VÍDEO: Como o 'laboratório secreto' do Google cria carro autônomo, balão conectado e pipa elétrica
terça-feira, julho 18, 2017
G1 visita o X, responsável por projetos especiais da empresa-mãe do Google. Ao custo de prejuízos milionários, laboratório tenta criar formas criativas de solucionar problemas em escala global.
Em maio deste ano, inundações afetaram a vida de 900 mil pessoas e deixaram 98 mortos no Peru. Enquanto colocava o país debaixo d’água, as enchentes deixavam os sobreviventes em um apagão digital. A solução para a falta de acesso à internet também veio do céu: balões conectaram as regiões devastadas.
A tecnologia deles foi criada pelo Projeto Loon, do “laboratório
secreto do Google”, o responsável pelos carros que dirigem sozinho da
Waymo e pelas pipas que geram energia elétrica da Makani. E que também
coleciona refugos, como os óculos inteligentes Google Glass (lembra dele?).
Outros, como o Wing, nascem com um propósito (entregas usando drones),
mas se transformam para sobreviver --após chegar a ser adiado, uma
parceria com a Nasa o transformou em um sistema de controle das
aeronaves não tripuladas.
O G1 visitou
o laboratório na Califórnia, nos Estados Unidos. Chamado de Google X
até 2015, a divisão de projetos especiais passou a ser uma subsidiária
da Alphabet para se tornar a fábrica de apostas da empresa-mãe do
Google.
'Laboratório secreto'
O prédio dá a impressão de ser rústico (vigas que sustentam o prédio e
tubulações ficam aparentes), mas detalhes da decoração lembram o que é
feito ali. Salas de vidro têm nome de robôs famosos e tecnologias
criadas lá estão espalhadas por todo canto. Em um salão, os visitantes
se deparam com um telão enorme que, suspenso no ar, exibe imagens
térmicas de quem para diante dele . Se continuam a olhar para cima, veem
drones e balões pendurados no teto.
Muito do que é feito no X não pode ser mostrado, porque ainda é segredo e o trabalho envolve a criação de soluções criativas.
“Para começarmos [um projeto], o mais importante é um grande problema no mundo que afete milhões e milhões de pessoas. Com os carros que se dirigem sozinhos, por exemplo, nós sabíamos que 1,2 milhão de pessoas morrem nas estradas do mundo todos os dias. Esse é um problema gigante”, afirma Courtney Hohne, porta-voz do X.
“Ou no caso do Loon. Nós sabemos que metade do mundo ainda não possui acesso à internet.”
Nascido em 2013, o projeto coloca no ar balões que transmitem sinal de
internet para regiões remotas, em que a infraestrutura de
telecomunicações é precária. O Loon já esteve no ar do Brasil, mas foi
durante as enchentes no Peru que forneceu conexão a milhares de pessoas
pela primeira vez. A parceria entre X e Telefónica cobriu áreas da
capital Lima, Chinbote e Piura.
“Nós sabemos que, em tempos assim, conectividade básica é importante. É
muito útil para as pessoas terem acesso à internet e conseguir
descobrir o que fazer para se manterem seguros, o que está acontecendo
em volta delas”, diz Sal Candido, engenheiro do Projeto Loon.
“O resultado disso é que lidamos com 160 Gigabytes de tráfego. Isso dá
30 milhões de mensagens pelo WhatsApp ou 8 milhões de e-mails.”
Tecnologia de ficção científica
Um dos mandamentos do X é colocar o protótipo de uma tecnologia em
teste antes de gastar milhares de dólares nela. Por isso, o primeiro
balão do Loon foi feito a partir de uma caixa de isopor comprada no
supermercado.
“A gente busca por uma tecnologia que rompa com padrões, algumas tecnologias estranhas que soam a ficção científica, que, caso consigamos fazer funcionar, poderiam de fato nos ajudar a resolver um problema”, diz Courtney Hohne, porta-voz do X.
“No caso dos carros autônomos, são os softwares e sensores que fazem que o carro possa se dirigir sozinho”, exemplifica.
Se os balões do Loon estão no ar para reduzir os apagões de
conectividade no mundo e os carros do Waymo saem às ruas para reduzir o
número de acidentes, as pipas da Makani pairam para criar uma forma
sustentável de energia.
“A Makani é basicamente um avião grande, mas apenas asas e rotores.
Decola como um helicóptero, voa até chegar a mil pés e começa a fazer
‘loopings’ no céu. Ela é ligada a um poste para produzir eletricidade”,
diz Courtney.
“Esperamos que um dia isso possa abrir oportunidades para conseguirmos energia eólica e talvez possamos fazer essa coisa chamada de mudança climática ficar um pouco dentro do controle.”
Futuro
Apesar de as empresas nascerem com intenções nobres, Courtney ressalta
que o X não é uma organização filantrópica. O objetivo é criar
iniciativas que deem lucro. Mas no futuro. Os projetos da Alphabet
consideradas apostas, como os criados no X, geraram receitas de US$ 244
milhões no primeiro trimestre de 2017 –no mesmo período, o Google
faturou US$ 24,5 bilhões. Só que, enquanto o Google lucrou US$ 7,6
bilhões, as apostas deram prejuízo de US$ 855 milhões.
Um projeto é bem sucedido quando se torna uma subsidiária da Alphabet,
vira um novo serviço do Google, recebe algum investimento de
financiadores externos ou é vendido, diz Courtney.
Desse ponto de vista, outras iniciativas estão à frente de Loon, Waymo e
Makani. A Verily, por exemplo, virou um braço da Alphabet. Focada em
levar tecnologia para o tratamento de doenças, a empresa fez uma
parceria com uma companhia da Novartis para desenvolver uma lente de
contato que mede o nível de glicose de pessoas com diabetes.
Por outro lado, há ideias que empacaram, caso do Glass. Os óculos
chegaram a ser colocados à venda, mas a reação do público, incomodado
com a constante possibilidade de ser filmado pela câmera embutida do
acessório, fez o Google congelar o projeto.
Fonte: G1
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