Exploração da macaúba garante sobrevivência de famílias no Norte de Minas
segunda-feira, julho 17, 2017
Coco extraído da palmeira tem garantido renda para 400 famílias do Norte de Minas. Experiência bem-sucedida tem atraído a atenção de produtores rurais de outras regiões
A luta de 14 anos para a exploração do coco da macaúba renderam frutos. É o que conta o presidente da Cooperativa de Agricultores Familiares e Agroextrativista Ambiental do Vale do Riachão (Cooper Riachão), Agnaldo Fonseca. Ele foi um dos pioneiros na atividade. Inicialmente, a extração, ainda em 2003, se limitava a 25 caixas. Hoje, são extraídas e beneficiadas mais de 450 toneladas anuais.
Fonseca explica que do coco da macaúba tudo é aproveitado, da casca à deliciosa castanha em seu interior. “Nós estávamos lutando para retirada de pivôs colocados ao longo do Rio Riachão por grandes agricultores, que estavam secando o rio. Assim, andando ao longo das margens percebemos a existência de inúmeras palmeiras e passamos a buscar ajuda para explorar o coco. Fomos vitoriosos na luta em defesa do rio, hoje, sem pivôs e ainda descobrimos uma importante fonte de renda para as famílias locais”, diz o produtor.
O gerente financeiro e administrativo da Cooper Riachão, João Elias Ribeiro, conta que do óleo da castanha e da popa do coco da macaúba é retirada a matéria-prima para a fabricação de produtos como o sabão em barra e em pó, além da pasta de brilho para alumínio. Além disso, a polpa, depois de retirado o óleo, é triturada junto com a casca externa do fruto e se transforma em ração para bovinos e equinos. E mais. A casca da semente e os resíduos dela, depois de retirado o óleo, pode ser triturada para a produção uma ração de qualidade para aves.
A exploração da macaúba já está despertando o interesse de diversos compradores, de olho na qualidade e preço dos produtos. “Nós vendemos parte da nossa produção de óleo para a Petrobras e temos compradores importantes do estado de São Paulo, do Distrito Federal e de Brasília”, conta Ribeiro. Ele, que já tinha deixado a cidade natal, retornou para realizar o sonho de dias melhores.
Segundo Ribeiro, no ano passado, a cooperativa faturou R$ 260 mil somente com a venda dos produtos do coco da macaúba. “Hoje, o pequeno produtor rural do Vale do Rio Riachão não é mais dependente de programas governamentais de transferência de renda”, atesta. Por sua vez, Agnaldo Fonseca diz que o mercado pode expandir muito e vê um horizonte de céu azul pela frente. “Não existe barreira de mercado, pois recentemente a Unidade de Beneficiamento do Coco Macaúba conseguiu a certificação ambiental da Roundtable on Sustainable Biomaterials (RSB) com suporte do Programa Boeing de Cidadania Corporativa”, explica. A unidade fica no município de Montes Claros”, conta. Ele diz ainda que o sucesso da iniciativa e a compra de maquinário contou com o apoio da Companhia de Desenvolvimento dos Vales do São Francisco e do Parnaíba (Codevasf) e outros parceiros.
VIVEIRO Com o sucesso da extração, a Cooper Riachão já está partindo para um novo desafio: a montagem de um viveiro de mudas. “O objetivo é fazer o plantio e ainda a reposição das matas ciliares do Riachão”. Fonseca explica ainda que já têm 120 hectares destinado a essa finalidade, mas garante que o desafio será grande. “Nunca fizemos o plantio e, então, não sabemos como elas vão reagir, por exemplo, a pragas. Mas a palmeira é muito resistente”, diz. O zoologista Anderson Rabello, analista em desenvolvimento regional da Codevasf, explica que uma palmeira vive até 100 anos e tem o auge de sua produção a partir de 30 anos. Além disso, de cerca de 100 frutos que caem da palmeira, apenas três deles vão germinar e, por isso, a importância do viveiro. Segundo ele, se comparado ao plantio de soja, a macaúba pode ser cinco vezes mais produtiva.
Para falar da importância da atividade, a Codevasf está promovendo o Seminário Regional do Coco Macaúba, em parceria com a Associação Comunitária de Pequenos Produtores Rurais de Riacho D’antas e Adjacências no auditório do Câmpus da Universidade Federal de Minas Gerais/ICA, em Montes Claros, no próximo dia 1º. “Nosso objetivo é reunir para debater os diferentes atores dessa cadeia de produção e repassar a experiência desenvolvida ao longo do Riachão. Já são 350 inscritos e entre eles estão associações de cidades como Dores do Indaía e Patos de Minas, que já tiveram experiências semelhantes e querem avançar no processo, diz Rabello, que também coordena o seminário.
Fonte: EM
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