Natural ou artificial: que árvore de Natal é mais amiga do ambiente?
segunda-feira, dezembro 10, 2018
Susana Fonseca, da associação ambientalista Zero, explica qual a melhor opção a tomar
As árvores de Natal artificiais invadiram o mercado e praticamente condenaram a tradição de celebrar a quadra com um pinheiro verdadeiro. A defesa do meio ambiente constituiu um argumento de peso para a mudança de paradigma, mas será mesmo essa a solução mais ecológica? A resposta é: depende.
“Nesta matéria não há preto ou branco. Há muitos cinzentos”, ilustra Susana Fonseca, da associação ambientalista Zero. Em bom rigor, não se pode afirmar que uma é mais amiga do ambiente do que a outra - e não apenas devido à falta de estudos que permitam conclusões mais sustentadas. Quer sejam naturais ou artificiais, na balança que mede a sustentabilidade há outros fatores que pesam.
“Para quem ainda não tem e quer comprar uma árvore de Natal, o ideal é escolher uma natural em vaso, com as raízes, se existirem condições para a manter num jardim ou num espaço exterior ao longo do ano”, observa a ativista, especializada em desenvolvimento sustentável, sugerindo a “quem gosta do cheirinho do pinheiro” a procura de soluções junto dos “municípios que fazem cortes seletivos para gestão florestal”.
O desbaste destes pinheiros está na origem do projeto que a start up portuguesa rnters repete em 2018, em parceria com a Associação Portuguesa de Bombeiros Voluntários. No site da empresa, assim como em algumas corporações de bombeiros, é possível alugar, até ao dia 16 de dezembro, um pinheiro natural, ainda que sem as raízes. O custo situa-se entre os 17 e os 25 euros e parte da verba reverte para os soldados da paz. Desde esta sexta-feira, dia 6, as árvores de Natal, provenientes da limpeza de um terreno na zona de Coruche, estão igualmente disponíveis nos postos de abastecimento da Prio, que se associou à iniciativa. No final da época festiva, após a devolução dos pinheiros à procedência, a madeira será convertida em biomassa para gerar energia.
“Enquadrados em processos sustentáveis da floresta, os pinheiros naturais são uma boa solução. E quem sabe se no futuro alguém se lembra de começar a alugar em vaso, com as raízes?”, desafia Susana Fonseca.
Em casa, a socióloga e ambientalista da Zero recorre “há 16 anos” à mesma árvore de Natal artificial, que, “provavelmente, ainda vai durar outros tantos”. Apesar de ser feita de plástico, de conter químicos para minimizar os riscos de incêndio e de ter vindo da China, tudo fatores que pesam na pegada ecológica, a durabilidade faz com que, em termos ambientais, esta opção compense largamente, quando comparada com a alternativa de comprar um pinheiro verdadeiro a cada Natal, a mais comum até há 15 ou 20 anos.
Um estudo realizado em 2009 no Canadá, pela consultora Ellipsos, que analisou todo o ciclo de vida de árvores de Natal naturais e artificiais, concluiu que as primeiras geram 3,1 quilos de gases com efeito de estufa num ano, enquanto as segundas produzem 8,1 quilos. No entanto, acrescentam os autores da pesquisa, se os entusiastas de árvores naturais percorressem mais de 16 km de carro para as comprar, a balança da melhor opção começaria a pender para o lado das artificiais, no pressuposto de serem usadas durante seis anos. Acrescente-se que, no Canadá, existem muitos viveiros de pinheiros naturais plantados só para este fim natalício, sendo semeado um novo por cada um vendido, o que constitui uma vantagem no capítulo da absorção de CO2 da atmosfera. Por cá, num contraste flagrante, os pinheiros naturais parecem ser cada vez mais uma raridade. Alguns locais de venda são o Horto do Campo Grande, em Lisboa, a Jardiland, na Maia, a Luso Florestal, em Torres Vedras, e a Ingarden, em Algés e Matosinhos.
Fonte: Revista Visão Sapo (Portugal)
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