Manejo de mínimo impacto para produção de frutos em açaizais nativos no estuário amazônico
segunda-feira, fevereiro 19, 2018
Com o manejo de mínimo impacto para produção de frutos em açaizais nativos explorados pelos produtores, nas áreas de várzea do estuário amazônico, busca-se a combinação adequada de árvores, açaizeiros e outras palmeiras distribuídos em toda a área e a manutenção da diversidade florestal local. Uma boa distribuição das árvores no açaizal garante uma boa produção de frutos, melhora a qualidade e rendimento de polpa e reduz o trabalho de limpeza do açaizal.
Com a demanda crescente para a produção de frutos e palmito, os açaizais nativos do estuário do Rio Amazonas passaram a sofrer forte processo de exploração com consequente degradação dos recursos naturais, além de apresentarem baixo retorno econômico quando analisada a produção de frutos e palmito por área. A grande capacidade de reprodução das plantas do açaizeiro, a partir de perfilhamento de suas raízes aéreas que se propagam com facilidade nas várzeas, ou mesmo através de sementes, foi uma excelente oportunidade para a geração de tecnologias de manejo de açaizais nativos visando solucionar esse problema e imprimir sustentabilidade a cadeia produtiva da espécie.
As técnicas agropecuárias de baixo impacto ambiental são fundamentais para aumentar a produtividade e garantir maior oferta de alimentos para esta geração e para gerações futuras. A produção de frutos e palmito de açaí depende da combinação entre o número de touceiras de açaizeiros, de açaizeiros na touceira, de outras espécies. O recomendável é que um açaizal nativo bem manejado tenha, em um hectare, aproximadamente 400 touceiras, com cinco açaizeiros adultos em cada touceira, 50 palmeiras de outras espécies e 200 árvores. Essa quantidade de planta proporciona uma produtividade média de cerca de 200 sacas/ha/ano de frutos e, aproximadamente, 200 cabeças de palmito/ha/ano, com baixo impacto ambiental negativo, garantindo o equilíbrio e manutenção da biodiversidade local de forma duradoura.
Quem ganha com isso?
Os principais beneficiários da tecnologia de manejo de mínimo impacto são exploradores familiares ribeirinhos do estuário Amazônico dos estados do Amapá e Pará. Além desses, técnicos de assistência técnica e extensão rural, associações de produtores, sindicatos rurais, cooperativas, indústrias processadoras de polpa, empresas exportadoras, processadores de suco (amassadeiras), transportadores, vendedores autônomos, sorveterias, consumidores em geral. Abrangência geográfica A tecnologia do Manejo de Mínimo Impacto está sendo utilizada por produtores de açaí da costa estuarina do Rio Amazonas e das Ilhas do Arquipélago do Bailique, no Estado do Amapá, mas pode ser aplicada em toda a região do estuário amazônico. Benefícios econômicos e sociais Para a determinação dos benefícios econômicos devidos ao incremento de produtividade, tomou-se como referência o sistema de produção de açaizais nativos não manejados, onde o explorador familiar consegue, em média, uma produção anual de 20 a 30 sacas de 04 rasas de açaí/hectare (aproximadamente 52 kg/saca) e comparou-se com o sistema de produção que usa a tecnologia de mínimo impacto, onde o explorador familiar consegue, em média, uma produção anual de 100 a 130 sacas de 04 rasas de açaí/hectare. O benefício econômico estimado nas áreas de adoção (7.7 mil hectares) chega a R$ 16,9 milhões em 2015, contabilizados em termos de incremento de produtividade, a preços de 1 de janeiro de 2015. Com base em coeficientes técnicos do “Manejo de Mínimo Impacto” estimou-se que, após a estabilização da produção de um açaizal manejado (aproximadamente a partir do sétimo ano), são ofertados 02 (dois) empregos diretos a cada hectare. Em 2015 estimou-se uma ampliação da área de plantio de 1.500 hectares, gerando portando ocupação para cerca de 3.000 trabalhadores. O manejo de mínimo impacto não altera a diversidade florestal do açaizal, aumenta em até cinco vezes a produção de frutos e os rendimentos dos produtores e necessita de baixo investimento para sua implementação, tendo como maior custo a auto-remuneração da mão-de-obra do produtor. Parceiros Instituto de Desenvolvimento Rural do Amapá-Rurap e Instituto Estadual de Florestas-IEF Esta solução tecnológica foi desenvolvida pela Embrapa em parceria com outras instituições.
Fonte: Embrapa Notícias
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