Projeto de produção e extração de mel ganha destaque na região
Aracruz é conhecida pela rica história indígena, mas as aldeias do município também se destacam pelos produtos de altíssima qualidade. E não apenas o artesanato característico desse povo. A boa-nova da vez é o mel. Desenvolvido por meio do Plano de Sustentabilidade Tupinikim e Guarani (PSTG) em parceria com a Fibria, doze aldeias aracruzenses contam com pequenos centros de produção e extração do mel, proveniente de espécies de abelhas nativas da região, principalmente, a Uruçu-Amarela.
A consultora de sustentabilidade da Fibria, Cláudia Belchior, explica como se dá a introdução do projeto dentro das comunidades indígenas. “Cada família que entra no projeto, recebe 30 caixas e daí vai multiplicando, sempre com a consultoria existente. Nós, posteriormente, ajudamos na logística, venda, embalagens até que consigam tocar sozinhos. Nossa expectativa é criar muito em breve uma cooperativa para tornar a produção e comercialização ainda mais abrangentes.”
Cerca de 60 famílias das aldeias Pau Brasil, Caieiras Velha, Irajá, Comboios, Boa Esperança, Três Palmeiras, Piraquaçu, Areal, Córrego do Ouro, Olho d’Água, Boa Vista, Amarelo e Nova Esperança lidam diariamente com o manejo da abelha Uruçu-Amarela. Apesar de crescente, a produção das doze comunidades ainda é pequena. “São aproximadamente 120 pessoas trabalhando diretamente no projeto Tupyguá. Na nossa última safra, colhemos quase meia tonelada de mel, mas a cada produção a quantidade extraída aumenta”, garante Tiago Barros.
O projeto Tupyguá extrai três tipos diferentes de mel, de cor mais clara que o mel tradicional, são eles: tabuleiro, capoeira e restinga. E a escolha dos nomes respeita as características do local onde foi extraído. “Existem microecossistemas dentro das comunidades. O Tabuleiro é extraído das matas nativas e virgens, próximas ao Rio Piraquê-Açu. O Capoeira vem de uma região onde já não há mais a cobertura original, mas em fase de regeneração natural. E o Restinga é produzidos nas aldeias mais próximas das praias, como Comboios. Cada um deles tem um sabor peculiar e único. Além disso, também comercializamos o pólen”, explica o assistente técnico.
Apesar de pequena, a produção vai longe. O mel produzido nas aldeias de Aracruz rompeu barreiras e é encontrado em mercados de produtos artesanais de São Paulo. No Estado, há pontos de vendas em Vitória, Vila Velha e no Centro de Aracruz. Isso, claro, sem contar nas próprias aldeias, onde é possível realizar encomendas com os produtores. “Há muita procura, até por ser um produto diferenciado e único”, atesta Tiago Barros.
Vale destacar que o projeto Tupyguá é só uma das muitas atividades implantadas nas aldeias de Aracruz desenvolvidas por meio do PSTG. “Inicialmente foram implementados vários projetos, e o mel era só uma das atividades. O objetivo, a princípio, era trazer condições ambientais para que os índios desfrutassem das potencialidades locais, não era somente focado na geração de renda. Tínhamos a parte de reflorestamento, criamos uma rede coletora de sementes, a agroecologia com as famílias, a extração do mel de abelhas nativas. As coisas começaram a mudar há cerca de três anos, quando houve uma produção interessante. Estimamos uma tonelada de mel produzidos nas aldeias para esse ano”, conclui a consultora do programa.
Fonte: GazetaOnline
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