A Associação Brasileira das Indústrias de Óleos Vegetais (Abiove) sugere ao governo federal que autorize o uso voluntário do diesel com até 10% de biocombustível. O aumento da mistura de biodiesel no diesel, que hoje é de 7%, pode ser uma alternativa para reduzir o preço do combustível.
O projeto da Abiove, conhecido como BX Opcional, propõe ao Ministério de Minas e Energia a autorização de uma mistura que possa chegar até 10%, dependendo do interesse das distribuidoras de combustível. De acordo com o assessor econômico da associação, Leonardo Zilio, a ideia é que, no futuro, se houver redução no preço do biodiesel, concomitante com possíveis aumentos no preço do diesel mineral, a estrutura legal esteja pronta que as agroindústrias forneçam mais biodiesel.
"Se o patamar vai ser 7, 8, 9 ou 10%, que é uma espécie de limite superior da nossa proposta, quem vai determinar isso serão as forças de mercado", aponta Zilio.
Algumas regiões de estados como Goiás, Mato Grosso e Rio Grande do Sul, onde, ao contrário da tendência nacional, o biocombustível é mais barato do que o mineral, seriam as mais beneficiadas. "Na nossa percepção, o resultado é imediato para estados como Mato Grosso, por exemplo, que tem uma grande produção de biodiesel e é um importador de diesel mineral", diz Zilio.
No caso de Mato Grosso, o assessor da Abiove lembra que o diesel mineral sai de São Paulo, do Rio de Janeiro, ou dos portos do litoral, percorrendo, às vezes, 2,5 mil quilômetros até lá. "Regionalmente, essa medida tende a ter impactos econômicos imediatos", reforça.
Uma das partes interessadas na proposta, os donos de grandes frotas, aprovam a ideia, mas têm preocupações sobre os riscos que a mistura opcional poderia oferecer aos motores dos veículos. O presidente da Associação Brasileira de Transportes e Logística de Produtos Perigosos, Paulo de Tarso Gomes, diz que a entidade apoia o projeto. "Se ele tecnicamente está adequado e é mais econômico, é lógico que o transportador vai requerer. Se isso vai resultar num preço final, ao consumidor, mais baixo, tenho um pouco de dúvida, mas, se for, a gente dá o apoio completo", diz.
A Abiove defende que misturas até 10% são altamente seguras e usadas em outros países, como Argentina e Estados Unidos. De acordo com Leonardo Zilio, a Indonésia também já trabalha com o B10 e, inclusive, está passando para o B15. "Diversos estados norte-americanos usam o B20, que é um teor de 20% de mistura, e existem vários casos na Europa, também com usos maiores, sem problemas nos motores. Nós temos uma margem de segurança muito boa, que poderia chegar a 20% sem impacto nos motores ciclo diesel", elabora Zilio.
Por meio de nota, o Ministério de Minas e Energia informou que está em estudo na pasta uma proposta que autoriza a comercialização e o uso voluntário de misturas acima do permitido atualmente. Mas, no informativo, o órgão reforçou que não considera o uso amplo e irrestrito do mecanismo.
Fonte: Biomercado
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