As agroindústrias brasileiras estão moderadamente otimistas com os rumos da economia brasileira em 2019 e pretendem manter ou ampliar seus investimentos
As agroindústrias brasileiras estão moderadamente otimistas com os rumos da economia brasileira em 2019 e pretendem manter ou ampliar seus investimentos, mas alertam que o próximo governo, qualquer que seja, terá que engendrar esforços para fazer avançar a reforma tributária e destravar investimentos em logística e infraestrutura.
É o que apontou enquete feita pela revista "Globo Rural" durante o evento "Melhores do Agronegócio 2018", realizado na noite de terça-feira em São Paulo. Cerca de 250 executivos, empresários, representantes de entidades do setor e autoridades - entre elas o ministro da Agricultura, Blairo Maggi, cinco secretários estaduais de Agricultura e a Advogada-Geral da União, Grace Mendonça - participaram da enquete.
Para 37,8% dos consultados, o Produto Interno Bruto (PIB) do país crescerá 1% no ano que vem, mas 27,4% acreditam que o avanço será da ordem de 2%, e 20,4% apostam em alta superior a 2%. Outros 12,9% preveem aumento de 0,5%, e apenas 1,5% projetam variação negativa. Em linha com esses resultados, 67,9% dos presentes estimaram que o dólar ficará, em média, em torno de R$ 3,50 em 2019, ao passo que 16,3% colocaram a moeda americana em R$ 3, outros 12% a calcularam acima de R$ 4 e 3,8% cravaram R$ 2,50.
Assim, 51,9% dos empresários e executivos manifestaram a intenção de suas companhias de ampliar os investimentos no ano que vem, enquanto 37,4% afirmaram que a tendência é manter o mesmo nível de aportes de 2018 - apenas 10,7% disseram que a expectativa é de redução. Principalmente no caso de empresas que atuam na originação, processamento e exportação de grãos, grande parte dos investimentos projetados continuarão a ser direcionados para a área de logística e infraestrutura.
Para 40,8% dos presentes ao evento da "Globo Rural", destravar investimentos nessa área é o maior desafio do próximo governo quando o setor em questão é o agronegócio. Para outros 44,9%, o principal desafio será avançar na reforma tributária. Segurança jurídica (9,2%) e crédito (5,1%) também deverão estar no foco das atenções do novo inquilino do Palácio do Planalto, independentemente de quem vença no domingo - a enquete não tratou das preferências eleitorais dos participantes, mas era nítido o apoio da maioria esmagadora a Jair Bolsonaro (PSL).
"Em primeiro lugar, temos que superar este momento de intolerância no país, que nos incomoda demais. Depois temos que arregaçar as mangas e tratar de temas estratégicos para o país, como as questões ligadas à logística", afirmou Luiz Pretti, presidente da Cargill no Brasil. A Cargill foi a grande "campeã" entre as "Melhores do Agronegócio" de 2017 escolhidas pela "Globo Rural" e pela Serasa Experian.
Pretti tem esperanças, por exemplo, de que a tabela de fretes mínimos rodoviários implementada pelo governo de Michel Temer para acalmar os caminhoneiros que pararam o país em maio será revogada qualquer que seja o presidente eleito. Esse tabelamento, lembrou, elevou custos e gerou incertezas para a fixação de preços de venda de grãos como soja e milho. "Tabelas não funcionam para nada", reiterou ele.
O executivo também voltou a confirmar que a Cargill tem interesse em participação dos investimentos na Ferrogrão, que prevê a ligação, por trilhos, entre Sinop (MT) e Miritituba (PA). Mas ressalvou que o governo precisa definir de vez as regras do projeto, que deverá absorver aportes da ordem de R$ 14 bilhões. Outro investimento necessário para agilizar o escoamento de grãos pelo chamado "Arco Norte", destacou, é a conclusão da BR-163.
Pretti também se posicionou contra as disputas comerciais atualmente lideradas pelos Estados Unidos, sobretudo com a China. "É uma ilusão que essa briga vá beneficiar o Brasil no longo prazo. A Cargill acredita no livre comércio. O agronegócio está acostumado ao risco, mas não gosta de incertezas", concluiu.
Fonte: Avisite
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