Plantas daninhas podem causar prejuízo de R$ 9 bilhões por safra
quinta-feira, agosto 30, 2018
As plantas daninhas têm potencial para causar prejuízos de até R$ 9 bilhões por safra. A estimativa é da Embrapa Soja e foi um dos argumentos utilizados nesta terça-feira (28), durante o XXXI Congresso Brasileiro da Ciência das Plantas Daninhas, no Rio de Janeiro, para convencer os participantes da necessidade de haver um manejo correto dessas plantas.
Resistentes ou não, as plantas daninhas competem com a cultura e, se não forem adequadamente manejadas, podem ter impacto de 70% a 80% na produtividade da lavoura.
"Entre 40% e 45% da área agrícola do Brasil tem algum problema de planta daninha resistente a glifosato. E hoje estão sendo reportados casos de resistência a outros herbicidas também", afirma Ramiro Ovejero, gerente de boas práticas agrícolas da plataforma Intacta 2 Xtend.
Ele ressalta que resistentes ou não, as plantas daninhas competem com a cultura e, se não forem adequadamente manejadas, podem ter impacto de 70% a 80% na produtividade da lavoura.
O gerente lembra que a utilização do herbicida é apenas um dos pilares do manejo. "A gente não pode esquecer da rotação de cultura e da cobertura, que são muito importantes para as culturas tropicais e subtropicais."
Ovejero diz que a resistência está aumentando "de forma drástica" no mundo todo, incluindo os Estados Unidos. "Entre 2003 e 2010, levávamos em média três anos para os acadêmicos reportarem um novo caso de resistência. Agora, isso acontece todos os anos", compara.
O problema é que o produtor não se habitua a agir preventivamente. E não é só no Brasil. "Convencer os agricultores a mudar a forma com que fazem as coisas é a parte mais difícil do meu trabalho", diz Harry Streak, líder global do Centro de Competências de Resistência de Plantas Daninhas da Bayer. "Quando você tem um desastre e precisa consertar, você percebe que o custo é muito maior do que se tivesse feito tudo certo", complementa.
MAIS POTENTE
Na luta contra as plantas daninhas, a Bayer/Monsanto espera fazer o lançamento comercial da soja com a tecnologia Intacta 2 Xtend em 2021. A adição de um gene à semente da oleaginosa faz com que ela seja tolerante ao herbicida dicamba, além do glifosato.
Segundo a fabricante, o dicamba será uma nova solução para o controle de plantas daninhas, principalmente, as de folhas largas como buva, caruru, corda-de-viola e picão-preto, com aplicação desde o pré-plantio até a pós-emergência da cultura, algo inédito no controle de plantas daninhas.
Fábio Passos - gerente de lançamento da plataforma - explica que ela já está em 200 áreas experimentais no Brasil. Como a nova tecnologia não foi aprovada na China, os grãos são colhidos e depois destruídos. A soja recebeu o aval da CTNBio ( Comissão Técnica Nacional de Biossegurança) em março do ano passado.
LITÍGIO
Quando questionados pelos jornalistas, os executivos da Bayer/Monsanto evitaram se prolongar nos comentários sobre a suspensão de novos registros do herbicida glifosato determinada pela Justiça Federal, no início do mês.
"Nos últimos 40 anos, usamos essa molécula que é considerada segura para o consumo. É uma arma poderosa e segura", afirma Ramiro Ovejero. Ele ressalta que a fabricante não é ré no processo e que o produto está em fase de reavaliação programada pela Anvisa (Agência Nacional de Vigilância Sanitária). "Estamos no meio da avaliação que se estende por muito tempo."
A ação movida pelo Ministério Público visa fazer com que a Anvisa apresse esse processo. Se a liminar não for cassada, a comercialização do glifosato pode ser suspensa a partir de 3 de setembro. "Na América do Sul, 90% da área de plantio é plantio direto. O glifosato é quem permite fazer a massa, o colchão necessário para proteger o solo. Temos de ver o produto também por essa perspectiva", afirma o executivo, se referindo ao uso do herbicida para a dessecação do que sobrou de uma lavoura, antes do plantio da próxima.
Fonte: Folha de Londrina / Coamo
0 comentários
Agradecemos seu comentário! Volte sempre :)