Ao primeiro encontro, Putin e Trump anunciam trégua no Sul da Síria
segunda-feira, julho 10, 2017
Os presidentes da Rússia e dos Estados Unidos reuniram em Hamburgo, à
margem da cimeira do G20 e revelaram "grande entendimento" e uma
"química positiva".
O Presidente dos Estados Unidos, Donald Trump, teve o seu primeiro
encontro face a face com o homólogo russo, Vladimir Putin em Hamburgo,
no G20. A reunião devia ter durado 30 minutos, mas acabou por se
prolongar por quase duas horas e meia, e de lá saiu um anúncio de
compromisso para um cessar-fogo no Sudoeste da Síria, a partir das nove
horas de domingo."É a primeira indicação de que os Estados Unidos e a Rússia são capazes de trabalhar juntos na Síria”, observou o secretário de Estado norte-americano, Rex Tillerson. O acordo de “apaziguamento” conta também com a assinatura da Jordânia, que faz fronteira com a província síria de Daraa – onde bombardeamentos do regime de Assad deitaram por terra uma trégua informal.
“Nos últimos dois anos, essa frente [de guerra] esteve muito mais parada do que o resto da Síria, uma vez que os aliados dos rebeldes limitaram o seu apoio”, sublinhava o The Guardian. O acordo russo-americano negociado em Hamburgo terá um valor mais simbólico do que prático, interpretavam os analistas.
Na sua curta interacção para as câmaras antes da reunião – que decorreu enquanto os restantes 18 líderes do G20 terminavam uma sessão conjunta sobre o desafio das alterações climáticas, onde reafirmaram o seu compromisso com o Acordo de Paris para combater o aquecimento global, abandonado pelos EUA – os dois líderes trocaram sorrisos e elogios.
Putin não manifestou qualquer incómodo com o endurecimento da linguagem de Trump em comentários sobre a “desestabilização” russa na Ucrânia na véspera do encontro. E o Presidente dos EUA não se mostrou constrangido pelas suspeitas de conluio com a Rússia para derrotar a sua adversária democrata, Hillary Clinton, que pairam sobre membros da sua campanha e da Casa Branca.
“Senhor Putin, é uma honra estar consigo”, afirmou Trump, que esperava que “muitas coisas positivas venham a acontecer para a Rússia, para os EUA, para toda a gente”. Ignorando as perguntas sobre a interferência da Rússia na campanha presidencial americana, Trump disse que as suas conversas ao telefone com Putin têm sido “muito, muito boas”.
“Estou encantado por poder finalmente conhecê-lo. Espero que esta nossa reunião tenha bons resultados”, replicou Putin, depois de confirmar aos jornalistas que apesar de os seus telefonemas para a América para discutir “importantes questões bilaterais e internacionais” serem muito produtivos, “as conversas ao telefone não são suficientes”.
A quantidade de “assuntos bilaterais e internacionais" que os Presidentes tinham para discutir era infindável: dos grandes temas inscritos pela anfitriã Angela Merkel na agenda do G20, o comércio livre e as alterações climáticas, às questões das migrações e do combate ao terrorismo levantadas pelos líderes da União Europeia, aos focos de conflito que preocupam Estados Unidos e Rússia mas nos quais se encontram em lados opostos: a guerra da Síria e a instabilidade no Golfo Pérsico ou a ameaça nuclear da Coreia do Norte.
Segundo Putin, as discussões centraram-se na “Ucrânia, Síria e outros problemas bilaterais. Também abordamos a luta ao terrorismo e a cibersegurança”, revelou à agência russa Interfax, antes de entrar na sala de mais uma ronda bilateral, com o primeiro-ministro do Japão, Shinzo Abe. Trump deixou o centro de congressos de Hamburgo e seguiu (com uma hora de atraso) para a recepção, jantar e concerto na Elbphilarmonie, à beira rio, sem falar sobre o encontro – que segundo Rex Tillerson, começou com uma “robusta e demorada troca de ideias” sobre a alegada interferência da Rússia “em processos democráticos nos EUA e outros países”.
Fonte: Público
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