Apenas parte dos produtores que não conseguirão plantar safrinha pretende migrar para trigo ou aveia
Em alguns municípios já é possível ver as colheitadeiras no campo. Colhem o que produziu a lavoura de soja, prejudicada com a estiagem na época do plantio, seguida de intensas chuvas. Em outros casos, os produtores nem sequer pensam em tirar a oleaginosa, para evitar mais prejuízo.
O forte da colheita começa só na segunda quinzena de fevereiro, quando mais da metade da produção regional já deveria estar nos silos e nos armazéns. Ocorre que na maioria dos municípios do oeste o zoneamento para o plantio do milho safrinha se encerra no dia 28 do próximo mês. E, sem conseguir respeitar o zoneamento, muitos produtores deverão manter as áreas vazias no próximo período.
O que uma cultura tem a ver com a outra? Tudo! Segundo a economista Jovir Esser, do Deral (Departamento de Economia Rural) do Núcleo Regional da Seab (Secretaria de Estado da Agricultura e Abastecimento) de Cascavel, nos 28 municípios de abrangência da regional a redução de área do milho safrinha pode chegar a 22%, baixando de 377,5 mil hectares para 295 mil hectares. A expectativa inicial era de que essa área fosse ocupada por trigo, mas tudo indica que isso não deve se confirmar. “Um pouco dessa área certamente vai para o trigo, mas boa parte dos produtores vai cultivar aveia ou até mesmo deixar a área em pousio [descanso ou repouso proporcionado às terras cultiváveis], sem nada em cima”, destacou.
Motivos
A principal justificativa para que isso ocorra está pautada na intensa degradação do solo. Com diversas áreas que já vinham com inúmeros sinais de compactação, a situação piorou muito com a chuvarada registrada no mês de outubro de 2017, quando houve mais de 900 milímetros no acumulado regional para aquele mês, e agora, em janeiro, quando parte dos municípios da região deverá fechar o ciclo com mais de 400 mm de precipitação.
A mesma chuva que atrasa a cultura da soja é a que tem potencializado os danos: “São muitas áreas com erosão, então muitos produtores deverão deixar a terra descansar para só depois voltar com o próximo cultivo”.
Em toda a região oeste, considerando também o núcleo regional da Seab de Toledo, com cobertura em 20 municípios, a expectativa é para que mais de 200 mil hectares se dividam entre áreas ociosas, para a aveia ou para o trigo na safra de inverno. “A área com trigo certamente vai aumentar, mas ainda não temos a projeção. O que se sabe é que a maioria não deverá migrar para ela”, adianta a economista.
Colheita da soja
Nem 1% dos mais de 1 milhão de hectares destinados na região para a soja na safra 2017/2018 foi colhido ainda. Segundo a economista Jovir Esser, alguns produtores beira lago de Itaipu começaram a colher, principalmente nas regiões de Missal e Itaipulândia. Ainda com uma realidade incerta quanto aos danos, o que se pode diagnosticar é que haverá perdas, só não se pode precisar de quanto serão. “Há produtores que colheram 100 sacas por alqueire e há quem colheu 180 sacas. Por isso ainda é muito incerto. Sabemos que existem perdas, mas elas só poderão ser precisadas no fim da colheita”, destacou.
Jovir lembra ainda que alguns produtores na região de Cascavel até iniciaram a remoção da soja do campo, mas retiraram as máquinas e vão aguardar mais alguns dias. Isso porque há excesso de umidade e os grãos não estão em perfeita formação. Esses produtores deverão voltar para o campo nos próximos se as condições climáticas contribuírem. A previsão inicial de produção era de 4 milhões de toneladas na região. Por enquanto, a previsão é de que as chuvas deem uma trégua por pelo menos uma semana.
Fonte: O PARANÁ
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