Olho do furacão Maria sai de Porto Rico, deixando a ilha arrasada
sexta-feira, setembro 22, 2017
O governador anuncia “danos graves” e adverte sobre inundações com “risco para a vida”
Chuvas torrenciais, rios e reservatórios transbordados, marés
ciclônicas gigantes, ondas de oito metros, árvores pelos ares, janelas
destruídas, 100% das casas sem energia e problemas generalizados de
telecomunicações. O olho do furacão Maria atravessou Porto Rico
com seus devastadores ventos de mais de 200 quilômetros por hora
(categoria 4, a segunda mais potente da escala dos ciclones), entrando
pelo sul às 6h (7h em Brasília) e saindo pelo norte após o meio-dia (13h), o que manteve o alerta por chuvas até esta noite e deixou um cenário de caos total.
Com
um raio de impacto de 100 quilômetros a partir do vórtice, que afetou
todo o território e sobretudo a região central, Maria, o ciclone mais forte que já assolou a ilha
desde 1928, deixou a população do país caribenho enclausurada em
refúgios, casas e hotéis à espera de que o monstro meteorológico vá
embora de uma vez. À medida que o dia avança, é possível ter uma melhor
dimensão da tragédia.
O jornal local El Nuevo Día menciona a destruição quase completa de zonas residenciais; janelas de hospitais arrebentando e pacientes atendidos nos corredores; ruas alagadas; o teto de um abrigo “em pedaços”; uma família chegando “a pé” a um albergue, resistindo às investidas dos ventos fortes; todo tipo de objeto voando pelos ares e chicotadas de água comparáveis a uma “mangueira de pressão”. E um horizonte de escuridão para o país inteiro. A prefeita da capital, San Juan (390.000 habitantes), Carmen Yulin Cruz, afirmou que os moradores poderão ficar durante muito tempo sem luz. O governador da ilha, Ricardo Rosselló, publicou no Twitter seu pedido para que Donald Trump declare Porto Rico “zona de desastre” imediatamente.
Entre 6 e 10 de setembro, o furacão Irma – o mais potente na história do oceano Atlântico – deixou mais de 80 mortos e danos incalculáveis no Caribe e na Flórida. A feroz intensidade dessa temporada de furacões, que infligiu seu primeiro golpe no final de agosto com as históricas inundações deixadas no Texas pelo Harvey, afeta seriamente a região, aumentando a preocupação sobre o efeito da mudança climática no recrudescimento dos desastres naturais na zona. Esta semana, em entrevista a este jornal, o Nobel de Química mexicano Mario Molina explicava: “A mudança climática não ocasiona ventos extremos, mas aumenta sua intensidade. Os furacões têm a ver com a temperatura do mar. E essa temperatura subiu como consequência da mudança climática.”
Às 10h, o governador Rosselló informou sobre o estado da situação em entrevista ao El Nuevo Día, citando “danos graves à infraestrutura e grande devastação”. Também advertiu que o “perigo maior”, “um risco definitivo para a vida” são as inundações, que segundo ele continuarão aumentando ao longo do dia devido às chuvas que vêm depois do ciclone, até mesmo horas depois da passagem do olho do furacão. “Minha mensagem é muito simples. Este é o momento de se proteger. O mais importante é salvar vidas. E não há nenhum furacão mais forte que o povo de Porto Rico. Quando isso passar, juntos vamos nos reerguer”, afirmou.
Segundo o governador, até o momento da entrevista não haviam sido registradas vítimas fatais. Após o meio-dia, o diretor da Agência Estatal para o Manejo de Emergências e Administração de Desastres (AEMEAD), Abner Gómez, fez um balanço desolador: “Definitivamente, encontraremos nossa ilha destruída. A informação que recebemos não é nada alentadora. É um sistema que destruiu tudo o que havia pelo caminho.”
Os destroços serão generalizados em Porto Rico, que além disso enfrenta uma dívida de mais de 120 bilhões de dólares (cerca de 372 bilhões de reais) e crescentes dificuldades de manter os serviços de saúde e o sistema de pensões, com uma grande precarização laboral. O custo de vidas humanas dependerá, em grande medida, da efetividade dos apelos feitos pelo Governo à população mais vulnerável para que não permanecesse em casas frágeis. Quase metade dos 3,5 milhões de habitantes de Porto Rico vive abaixo da linha de pobreza. Em toda a ilha, há construções precárias de madeira e tetos de zinco.
