Sem uso de solo e com iluminação ajustada para as necessidades da planta, sistemas aumentam a produtividade, mas exigem investimento alto
Desenvolvidas como alternativas para a produção de determinados
alimentos - como hortaliças - perto de ambientes urbanos, as fazendas
verticais já são soluções eficientes em diversas partes do mundo.
“Nesses sistemas fechados, você consegue controlar todos os parâmetros,
permitindo uma maior produtividade e também produção durante o ano
todo”, explica Luciano Loman, diretor da Metos Brasil. Loman é um dos
bolsistas brasileiros da Nuffield, programa que seleciona pessoas do
mundo todo envolvidos com o agro para desenvolver projetos em campo. Sua
linha de pesquisa envolve justamente as práticas de agricultura
vertical no mundo e as possíveis aplicações no Brasil.
A implantação de fazendas verticais envolve um alto nível de tecnologia, já que todos os índices são monitorados e ajustados dependendo da necessidade da planta. Em galpões abandonados, prédios ou contêineres, são colocadas várias camadas de produção, alternando plantas e iluminação. As técnicas mais utilizadas são de hidroponia - base é a água - e aeroponia - plantas ficam “suspensas” no ar - e em nenhuma das duas há o uso de solo. “Esses métodos economizam até 95% de água na produção em relação à lavoura tradicional, porque de tempos em tempos é aplicado um spray com água e nutrientes, mas as plantas absorvem apenas o que precisam e o resto é recirculado no sistema”, conta Loman, que já visitou diversas iniciativas do gênero.
Outro componente essencial do sistema é a iluminação. “São LEDs muito eficientes que emitem somente a frequência de onda que a planta vai absorver, com isso é possível controlar o ciclo, porque é como se elas estivessem sempre em um dia perfeito de sol”. Com esses cuidados, é possível reduzir o ciclo da planta em até um terço do observado no ambiente aberto. O ar também é filtrado, o que evita infestações por insetos, fungos e outros problemas. “Então, na maior parte dos casos, você consegue fazer uma agricultura orgânica ou usando bem menos defensivos”. Apesar do uso intenso de tecnologia, o engenheiro diz que o sistema não precisa de tanta atenção depois que já estiver regulado. "Você vai criar receitas e segui-las".
Custos - Toda essa tecnologia, porém, não é barata, dificultando a implementação e rentabilidade em muitos casos. Além disso, o sistema consome muita energia, o que pode comprometer o orçamento, além de, dependendo do país, ser originada de uma fonte pouco sustentável, como o carvão - eliminando um de seus principais trunfos: o de ser sustentável e com baixa pegada de carbono. “As margens para agricultura convencional são baixas e não é diferente para a vertical. Primeiro, porque a gente entra no mesmo mercado. Segundo que, na convencional, se for ver, muita coisa é de graça. O básico que a planta precisa, a natureza fornece. Quando falamos da vertical, por mais que tenhamos uma eficiência fantástica, produção o ano inteiro, temos que prover tudo: água, luz, ar”.
Segundo o empresário, o que as empresas fazem é encontrar seu próprio modelo de negócios, seja em nichos, como os orgânicos, ou produzindo em larga escala. “Todas as empresas estão criando as próprias receitas, porque o modelo permite. Apenas modificando os tratos que a planta recebe - formato da onda de luz, nutrientes, momentos de aplicação - você consegue produzir folhosas com sabores diferentes e até com propriedades específicas para determinado público. Tudo isso sem trabalhar com engenharia genética”, relata Loman, que chegou a experimentar rúculas mais picantes, menos ácidas, entre outras hortaliças, em suas visitas.
Iniciativas - Loman conta que a agricultura vertical vem ganhando mais espaço na Ásia e nos Estados Unidos, com algumas iniciativas também na Europa por causa dos invernos rigorosos. “Na Ásia, você tem pouco solo, população grande e precisa de muita comida e importar não é barato e as folhas já não chegam tão frescas. Já nos EUA os fatores são diferentes. Você tem espaço para produzir, mas as hortaliças, por exemplo, são concentradas na Califórnia e Nova York, grande centro consumidor, fica do outro lado do país”.
