Babaçu, símbolo da luta das quebradeiras de coco, tem grande potencial de desenvolvimento no Maranhão
terça-feira, janeiro 30, 2018
As mulheres quebradeiras de coco babaçu - que descobriram diversas utilizações para os componentes do coco e deram vida a essa espécie, considerada por muito tempo como uma praga – movimentaram o VI BabaçuTec, realizado de 23 a 27 de outubro em Itapecuru-Mirim-MA. A “Semana do Babaçu” foi uma realização da Embrapa Cocais e parceiros, com recursos do antigo Ministério do Desenvolvimento Agrário (atual Secretaria Especial da Agricultura Familiar e do Desenvolvimento Agrário) e da Diretoria de Transferência de Tecnologia da Embrapa (DE-TT) ), com apoio da Secretaria de Agricultura Familiar – SAF do Maranhão e do Instituto de Agronegócios do Maranhão - Inagro. O evento contou com Oficinas de produção de subprodutos do babaçu, que fizeram parte da programação da Feira de Agricultura Familiar – Agritec, de 26 a 28 de outubro.
Esta sexta edição do BabaçuTec foi dedicada às discussões, por meio de mesas redondas e painéis, sobre inovação tecnológica, negócios, políticas públicas, agregação de valor, valorização e cidadania das quebradeiras de coco, projetos de pesquisa voltados para as demandas da cadeia produtiva do babaçu, conhecimento tradicional, legislação e prospecção de demandas sobre o babaçu.
O VI BabaçuTec realizado pela Embrapa Cocais e parceiros reuniu quebradeiras de coco do território do Vale do Itapecuru |
Segundo a chefe-geral da Embrapa Cocais, Maria de Lourdes Mendonça Santos Brefin, o objetivo foi discutir temas de Pesquisa, Desenvolvimento e Inovação e ações para agregar valor ao babaçu, de forma que o produto se consolide como fonte de renda para quebradeiras de coco e outros agroextrativistas, comunidades que tradicionalmente vivem do babaçu no Maranhão, e ainda agricultores familiares e industriais. ”O babaçu é um tema de extrema importância, é uma riqueza inexplorada descoberta pelas quebradeiras, responsáveis pela valorização desse produto e que devem estar sempre à frente das iniciativas. A Embrapa entra com pesquisa e tecnologias direcionadas aos produtos que vão chegar ao mercado, evidenciando mais as potencialidades do produto e até onde essas mulheres guerreiras, e ainda agricultores familiares e de comunidades tradicionais, podem chegar com ele”.
Levando o extrativismo até a asa do avião
Um dos assuntos discutidos nessa semana dedicada ao babaçu foi o aproveitamento dos resíduos provenientes da quebra do coco para serem convertidos em biodiesel, mais especificamente em bioquerosene para aviões. O tema foi parte da “Plataforma brasileira de bioquerone e renováveis”, ministrada pelo representante da Curcas Diesel Brasil, Mike Lu.
Segundo ele, as tecnologias de processamento dos resíduos do babaçu têm grande potencial de aproveitamento e é possível construir projetos conjuntos com as instituições de pesquisa e o governo para viabilizar essas potencialidades. Além disso, Mike Lu lembrou que o biodiesel foi escolhido em 2015, pelos países-membros do Acordo de Paris, como estratégia para descarbonizar a economia e frear o aquecimento global e será, a médio prazo, o combustível padrão para honrar os compromissos assumidos e gerar créditos de carbono.
“De 2021 a 2026, é o período de adesão voluntária para utilizar o bioquerone em aviões, que são responsáveis pela emissão de cerca de 3% de gases de efeito estufa. O Brasil, em especial o Maranhão, tem potencial enorme para liderar esse processo e ainda conta com o apoio da logística do Porto de Itaqui, que poderá exportar o produto para países que não têm como produzir produtos renováveis para disseminar efeitos do gás estufa e emitir créditos de carbono. O babaçu é uma mina de ouro, um garimpo pouco inexplorado”, resumiu.
Ainda segundo Mike Lu, o Brasil pode ser um grande fornecedor de biomassa para o mundo e o babaçu tem grande potencial de valor. A proposta de primeira biomassa sustentável para a produção de biocombustível de aviação no Brasil vem da Plataforma Mineira de Bioquerosene, com o desenvolvimento da cadeia produtiva da macaúba.
A palestra “Gargalos e perspectivas para a produção de biodiesel e etanol de babaçu”, ministrada pelo professor da Universidade Federal do Maranhão – UFMA Adeilton Pereira Maciel, também tratou das novas possibilidades para utilização do mesocarpo do babaçu. Como exemplo, citou a produção de biopectina, utilizada nas indústrias alimentícias e de cosméticos para dar a consistência de gel aos produtos, agregando valor, inclusive para exportação.
Esses temas foram parte da mesa redonda “Conhecimento tradicional, tecnologias e negócios para o babaçu, coordenado pela Chefe Geral da Embrapa Cocais.
Flávia Bessa (MTb 4469/DF)
Embrapa Cocais
cocais.imprensa@embrapa.br
Telefone: 98 3878-2222
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Mais informações sobre o tema
Serviço de Atendimento ao Cidadão (SAC)
www.embrapa.br/fale-conosco/sac/
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