“Na minha casa, uma janela explodiu e arrancou uma porta. O vento e a chuva destruíram tudo na sala. O teto da casa da frente saiu voando”, disse Nydia Pérez, moradora da capital, à emissora local Wapa Radio. De sua casa também na capital, o repórter Benjamín Morales informou sobre a situação ao EL PAÍS, pelo Facebook, nesta manhã: “A conexão via celular é intermitente. Ainda sopram ventos fortíssimos, com muita chuva. Registram-se prejuízos de todo tipo, embora as autoridades não tenham clareza sobre seu alcance porque parte do furacão ainda está passando sobre a ilha. O governador teme uma destruição generalizada, pois [o furacão] atravessou a ilha na diagonal. O fornecimento de eletricidade está morto, como era de se esperar.”
Morales, que cobriu a demolidora passagem do furacão Irma por Cuba e viajou ontem ao seu país para estar com a família, compara ambas as tempestades e acredita que Maria está golpeando Porto Rico ainda com mais força. “Minha casa tem janelas de segurança para [ventos de] 300 quilômetros [por hora] e, em alguns momentos, pensei que alguma delas seria arrancada. Aqui o consenso na rádio é que nunca vimos uma coisa assim”, disse o jornalista.
Na noite de ontem, o presidente dos EUA – do qual Porto Rico é um estado Livre Associado, uma fórmula no meio do caminho entre a subordinação e a autonomia – expressou pelo Twitter sua preocupação e seu apoio aos porto-riquenhos, conhecidos como boricuas e cuja numerosa comunidade na América continental adquire um peso eleitoral cada vez maior, em especial no decisivo estado da Flórida. “Porto Rico será atingido por um novo furacão monstruoso. Cuidem-se, nossos corações estão com vocês e estaremos prontos para ajudá-los!”, escreveu Donald Trump. A ajuda econômica de Washington será crucial para que a ilha possa se reerguer de seu duplo nocaute financeiro e climático.
O furacão Maria tocou terra no Caribe ontem na ilha de Dominica, provocando pelo menos sete mortes e uma “devastação generalizada”, nas palavras de seu primeiro-ministro. Também deixou ao menos dois mortos na ilha francesa de Guadalupe, onde outras duas pessoas estão desaparecidas após sua passagem. Agora o olho do poderoso ciclone aponta para a República Dominicana e as Ilhas Turcas e Caicos. Segundo as previsões, Maria subirá nas próximas 24 horas rumo ao norte e felizmente não afetará o Haiti, o país mais pobre da América Latina. Também não atingirá Cuba nem a península da Flórida, ambas muito prejudicadas pelo gigantesco furacão Irma.
Fonte: El País
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O jornal local El Nuevo Día menciona a destruição quase completa de zonas residenciais; janelas de hospitais arrebentando e pacientes atendidos nos corredores; ruas alagadas; o teto de um abrigo “em pedaços”; uma família chegando “a pé” a um albergue, resistindo às investidas dos ventos fortes; todo tipo de objeto voando pelos ares e chicotadas de água comparáveis a uma “mangueira de pressão”. E um horizonte de escuridão para o país inteiro. A prefeita da capital, San Juan (390.000 habitantes), Carmen Yulin Cruz, afirmou que os moradores poderão ficar durante muito tempo sem luz. O governador da ilha, Ricardo Rosselló, publicou no Twitter seu pedido para que Donald Trump declare Porto Rico “zona de desastre” imediatamente.
Entre 6 e 10 de setembro, o furacão Irma – o mais potente na história do oceano Atlântico – deixou mais de 80 mortos e danos incalculáveis no Caribe e na Flórida. A feroz intensidade dessa temporada de furacões, que infligiu seu primeiro golpe no final de agosto com as históricas inundações deixadas no Texas pelo Harvey, afeta seriamente a região, aumentando a preocupação sobre o efeito da mudança climática no recrudescimento dos desastres naturais na zona. Esta semana, em entrevista a este jornal, o Nobel de Química mexicano Mario Molina explicava: “A mudança climática não ocasiona ventos extremos, mas aumenta sua intensidade. Os furacões têm a ver com a temperatura do mar. E essa temperatura subiu como consequência da mudança climática.”