Nos EUA, a startup de agricultura vertical Plenty recebeu investimentos de US$ 200 milhões - incluindo do fundo que participa Jeff Bezos, o dono da Amazon - para ampliar seu negócio e levar comida fresca aos principais centros urbanos do mundo.
Entre as visitadas por Loman estão a Farm.One e a AeroFarms. A primeira é especializada em produzir ervas e temperos de todo o mundo para restaurantes de Nova York. “É um mercado de alto valor agregado”, relata o empresário. Já a segunda se concentra na produção em escala - uma de suas fazendas tem cerca de 6.500 m² com capacidade de produção de até 900 mil kg/ano - e tem se expandido nos últimos anos. Eles produzem hortaliças e conseguem concluir ciclos que durariam 30 dias no campo em apenas 16. E alegam ser possível 22 desses ciclos no ano, enquanto nas lavouras dos EUA conseguiriam apenas três devido às limitações climáticas e de solo.
Brasil - Mas seria financeiramente sustentável para a realidade brasileira a adoção de fazendas verticais? “Meu objetivo é entender o que disso tudo faz sentido para o Brasil em médio e longo prazo, porque estamos em outro cenário. Temos bastante terras e clima bom. Na Europa, parte do ano você não produz por causa do inverno rigoroso. Mas, nesses ambientes fechados e verticais, você produz 24h por dia, sete dias por semana, o ano todo. No Brasil, até em volta de São Paulo você tem o cinturão verde, que abastece a cidade”. Os valores da energia no país também encarecem o sistema e o mercado consumidor nacional ainda não se mostra tão disposto a pagar mais por produções locais e sustentáveis como em outros lugares.
Loman acredita que é preciso achar um modelo de maior valor agregado para que as fazendas verticais sejam financeiramente sustentáveis no país. Ele cita o uso de técnicas de agricultura vertical para a produção de sementes, como as de batatas, e de fazendas verticais de plantas para remédios como possíveis ideias. “Muitas dessas plantas não têm abastecimento constante, se passar a encarar essa produção como fábrica na agricultura vertical, você consegue se planejar e produzir de forma eficiente. Talvez adaptar algumas das nossas espécies nativas e trabalhar com elas em escala”.
A implantação de fazendas verticais envolve um alto nível de tecnologia, já que todos os índices são monitorados e ajustados dependendo da necessidade da planta. Em galpões abandonados, prédios ou contêineres, são colocadas várias camadas de produção, alternando plantas e iluminação. As técnicas mais utilizadas são de hidroponia - base é a água - e aeroponia - plantas ficam “suspensas” no ar - e em nenhuma das duas há o uso de solo. “Esses métodos economizam até 95% de água na produção em relação à lavoura tradicional, porque de tempos em tempos é aplicado um spray com água e nutrientes, mas as plantas absorvem apenas o que precisam e o resto é recirculado no sistema”, conta Loman, que já visitou diversas iniciativas do gênero.
Outro componente essencial do sistema é a iluminação. “São LEDs muito eficientes que emitem somente a frequência de onda que a planta vai absorver, com isso é possível controlar o ciclo, porque é como se elas estivessem sempre em um dia perfeito de sol”. Com esses cuidados, é possível reduzir o ciclo da planta em até um terço do observado no ambiente aberto. O ar também é filtrado, o que evita infestações por insetos, fungos e outros problemas. “Então, na maior parte dos casos, você consegue fazer uma agricultura orgânica ou usando bem menos defensivos”. Apesar do uso intenso de tecnologia, o engenheiro diz que o sistema não precisa de tanta atenção depois que já estiver regulado. "Você vai criar receitas e segui-las".
