Emissão de CO2 deve cair 35% no Brasil até 2030 para evitar caos, diz ONG
terça-feira, junho 30, 2015
As emissões de gases de efeito estufa do Brasil devem se limitar a 1 bilhão de toneladas de gás carbônico até 2030, reduzindo em 35% a redução das emissões que o país lança atualmente na atmosfera, que chega a 1,5 bilhão de toneladas.
Essa é a proposta do Observatório do Clima, rede que reúne 37 entidades da sociedade civil, que discute as mudanças climáticas no contexto brasileiro. A meta faria o país deixar de ser um dos maiores poluidores do mundo e, consequentemente, contribuiria para evitar o aquecimento global e evitaria um caos econômico.
O observatório lançou um documento nesta sexta-feira (26), em São Paulo, no qual lista o conjunto de providências que devem ser feitas nos setores da agropecuária, indústria, energia e de combustíveis fósseis para se bater essa meta.
O objetivo principal é assegurar que a temperatura global não aumente mais do que 2º C no período, o que significaria uma mudança radical no clima e o aumento de desastres naturais e, consequentemente, o colapso de setores econômicos no Brasil e no mundo.
“Se a temperatura do planeta aumentar até 3ºC o potencial hidrelétrico cai 20% por causa de mudanças no regime das chuvas. Na agricultura, há janelas de plantio que se houver alteração nas chuvas não se consegue planejar e poderá haver redução da oferta de alimentos. Se a temperatura aumentar mais do que isso, é o caos, o colapso econômico”, afirmou Tasso Azevedo, coordenador do Sistema de Estimativas de Emissões de Gases de Efeito Estufa do Observatório do Clima.
A redução sistemática das emissões, conforme sugerida no documento, ocorreria a partir de 1º de janeiro de 2021. Daí em diante, ficariam cada vez mais limitadas ao longo de dois períodos de cinco anos, até que, em 2030, a emissão de gases de efeito estufa atinja a meta.
Brasil é um dos vilões
O Brasil tem papel importante na tentativa de redução pois é um dos dez maiores emissores de CO2 do planeta, que correspondem a quase 2/3 das emissões globais, informa o OC.
Parte significativa dessas emissões vem do desmatamento da Amazônia realizado na última metade do século 20, que contribuiu para o aumento verificado da temperatura global.
Um dos elementos da proposta da sociedade civil para 2030 é que o país zere a perda de vegetação nativa.
“Entre 1991 e 2012, 127 milhões de brasileiros foram afetados por desastres naturais. Se não reduzirmos as emissões, tende a ficar pior”, disse Carlos Rittl, secretário-executivo do OC.
No longo prazo, o documento sugere a neutralidade das emissões do Brasil e dos demais países em 2050, para reduzir consideravelmente o risco que o aquecimento global representa para o planeta.
O documento divulgado está sendo chamado de INDC da sociedade civil e se antecipa ao governo brasileiro que ainda não indicou as bases da sua própria INDC que terá que levar para a 21ª Conferência do Clima das Nações Unidas, que acontecerá em Paris em dezembro.
“O que estamos propondo é obrigação do Brasil e deve ser feito com recursos próprios. Mas vamos enviar nosso documento aos ministérios do Meio Ambiente e da Ciência, Tecnologia e Inovação”, disse Rittl.
As INDCs (sigla em inglês para Contribuições Nacionalmente Determinadas Pretendidas) consistem em metas que todos os países deverão apresentar até 1º de outubro deste ano para o novo acordo a ser assinado na França.
O que deve mudar?
Serão necessárias uma série de mudanças em vários setores da economia para garantir a diminuição das emissões de gás carbônico.
No setor elétrico, a proposta é congelar a expansão de fontes térmicas de combustível fóssil, e investir mais em energia solar, energia de biomassa (queima de bagaço de cana em termelétricas) e energia eólica, o que garantiria segurança energética em períodos de baixo nível de água em reservatórios de usinas hidrelétricas que fazem parte do Sistema Interligado Nacional.
Na área de transportes, se preconiza a ampliação da oferta de transporte público de passageiros e o estímulo para que as pessoas troquem o transporte individual pelo coletivo ou pelo não motorizado. Por outro lado, os ônibus urbanos das regiões metropolitanas devem adotar outras fontes de energia que não sejam o óleo diesel, extremamente poluidor, dando preferência ao etanol e baterias.
“O foco da redução é no transporte rodoviário, o que corresponde a 90% do transporte usado no país”, afirma André Ferreira, diretor-presidente do Instituto de Energia e Meio Ambiente (Iema), responsável pelos cálculos nesse quesito.
Quanto ao transporte rodoviário de carga, sugere-se aumentar a mistura de biodiesel no diesel de petróleo para 20%, o chamado B20, além de adaptação da frota às melhores práticas internacionais (caminhões e carros de melhor desempenho e menos poluentes).
Na agropecuária, o objetivo maior é recuperar 18 milhões de hectares de pastagens degradadas e implementar 3,5 milhões de hectares de integração lavoura-pecuária-floresta, para fazer frente ao crescimento do rebanho, projetado para mais de 260 milhões de cabeças.
O aumento da qualidade das pastagens, a suplementação animal e a redução da idade de abate são outras medidas que reduzirão as emissões do rebanho bovino, segundo os especialistas do OC.
