Dispersão prematura é uma das maiores causas de perdas na colza
A mudança climática está ameaçando cultivos em todo o mundo, mas o que ainda é pouco conhecido é que o aquecimento global confundirá a fisiologia normal das plantas. Pesquisadores no Reino Unido mostram que altas temperaturas aceleram a dispersão de sementes em espécies que pertencem às famílias da mostarda e repolho, limitando o sucesso reprodutivo e esse efeito é mediado por um gene chamado em inglês de indehiscent. A descoberta foi publicada na revista Molecular Plant.
“Em muitos cultivos, como a colza, a dispersão prematura é uma das maiores causas de perdas em lavouras. No contexto de mudança climática, isso pode se tornar cada vez mais severo”, diz o co-autor sênior do estudo Vinod Jumar, um biólogo de plantas no Centro John Innes, em Norwich, Inglaterra. “Esse estudo expõe as vulnerabilidades potencial da produção de cultivos em um mundo alerta e forma o caminho para resolver esse problema”.
As plantas têm uma habilidade extraordinária de ajustar o ciclo de vida para se compatibilizar com uma variedade de condições ambientais. Por exemplo, apesar das mudanças diárias no clima e na temperatura, a liberação de sementes fica sintonizada com as prevalentes condições estacionais.
“A dispersão de sementes também é um traço chave que deve ser controlar ao domesticar plantas para produção de comida”, diz o co-autor sênio do estudo Lars Østergaard, um genético de plantas do Centro John Innes. “Com o prospecto de mudança climática afetando o desempenho do cultivo, nós queríamos entender como os sinais ambientais afetam a dispersão”.
Uma pista veio da observação das plantas Arabidopsis, que pertencem à família Brassicaceae, como a mostarda ou repolho, maduram e abrem suas vagens de semente mais rápido em temperaturas elevadas. Inspirado por essa observação, Xin-Ran Li, um pesquisador pós-doutorado com Kumar e Østergaard e o primeiro autor do estudo, se prepararam para pesquisar.
Eles encontraram um aumento de temperatura de 22ºC a 27ºC, acelerando a liberação de sementes. “Nós especulamos que esses mecanismos evoluíram para facilitar o tempo apropriado de dispersão para assegurar que as sementes são liberadas sobre as condições que são tanto pontuais como climaticamente ótimas para a germinação”, diz Liz. “Isso talvez poderia ser uma vantagem na maduração precoce e dispersão nativa”.
Além das implicações evolutivas, as descobertas poderiam ter grande relevância por manter a produtividade em cultivos importantes. “Nós estamos muito empolgados com a descoberta que encontramos no modelo de planta Arabidopsis que também é verdade para as duas plantas, incluindo a colza, bem como as espécies não domesticadas da família Brassicaceae”, diz Kumar. “Isso destaca a significância das nossas descobertas”, concluiu.
Fonte: AgroLink
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