Brasil precisa prospectar mercados e diversificar produtos para crescimento do agronegócio
segunda-feira, agosto 27, 2018
Brasil ainda encontra dificuldades em quebrar barreiras sanitárias internamente
Acordos bilaterais com novos mercados e oferecimento de produtos industrializados para importadores de insumos são opções para o equilíbrio produtivo nacional
Mesmo sendo um dos maiores produtores de alimento no mundo, o Brasil ainda tem dificuldades para se consolidar no mercado internacional, principalmente na prospecção de novos parceiros. Para conseguir atingir esse objetivo, a diversificação de produtos e a agregação valor, são algumas opções para o crescimento do agronegócio nacional, conforme análises dos especialistas presentes no 6º Fórum de Agricultura da América do Sul, evento que ocorre nos dias 23 e 24 de agosto no Museu Oscar Niemeyer (MON), em Curitiba (PR).
No setor de proteína animal, o Brasil ainda encontra dificuldades em quebrar barreiras sanitárias internamente, o que impacta nas exportações nacionais. No painel “Carnes”, o diretor-presidente da Agência de Defesa Agropecuária do Paraná (Adapar), Inácio Kroetz, ressaltou a necessidade de agregar valor aos produtos brasileiros com alto status sanitário. “Precisamos atender a mercados ‘premium’ com estabilidade, qualidade e regularidade, além de segurança. Para isso, teremos que vencer algumas barreiras sanitárias que nós mesmos criamos”.
O diretor da Organização Mundial do Comércio (OMC), Willy Alfaro, defendeu as barreiras sanitárias e fitossanitárias quando usadas de maneira legítima. “A OMC exige que essas medidas sejam baseadas em princípios científicos, harmonizadas com base em padrões internacionais. Além disso, não devem ser mais restritivas ao comércio do que o necessário”. Já o coordenador do Centro de Informação do Agronegócio da Universidade Federal do Paraná (UFPR), Paulo Rossi, avaliou que outros tipos de políticas externas atrapalham o desenvolvimento do setor. “Não podemos achar que essas barreiras são as únicas que podem impedir que nós avancemos nos embarques, ainda temos muitos pontos a discutir na exportação de produtos cárneos”.
O setor de grãos foi analisado durante o painel “Década de protagonismo e liderança na América do Sul”. O Diretor de Commodities da INTL FC Stone, Glauco Monte, destacou a importância de se inserir produtos industrializados nos acordos comerciais de exportação de insumos. “Precisamos nos preocupar para quem exportamos nossos insumos. Pois se a exportação de grãos cresce e a de carnes não, pode ser sinal que esses importadores estão utilizando esses insumos para o setor de proteína animal”. Segundado dados da consultoria, o Brasil exporta 77% de toda sua soja somente para a China, país que nesse ano embargou a importação de carne de frango brasileiro.
A consultoria ainda prevê crescimento de 19% da área plantada de soja e milho no Brasil até 2030, impactando no aumento de 38% da colheita de milho safrinha, resultando em 135 milhões de toneladas totais e 150 milhões de toneladas de soja. Na Argentina, a seca nas regiões produtoras do país impactou na colheita, reduzindo a safra desse ciclo, com 28 milhões toneladas de soja e milho em comparação com o ano anterior, segundo o coordenador de projeções da Bolsa de Cereal de Buenos Aires, Gonzalo Hermida.
Já para o Paraguai a expectativa para os próximos anos é positiva, com uma projeção de aumento de 13% na produção de soja nacional até 2028, equivalente a 14 mil toneladas. “Temos que cumprir alguns desafios para atingir esse índice, como por exemplo integrar nossa produção pecuária com a agricultura e melhorar nossa logística até os portos”, analisou o gerente da Agrotec, Sidinei Neuhaus.
Dentro desse setor, o México aparece como um possível parceiro para o agronegócio brasileiro, embora o Brasil precise buscar maior estreitamento de relações com o país. “O desafio é aumentar a presença de empresas brasileiras de diferentes portes e melhorar acordos fitossanitários e logísticos entre governos”, afirmou o presidente da Cámara de Comercio México-Brasil (Camebra), Miguel Ruiz. O especialista ressaltou o crescimento do país no setor e como a tecnologia tem contribuído pra isso. O painel sobre mercado contou também com a participação da diretora-executiva da Bolsa de Chicago, Susan Sutherland, que destacou que mesmo sofrendo os impactos das disputas comerciais entre China e Estados Unidos, o Brasil pode criar oportunidades para novos mercados.
Fonte: AgroLink
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