PESQUISA-Incerteza política fará Brasil crescer menos em 2017 e 2018
quinta-feira, julho 20, 2017
BRASÍLIA
(Reuters) - As economias latino-americanas provavelmente estão
crescendo mais lentamente do que o esperado este ano, diante das
incertezas políticas antes de uma série de eleições, segundo pesquisa da
Reuters publicada nesta quarta-feira.
Os
economistas dos principais bancos e consultorias reduziram suas
estimativas para o crescimento econômico em 2017 para todos os sete
maiores países da região, quando comparada com a pesquisa de abril, com
exceção do México, onde o impacto potencial da surpreendente eleição de
Donald Trump como presidente dos Estados Unidos parecia exagerado.
"Esperamos
uma recuperação gradual no segundo semestre e até 2018", disse o
economista-sênior da Pantheon Economics, Andres Abadia. "Mas o aumento
da incerteza política e o fim iminente de efeitos de base favoráveis
nas taxas de inflação em algumas economias limitarão o alcance da ação
das autoridades".
A previsão agora é de que o
Brasil, maior economia da América Latina, cresça 0,5 por cento em 2017 e
2,1 por cento em 2018, de acordo com a mediana das estimativas, abaixo
de 0,6 e 2,4 por cento na pesquisa de abril, respectivamente.
O
Chile e a Colômbia deverão crescer 1,6 e 1,9 por cento este ano, abaixo
de 1,9 e 2,3 por cento, respectivamente, no levantamento do último
trimestre. Na Argentina e no Peru, o PIB deverá crescer 2,5 e 2,7 por
cento, respectivamente, também abaixo dos 2,8 e 3,5 por cento calculados
na pesquisa de abril.
Na contramão, veio o
México, cujas contas de crescimento subiram a 1,9 por cento para 2017,
ante 1,7 por cento na pesquisa passada.
"As
empresas do México parecem ter percebido que podem ter reagido
prematuramente a possíveis mudanças nas políticas dos EUA", disse o
economista-chefe do HSBC no México, Alexis Milo.
Temporada De EleiçãO
Apesar
da piora das estimativas, a região como um todo ainda deve recuperar-se
da contração estimada de 1 por cento em 2016, de acordo com o Fundo
Monetário Internacional (FMI), em parte porque a queda da inflação está
permitindo que os bancos centrais reduzam as taxas de juros.
No
Brasil, a inflação deverá cair abaixo de 3 por cento pela primeira vez
em mais de dez anos até setembro. A demanda do consumidor permanece
fraca após a profunda recessão que terminou no primeiro trimestre, e o
Banco Central provavelmente reduzirá a taxa básica de juros para cerca
de 8 por cento este ano, perto da mínima histórica.
O
avanço da crise política do país, com o presidente Michel Temer
enfrentando acusações de corrupção e eventual afastamento do cargo,
também turvou o cenário com o aumento das preocupações com a aprovação
da reforma da Previdência.
"A permanência de
Temer no poder continua sendo o principal ponto de interrogação no
Brasil", escreveram os economistas da consultoria 4E.
A
questão não é apenas quem permanecerá como presidente este ano, mas
também quem deve ser eleito para outro mandato de quatro anos ao final
de 2018. O ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva, que lidera as
pesquisas, foi condenado na semana passada a quase dez anos na prisão.
Ele permanecerá livre em recurso.
Também devem correr eleições no México, na Colômbia e no Chile. A Argentina tem uma votação legislativa prevista para outubro.
Mas
nenhuma dessas incertezas políticas se compara com a vizinha Venezuela,
considerada uma "área de desastre" nas palavras de Abadia, do Pantheon
Economics.
Apesar de terem as maiores reservas conhecidas de
petróleo do mundo, prevê-se que a economia venezuelana diminua 6 por
cento em 2017 e 3 por cento em 2018, frente às previsões de contração de
3,5 e 0,3 por cento na pesquisa de abril, quando o conflito entre o
presidente Nicolas Maduro e os líderes da oposição aumentaram.Fonte: Reuters
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