A expansão das áreas de lavoura, estimada em mais de 20 milhões de hectares, requererá que 70% da área de produção de grãos (83 milhões de hectares em 2030) adote o sistema de plantio direto e priorize o uso de variedades que realizam a fixação biológica de nitrogênio.
Fonte: Uol - Ubrabio
Essa é a proposta do Observatório do Clima, rede que reúne 37 entidades da sociedade civil, que discute as mudanças climáticas no contexto brasileiro. A meta faria o país deixar de ser um dos maiores poluidores do mundo e, consequentemente, contribuiria para evitar o aquecimento global e evitaria um caos econômico.
O observatório lançou um documento nesta sexta-feira (26), em São Paulo, no qual lista o conjunto de providências que devem ser feitas nos setores da agropecuária, indústria, energia e de combustíveis fósseis para se bater essa meta.
O objetivo principal é assegurar que a temperatura global não aumente mais do que 2º C no período, o que significaria uma mudança radical no clima e o aumento de desastres naturais e, consequentemente, o colapso de setores econômicos no Brasil e no mundo.
“Se a temperatura do planeta aumentar até 3ºC o potencial hidrelétrico cai 20% por causa de mudanças no regime das chuvas. Na agricultura, há janelas de plantio que se houver alteração nas chuvas não se consegue planejar e poderá haver redução da oferta de alimentos. Se a temperatura aumentar mais do que isso, é o caos, o colapso econômico”, afirmou Tasso Azevedo, coordenador do Sistema de Estimativas de Emissões de Gases de Efeito Estufa do Observatório do Clima.
A redução sistemática das emissões, conforme sugerida no documento, ocorreria a partir de 1º de janeiro de 2021. Daí em diante, ficariam cada vez mais limitadas ao longo de dois períodos de cinco anos, até que, em 2030, a emissão de gases de efeito estufa atinja a meta.
Brasil é um dos vilões
O Brasil tem papel importante na tentativa de redução pois é um dos dez maiores emissores de CO2 do planeta, que correspondem a quase 2/3 das emissões globais, informa o OC.
Parte significativa dessas emissões vem do desmatamento da Amazônia realizado na última metade do século 20, que contribuiu para o aumento verificado da temperatura global.
Um dos elementos da proposta da sociedade civil para 2030 é que o país zere a perda de vegetação nativa.
“Entre 1991 e 2012, 127 milhões de brasileiros foram afetados por desastres naturais. Se não reduzirmos as emissões, tende a ficar pior”, disse Carlos Rittl, secretário-executivo do OC.
No longo prazo, o documento sugere a neutralidade das emissões do Brasil e dos demais países em 2050, para reduzir consideravelmente o risco que o aquecimento global representa para o planeta.
O documento divulgado está sendo chamado de INDC da sociedade civil e se antecipa ao governo brasileiro que ainda não indicou as bases da sua própria INDC que terá que levar para a 21ª Conferência do Clima das Nações Unidas, que acontecerá em Paris em dezembro.
“O que estamos propondo é obrigação do Brasil e deve ser feito com recursos próprios. Mas vamos enviar nosso documento aos ministérios do Meio Ambiente e da Ciência, Tecnologia e Inovação”, disse Rittl.
As INDCs (sigla em inglês para Contribuições Nacionalmente Determinadas Pretendidas) consistem em metas que todos os países deverão apresentar até 1º de outubro deste ano para o novo acordo a ser assinado na França.
O que deve mudar?
Serão necessárias uma série de mudanças em vários setores da economia para garantir a diminuição das emissões de gás carbônico.
No setor elétrico, a proposta é congelar a expansão de fontes térmicas de combustível fóssil, e investir mais em energia solar, energia de biomassa (queima de bagaço de cana em termelétricas) e energia eólica, o que garantiria segurança energética em períodos de baixo nível de água em reservatórios de usinas hidrelétricas que fazem parte do Sistema Interligado Nacional.
Na área de transportes, se preconiza a ampliação da oferta de transporte público de passageiros e o estímulo para que as pessoas troquem o transporte individual pelo coletivo ou pelo não motorizado. Por outro lado, os ônibus urbanos das regiões metropolitanas devem adotar outras fontes de energia que não sejam o óleo diesel, extremamente poluidor, dando preferência ao etanol e baterias.
“O foco da redução é no transporte rodoviário, o que corresponde a 90% do transporte usado no país”, afirma André Ferreira, diretor-presidente do Instituto de Energia e Meio Ambiente (Iema), responsável pelos cálculos nesse quesito.
Quanto ao transporte rodoviário de carga, sugere-se aumentar a mistura de biodiesel no diesel de petróleo para 20%, o chamado B20, além de adaptação da frota às melhores práticas internacionais (caminhões e carros de melhor desempenho e menos poluentes).
Na agropecuária, o objetivo maior é recuperar 18 milhões de hectares de pastagens degradadas e implementar 3,5 milhões de hectares de integração lavoura-pecuária-floresta, para fazer frente ao crescimento do rebanho, projetado para mais de 260 milhões de cabeças.
O aumento da qualidade das pastagens, a suplementação animal e a redução da idade de abate são outras medidas que reduzirão as emissões do rebanho bovino, segundo os especialistas do OC.
A expansão das áreas de lavoura, estimada em mais de 20 milhões de hectares, requererá que 70% da área de produção de grãos (83 milhões de hectares em 2030) adote o sistema de plantio direto e priorize o uso de variedades que realizam a fixação biológica de nitrogênio.
Fonte: Uol - Ubrabio
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