Cientistas pedem ação urgente sobre clima ao fim de cúpula em Paris
quinta-feira, julho 16, 2015
Mais de 2 mil cientistas se reuniram ao longo da semana na França.
Aquecimento tem o potencial de afetar a cada região do mundo.
O pedido foi lançado em uma declaração que encerrou quatro dias de debate na sede da Unesco, em Paris, onde estavam presentes 2.000 especialistas de 100 países, faltando menos de cinco meses para a conferência sobre o clima (COP 21) de Paris, um momento esperado e decisivo na luta contra as mudanças climáticas.
"As mudanças climáticas são um desafio determinante do século 21" e "2015 é um ano crucial para realizar avanços", escreveram os 36 pesquisadores que representam o comitê científico da conferência da Unesco.
Os impactos das mudanças climáticas que estão acontecendo em uma velocidade sem precedentes "já afetam todos os continentes, do Equador aos polos, das montanhas às planícies", dizem. Advertem também que as modificações do sistema climático favorecem os fenômenos extremos (ondas de calor, fortes precipitações, incêndios florestais, secas, derretimento de neve e gelo).
O aumento do nível do mar, a acidificação dos oceanos, a migração acelerada de espécies marinhas, o declínio de outras ou a modificação do rendimento agrícola são também consequências do aquecimento e aumentarão se a alta mundial das temperaturas seguir no ritmo atual.
O aquecimento "tem o potencial de afetar a cada região do mundo, cada ecossistema e vários aspectos da atividade humana", advertem os pesquisadores, em sua maioria membros do grupo intergovernamental de especialistas na evolução do clima (IPCC), referência no assunto.
O mundo está em um momento divisor de águas e "cada país tem um papel a cumprir", dizem, enquanto 195 nações devem concluir em dezemro em Paris um acordo universal que comprometa a todos os países - desenvolvidos, emergentes ou em vias de desenvolvimento - em um modelo econômico cada vez menos baseado em energias fósseis (gás, carbono, petróleo).
"Economicamente possível"
"Uma ação ambiciosa destinada a reduzir as emissões de gases de efeito estufa para que não superem uma alta de 2ºC na escala planetária "é econômicamente possível" segundo eles. Postergar as medidas "aumentarão seus custos e sua complexidade".
Nas próximas décadas, os investimentos no setor de energia alcançarão montantes exorbitantes e a soma necessária para uma transição para energias limpas (não emissoras de gases de efeito estufa) constitituiria "uma pequena fração do montante", calculam os economistas.
Joseph Stiglitz, prêmio Nobel de Economia, argumentou nesta sexta-feira nesse sentido durante uma apresentação da Unesco: investir para lutar contra as mudanças climáticas "estimularia o crescimento e o emprego", disse. Isso permitiria também lutar contra "o aumento das desigualdades", insistiu.
Ao destacar que muitos países nem sequer conseguem suprimir os subsídios de energias fósseis, o economista preconiza "um preço único para o carbono" a nível mundial.
Em sua declaração, os cientistas lembram que para limitar o aquecimento a 2ºC (lvendo em conta que já foi registrado + 0,8°C) as emissões de gases de efeito estufa devem ser nulas de hoje até o final do século, o que necessitaria de uma redução de 40 a 70% em 2050 com relação a 2010.
Para avançar nessa direção, os setores mais fáceis de atuação são: desmatamento, eficácia energética, produção de eletricidade, prédios e automóveis, indicam os pesquisadores.
Atuar no campo "da aviação, dos caminhões do setor marítimo e da agricultura será mais complicado".
Finalmente, para incentivar os políticos a atuar sem demora, os cientistas invocam a "vulnerabilidade" mais importante dos países onde existe pobreza, desigualdade, falta de infraestrutura e boa governança.
Fonte: G1
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