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As alterações climáticas são uma das maiores ameaças ambientais do século XXI. Se é verdade que ao longo dos milhares de anos de existência do nosso planeta há registos de mudanças climáticas, também é verdade que ao longo do último século essas alterações têm surgido a um ritmo excepcionalmente acelerado e preocupante. Num planeta de recursos materiais finitos, onde grande parte da energia ainda advém de fontes não renováveis, é premente arranjar alternativas sustentáveis, mais eficientes e amigas do ambiente.
A chave para um futuro mais sustentável poderá estar na bioeconomia. A Comissão Europeia lançou, por isso, em 2012, a estratégia para a bioeconomia, recentemente atualizada, com o objectivo de acelerar a transição para uma economia mais sustentável e ir ao encontro dos objetivos de desenvolvimento sustentável das Nações Unidas para 2030.
A bioeconomia está diretamente relacionada com atividades de I&D e inovação na área da biotecnologia para criar ou melhorar processos industriais com base em fontes biológicas renováveis. Da mesma forma que as leveduras consomem os açúcares de cereais produzindo álcool e outros compostos que irão transmitir propriedades associadas ao sabor da cerveja, é hoje possível manipular o seu metabolismo, para que a fonte de carbono consumida seja direcionada para outros compostos de elevado interesse econômico, com aplicação em áreas tão diversas como a agricultura e as indústrias química, farmacêutica ou alimentar.
Por exemplo, a levedura usada na produção de cerveja ou pão é hoje capaz de produzir ácido succínico em quantidades industriais, com possibilidade de aplicação em diversas indústrias. A versão biológica deste composto já está a ser comercializada, mas grande parte da sua produção mundial resulta ainda de derivados de petróleo. A produção de biocombustíveis, compostos farmacêuticos e bioplásticos por meios similares constitui outro grande desafio que tem vindo a ser intensamente investigado.
No entanto, a transição para a chamada bioeconomia decorre a um ritmo mais lento do que seria desejável. Um dos principais desafios prende-se com a produção competitiva destes bioprodutos, por comparação com os derivados do petróleo e os atuais processos químicos industriais. Portanto, a maturação e desenvolvimento de biorrefinarias avançadas e eficientes, capazes de converter biomassa e resíduos diversos em energia, combustíveis e químicos de elevado valor acrescentado, é fulcral para materializar e acelerar esta mudança.
A bioeconomia é um desafio revestido de oportunidades. O seu sucesso depende da criação de novas tecnologias, de mais investimento em I&D, da formação de novos cientistas e da criação de novos negócios. Portugal tem feito uma aposta forte na área das energias renováveis e tem tudo para se posicionar como um dos principais catalisadores da transição para uma economia circular e sustentável, com impacto global. Em Portugal, pratica-se investigação de excelência nesta área e o país possui um grande número de doutorados que podem e devem ser valorizados. O Plano Nacional para a Promoção das Biorrefinarias, lançado no final de 2017, é um sinal positivo que importa agora desenvolver e materializar.
Acredito que no futuro vamos viajar em aviões de base 100% biológica, movidos a biocombustível e totalmente recicláveis. Que não haja receio de inovar e desbravar novos caminhos, em Portugal e no mundo. O meio ambiente a as gerações futuras certamente agradecerão.
Fonte: Público (Portugal)
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