organização das Nações Unidas (ONU) em países em desenvolvimento. Dessas, 399 foram realizadas no Brasil.
No período analisado, o governo brasileiro estima terem sido reduzidos 374.868.055 toneladas de carbono equivalente na atmosfera com projetos que envolvem, por exemplo, geração de energia renovável, eficiência energética, disposição de resíduos sólidos e processos industriais. Considerando que o preço médio do crédito de carbono no período foi de 14 euros, este mercado movimentou, aproximadamente 5,25 bilhões de euros entre 2005 e 2016.
Esses dados impressionantes não levam em conta o principal potencial do Brasil na mitigação de emissão de gases de efeito estufa, dado que a proteção de vegetação gera outra natureza de créditos de carbono.
Ostentando a maior cobertura vegetal do mundo, o Brasil tem, atualmente, mais de 100 milhões de hectares desprotegidos pelo Código Florestal , por serem excedente de Reserva Legal, de acordo com dados do Instituto de Manejo e Certificação Florestal e Agrícola - Imaflora. Isso significa que há potencial de circulação de 62,8 bilhões de reais com a emissão de créditos de carbono por desmatamento evitado (REDD, na sigla em inglês).
Oportunidades em diversas áreas
Embora o tema das mudanças climáticas seja especialmente notório quanto à movimentação e geração de riquezas derivadas de negócios ambientais, as oportunidades não se limitam a essa seara.
André Castro Santos, advogado consultor na ECCON Soluções Ambientais e colaborador do ebook Negócios Ambientais no Brasil , explica que a obra aponta oportunidades ligadas aos ramos do agronegócio, da gestão de resíduos sólidos, do licenciamento e da compensação ambiental, por exemplo.
O advogado aponta, também, que "As oportunidades de geração de riqueza não se limitam às áreas rurais ou às urbanas, preservadas ou ocupadas, ou a determinadas regiões do Brasil. São dos mais variados tipos e podem ser aproveitadas por diversas atividades econômicas".
Compensação ambiental e comércio de mudas
Com o encerramento do prazo, em 31 de dezembro de 2018, para que proprietários e posseiros de imóveis rurais realizassem o Cadastro Ambiental Rural (CAR) de suas áreas, a compensação ambiental por reflorestamento ou em áreas preservadas torna-se a bola da vez dos negócios ambientais.
Segundo o Código Florestal, a inscrição no CAR é condição para a adesão ao Programa de Regularização Ambiental (PRA). Com isso, espera-se que aqueles que ainda não o fizeram apresentem seus Termos de Compromisso para regularizar áreas que apresentem pendências quanto à situação de suas Áreas de Preservação Permanente, de Reserva Legal e de uso restrito em seus domínios, ao longo de 2019.
Para proceder a regularização, os proprietários ou posseiros podem seguir diferentes caminhos, que passam pela recomposição de remanescentes de áreas degradas ou pela compensação em áreas preservadas. No primeiro caso, abre-se uma janela de oportunidade aos criadores de mudas.
O Instituto da Mata , organização não-governamental sediada em Mata de São João, Estado da Bahia, atua no setor de produção de mudas nativas da Mata Atlântica produzindo atualmente 120.000 mudas de cerca de 50 espécies por ano. O instituto também realiza projetos de recuperação de áreas degradadas para propriedades rurais e empresas.
De acordo com seus representantes, a demanda só aumentou nos últimos anos, em grande parte devido à extensão das áreas que necessitam ser recuperadas.
Por sua vez, a compensação em áreas verdes tem preços atrativos e estimula a preservação do meio ambiente por remunerar proprietários preservacionistas. O preço do hectare de floresta está em franca ascensão.
Portanto, há boas oportunidades tanto para preservacionistas quanto para produtores de mudas de árvores nativas. "Todos podem aproveitar a onda favorável para os negócios ambientais", comenta Yuri Rugai Marinho.
Fonte: Terra
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