Estudo para combater HIV com soja ganha prêmio internacional
terça-feira, fevereiro 06, 2018
Pesquisador da Embrapa recebeu prêmio do Consórcio Federal de Laboratórios do Médio-Atlântico.
Uma pesquisa sobre o combate ao HIV, conduzida pela Embrapa Recursos Genéticos e Biotecnologia, recebeu um prêmio internacional, concedido pelo Consórcio Federal de Laboratórios do Médio-Atlântico (FLC MAR).
Segundo dados da Organização Mundial da Saúde (OMS), só na África, 20% das mortes são em decorrência da AIDS. No Brasil, a taxa de pessoas vivendo com o vírus subiu 3% entre 2010 e 2016. O restante do mundo registrou queda de 11% no mesmo período.
O trabalho, já publicado 2015, mostrou que sementes de soja geneticamente modificadas são uma biofábrica de produção em larga escala de uma proteína extraída de cianobactérias, eficiente contra o vírus que pode levar ao desenvolvimento da AIDS.
Por definição, uma biofábrica é quando um organismo se torna uma usina para fabricação de compostos utilizados em remédios e na indústria. “Na década de 1990, surgiu a ideia de usar a engenharia genética em um trabalho humanitário, com foco na África. Os países que receberem, no futuro, o gel vaginal à base de cianovirina – proteína extraída das cianobactérias – não precisarão pagar royalties por essa tecnologia”, destaca o engenheiro agrônomo, pesquisador da Embrapa Recursos Genéticos e Biotecnologia e conselheiro do CIB, Elibio Rech.
O pesquisador explica que as sementes de soja acumulam cerca de 40% de proteína. Por isso são indicadas para produção de cianovirina, com baixo custo e facilidade de transporte e estoque. “Há mais de uma década, iniciamos no Brasil e nos EUA a purificação desta proteína, para obtermos uma matéria-prima 100% pura. Tecnicamente, o mais difícil em todo esse processo já foi feito. Os próximos passos, agora, são produzir as sementes e gerar proteína em larga escala e, então, realizar os estudos pré-clínicos e clínicos”, afirma.
Rech esclarece que, como a finalidade da soja é medicamentosa, ela não é cultivada no campo, mas em estufas e casas de vegetação sob condições controladas.
“É um projeto emblemático para a engenharia genética, direcionado a segmentos da sociedade que têm menos acesso a medicamentos. E são produtos de alta tecnologia, com grande valor agregado”, avalia.
O pesquisador da Embrapa espera que a técnica seja repetida com várias outras moléculas, para emprego em vacinas contra a dengue e malária, por exemplo. Também em tratamentos contra o câncer de mama.
O estudo é realizado em parceria com a Universidade de Londres, o Instituto Nacional de Saúde (INH) dos Estados Unidos e o Conselho de Pesquisa Científica e Industrial da África do Sul.
Fonte: Capital News
0 comentários
Agradecemos seu comentário! Volte sempre :)