País já é o segundo que mais cria vagas relacionadas à energia limpa, empregando 894?000 pessoas.
Além de ser um recurso importante para assegurar a demanda por eletricidade no Brasil nos próximos anos, as energias renováveis, como eólica, solar e térmica por biomassa, têm a vantagem de ser consideradas uma matriz limpa, que causa poucos danos ambientais. Elas são também um mercado de trabalho em expansão no Brasil.
Segundo um estudo da Agência Internacional de Energia Renovável (Irena, na sigla em inglês) publicado em 2014, o país já é o segundo que mais cria vagas relacionadas à energia limpa, empregando 894 000 pessoas.
Uma estimativa da Associação Brasileira de Energia Eólica (Abeeólica) calcula que, só na área da geração desse tipo de energia, os postos de trabalho saltarão de 32 000 para 280 000 até 2020. Muitas dessas vagas são destinadas a profissionais altamente especializados, como engenheiros, meteorologistas, geólogos e executivos com experiência na área de sustentabilidade.
Preencher o quadro no mesmo ritmo em que o setor cresce não tem sido tarefa fácil. “Para as posições que exigem conhecimento técnico, é difícil encontrar gente pronta”, diz Sueli Hudson, gestora de recursos humanos da Pacific Hydro, multinacional australiana que tem investido em projetos de geração de energia eólica.
Uma das saídas tem sido recrutar em universidades pesquisadores e cientistas que estudem energia limpa. “Essa é uma área com forte ligação com as ciências e, ao longo dos últimos dez anos, desenvolveu-se muito nas universidades”, afirma Rodrigo Soares, diretor da consultoria de recrutamento Hays, de São Paulo. “Por causa dessa relação, o setor de energia tem se revelado uma opção interessante de carreira para acadêmicos que queiram migrar para a iniciativa privada.”
Um dos profissionais que trocaram a trajetória científica pelo caminho corporativo foi o físico Gregori de Arruda Moreira, de 27 anos, de São Paulo. Logo que concluiu a graduação, na Universidade de São Paulo, em 2011, Gregori ingressou no mestrado na mesma instituição e, dois anos depois, já cursava o doutorado.
Com esse currículo, seria natural que se mantivesse concentrado na pesquisa acadêmica. Gregori mudou de ideia quando recebeu uma proposta para trabalhar na Renova, que atua com geração de energia eólica e pequenas centrais hidrelétricas em São Paulo e na Bahia. “Vi ali a oportunidade de aplicar minha experiência acadêmica em algo prático e de ampliar minhas possibilidades de carreira”, diz Gregori.
Na Renova, Gregori ocupa o cargo de analista de meteorologia e é responsável por analisar os dados gerados por um equipamento chamado Light Detection and Ranging, o Lidar, que utiliza raios laser para conseguir informações precisas sobre as características do vento, tecnologia que havia sido objeto de estudo de seu mestrado. “Para mim, o equipamento tinha aplicação meramente acadêmica”, diz Gregori. “Foi uma surpresa descobrir que ele está sendo usado por uma empresa.”
A vantagem para quem faz transição da universidade para uma empresa, além de ver a aplicação prática dos estudos, é a possibilidade de uma ascensão profissional mais acelerada devido à dinâmica atual do mercado eólico. “Com o surgimento constante de novos projetos, as pessoas crescem rápido”, diz Sueli, da Pacific Hydro.
É no que aposta o engenheiro químico João Fávaro de Oliveira, de 26 anos, de Curitiba, contratado em 2012 pela Companhia Paranaense de Energia (Copel) para atuar em sua área, de energia renovável.
João cursa mestrado na Universidade Federal do Paraná sobre a transformação de resíduos sólidos em energia elétrica e, na Copel, trabalha em projetos ligados à geração de energia térmica por combustão de biomassa. “Pesquisar um assunto que está no foco dos investimentos estratégicos da empresa vai me ajudar a crescer mais rápido”, afirma.
Nos próximos anos, boa parte das novas posições no mercado de energia renovável deve surgir nos 113 parques eólicos em construção no país. Segundo o Greenpeace, a geração dessa modalidade de energia renovável — a que mais cresce no Brasil — deverá aumentar quase 50 vezes no país até 2050.
“O mercado brasileiro para esse tipo de geração de energia ainda é pequeno, mas vem ganhando muita relevância, com boas oportunidades profissionais”, afirma Helena Chung, analista do mercado de novas energias da Bloomberg.Uma boa alternativa para quem sonha em conciliar a pesquisa científica com uma carreira ascendente na iniciativa privada.
Fonte: Exame - retirado de CIFlorestas
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