Custos - Toda essa tecnologia, porém, não é barata, dificultando a implementação e rentabilidade em muitos casos. Além disso, o sistema consome muita energia, o que pode comprometer o orçamento, além de, dependendo do país, ser originada de uma fonte pouco sustentável, como o carvão - eliminando um de seus principais trunfos: o de ser sustentável e com baixa pegada de carbono. “As margens para agricultura convencional são baixas e não é diferente para a vertical. Primeiro, porque a gente entra no mesmo mercado. Segundo que, na convencional, se for ver, muita coisa é de graça. O básico que a planta precisa, a natureza fornece. Quando falamos da vertical, por mais que tenhamos uma eficiência fantástica, produção o ano inteiro, temos que prover tudo: água, luz, ar”.
Segundo o empresário, o que as empresas fazem é encontrar seu próprio modelo de negócios, seja em nichos, como os orgânicos, ou produzindo em larga escala. “Todas as empresas estão criando as próprias receitas, porque o modelo permite. Apenas modificando os tratos que a planta recebe - formato da onda de luz, nutrientes, momentos de aplicação - você consegue produzir folhosas com sabores diferentes e até com propriedades específicas para determinado público. Tudo isso sem trabalhar com engenharia genética”, relata Loman, que chegou a experimentar rúculas mais picantes, menos ácidas, entre outras hortaliças, em suas visitas.
Iniciativas - Loman conta que a agricultura vertical vem ganhando mais espaço na Ásia e nos Estados Unidos, com algumas iniciativas também na Europa por causa dos invernos rigorosos. “Na Ásia, você tem pouco solo, população grande e precisa de muita comida e importar não é barato e as folhas já não chegam tão frescas. Já nos EUA os fatores são diferentes. Você tem espaço para produzir, mas as hortaliças, por exemplo, são concentradas na Califórnia e Nova York, grande centro consumidor, fica do outro lado do país”.
Nos EUA, a startup de agricultura vertical Plenty recebeu investimentos de US$ 200 milhões - incluindo do fundo que participa Jeff Bezos, o dono da Amazon - para ampliar seu negócio e levar comida fresca aos principais centros urbanos do mundo.
Entre as visitadas por Loman estão a Farm.One e a AeroFarms. A primeira é especializada em produzir ervas e temperos de todo o mundo para restaurantes de Nova York. “É um mercado de alto valor agregado”, relata o empresário. Já a segunda se concentra na produção em escala - uma de suas fazendas tem cerca de 6.500 m² com capacidade de produção de até 900 mil kg/ano - e tem se expandido nos últimos anos. Eles produzem hortaliças e conseguem concluir ciclos que durariam 30 dias no campo em apenas 16. E alegam ser possível 22 desses ciclos no ano, enquanto nas lavouras dos EUA conseguiriam apenas três devido às limitações climáticas e de solo.
Brasil - Mas seria financeiramente sustentável para a realidade brasileira a adoção de fazendas verticais? “Meu objetivo é entender o que disso tudo faz sentido para o Brasil em médio e longo prazo, porque estamos em outro cenário. Temos bastante terras e clima bom. Na Europa, parte do ano você não produz por causa do inverno rigoroso. Mas, nesses ambientes fechados e verticais, você produz 24h por dia, sete dias por semana, o ano todo. No Brasil, até em volta de São Paulo você tem o cinturão verde, que abastece a cidade”. Os valores da energia no país também encarecem o sistema e o mercado consumidor nacional ainda não se mostra tão disposto a pagar mais por produções locais e sustentáveis como em outros lugares.
Loman acredita que é preciso achar um modelo de maior valor agregado para que as fazendas verticais sejam financeiramente sustentáveis no país. Ele cita o uso de técnicas de agricultura vertical para a produção de sementes, como as de batatas, e de fazendas verticais de plantas para remédios como possíveis ideias. “Muitas dessas plantas não têm abastecimento constante, se passar a encarar essa produção como fábrica na agricultura vertical, você consegue se planejar e produzir de forma eficiente. Talvez adaptar algumas das nossas espécies nativas e trabalhar com elas em escala”.
Fonte: Portal DBO
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