Às 10h, o governador Rosselló informou sobre o estado da situação em entrevista ao El Nuevo Día, citando “danos graves à infraestrutura e grande devastação”. Também advertiu que o “perigo maior”, “um risco definitivo para a vida” são as inundações, que segundo ele continuarão aumentando ao longo do dia devido às chuvas que vêm depois do ciclone, até mesmo horas depois da passagem do olho do furacão. “Minha mensagem é muito simples. Este é o momento de se proteger. O mais importante é salvar vidas. E não há nenhum furacão mais forte que o povo de Porto Rico. Quando isso passar, juntos vamos nos reerguer”, afirmou.
Segundo o governador, até o momento da entrevista não haviam sido registradas vítimas fatais. Após o meio-dia, o diretor da Agência Estatal para o Manejo de Emergências e Administração de Desastres (AEMEAD), Abner Gómez, fez um balanço desolador: “Definitivamente, encontraremos nossa ilha destruída. A informação que recebemos não é nada alentadora. É um sistema que destruiu tudo o que havia pelo caminho.”
Os destroços serão generalizados em Porto Rico, que além disso enfrenta uma dívida de mais de 120 bilhões de dólares (cerca de 372 bilhões de reais) e crescentes dificuldades de manter os serviços de saúde e o sistema de pensões, com uma grande precarização laboral. O custo de vidas humanas dependerá, em grande medida, da efetividade dos apelos feitos pelo Governo à população mais vulnerável para que não permanecesse em casas frágeis. Quase metade dos 3,5 milhões de habitantes de Porto Rico vive abaixo da linha de pobreza. Em toda a ilha, há construções precárias de madeira e tetos de zinco.
“Na minha casa, uma janela explodiu e arrancou uma porta. O vento e a chuva destruíram tudo na sala. O teto da casa da frente saiu voando”, disse Nydia Pérez, moradora da capital, à emissora local Wapa Radio. De sua casa também na capital, o repórter Benjamín Morales informou sobre a situação ao EL PAÍS, pelo Facebook, nesta manhã: “A conexão via celular é intermitente. Ainda sopram ventos fortíssimos, com muita chuva. Registram-se prejuízos de todo tipo, embora as autoridades não tenham clareza sobre seu alcance porque parte do furacão ainda está passando sobre a ilha. O governador teme uma destruição generalizada, pois [o furacão] atravessou a ilha na diagonal. O fornecimento de eletricidade está morto, como era de se esperar.”
Morales, que cobriu a demolidora passagem do furacão Irma por Cuba e viajou ontem ao seu país para estar com a família, compara ambas as tempestades e acredita que Maria está golpeando Porto Rico ainda com mais força. “Minha casa tem janelas de segurança para [ventos de] 300 quilômetros [por hora] e, em alguns momentos, pensei que alguma delas seria arrancada. Aqui o consenso na rádio é que nunca vimos uma coisa assim”, disse o jornalista.
Na noite de ontem, o presidente dos EUA – do qual Porto Rico é um estado Livre Associado, uma fórmula no meio do caminho entre a subordinação e a autonomia – expressou pelo Twitter sua preocupação e seu apoio aos porto-riquenhos, conhecidos como boricuas e cuja numerosa comunidade na América continental adquire um peso eleitoral cada vez maior, em especial no decisivo estado da Flórida. “Porto Rico será atingido por um novo furacão monstruoso. Cuidem-se, nossos corações estão com vocês e estaremos prontos para ajudá-los!”, escreveu Donald Trump. A ajuda econômica de Washington será crucial para que a ilha possa se reerguer de seu duplo nocaute financeiro e climático.
O furacão Maria tocou terra no Caribe ontem na ilha de Dominica, provocando pelo menos sete mortes e uma “devastação generalizada”, nas palavras de seu primeiro-ministro. Também deixou ao menos dois mortos na ilha francesa de Guadalupe, onde outras duas pessoas estão desaparecidas após sua passagem. Agora o olho do poderoso ciclone aponta para a República Dominicana e as Ilhas Turcas e Caicos. Segundo as previsões, Maria subirá nas próximas 24 horas rumo ao norte e felizmente não afetará o Haiti, o país mais pobre da América Latina. Também não atingirá Cuba nem a península da Flórida, ambas muito prejudicadas pelo gigantesco furacão Irma.
Fonte: El País
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