Sobral/CE
Agricultores, agentes de extensão rural e pesquisadores estiveram reunidos entre os dias 24 e 26 de março, na sede da Embrapa Caprinos e Ovinos em Sobral (CE), para oficina que discutiu alternativas e perspectivas para a agroecologia no estado do Ceará. Os participantes discutiram as possibilidades de interface da agroecologia com os universos da pesquisa, ensino, assistência técnica e agricultura familiar e efetivaram a criação de um grupo de trabalho interdisciplinar que conduzirá as discussões, para possível construção de um futuro fórum permanente sobre o assunto.
A oficina contou com a presença de profissionais de pesquisa, ensino e extensão rural, que colaboraram na apresentação de políticas públicas para a agroecologia e com experiências de universidades e agricultores relacionadas à produção agropecuária de base agroecológica. Nos debates, os conhecimentos práticos dos produtores rurais sobre práticas agroecológicas foram destacados, como casos para os quais se deve ter especial atenção no espaço rural.
"Um dos princípios da agroecologia é, no primeiro momento, reconhecer que existe um saber local, historicamente construído, apropriado e manejado por agricultores. A partir deste reconhecimento, devemos criar estratégias para aproximar o saber científico desse saber local. Com espaços de diálogo, temos a possibilidade de construir o conhecimento agroecológico, uma construção coletiva em que não podemos abrir mão desses manejos locais de agroecossistemas para buscar soluções", frisou o pesquisador Edson Guiducci Filho, do Departamento de Transferência de Tecnologia da Embrapa.
Durante a oficina, foram listadas experiências de produção orgânica e outras práticas tidas como ambientalmente sustentáveis em diferentes regiões do Ceará e foi levantada a proposta de um mapeamento mais amplo sobre estas práticas no estado. Na avaliação de agricultores participantes, a integração entre pesquisa, ensino, assistência técnica e agricultura familiar é essencial para o desenvolvimento e expansão de práticas agroecológicas no meio rural cearense.
"É importante essa integração, porque só a pesquisa sem assistência técnica não funciona. Só a assistência técnica sem pesquisa também não funciona. Nós, agricultores, precisamos de conhecimentos que cheguem contextualizados lá na ponta, que possam ser usados, junto com nosso saber, em nosso favor", afirmou Erinaldo Lima, produtor rural de Forquilha (CE) e representante da Federação dos Trabalhadores na Agricultura do Estado do Ceará (Fetraece).
Para Erinaldo, a agroecologia representa também um desafio interessante para os jovens no meio rural. "A agroecologia pode ser um carro chefe para a juventude agricultora, porque sem cuidado com o meio ambiente será impossível produzir. A nova geração terá uma alternativa de reconstruir uma agricultura familiar sustentável e colocar comida de qualidade na mesa de toda a sociedade", destacou ele.
Para Francivaldo Silva, agricultor e presidente do Sindicato dos Trabalhadores Rurais de Frecheirinha (CE), a interação permanente entre as instituições envolvidas na oficina e os produtores rurais pode trazer impacto nas políticas públicas voltadas para a agricultura familiar. "Nosso intuito é promover uma agricultura de forma sustentável. Por isso, precisamos da união com as instituições para fortalecer políticas mais eficazes, mesclando os conhecimentos e informações das experiências práticas e da ciência", disse ele.
A oficina temática faz parte da estratégia prevista no Programa Nacional de Inovação e Sustentabilidade na Agricultura Familiar, do Governo Federal, de realizar eventos para aproximar os serviços de pesquisa, ensino e extensão rural no país e construir uma atuação mais integrada entre as instituições. Esta proposta foi apresentada na oficina pelo engenheiro agrônomo Manoel Mendonça, do Ministério do Desenvolvimento Agrário (MDA), para quem esses encontros com diversos segmentos do meio rural são fundamentais para aperfeiçoar a condução das políticas públicas. "Esta iniciativa não pode ser vista só como do Governo, mas tem que ser construída e abraçada por todos os setores que convivem com a agricultura familiar", enfatizou ele.
Segundo um dos coordenadores da oficina, o analista Éden Fernandes, da Embrapa Caprinos e Ovinos, o encontro possibilitou um espaço de efetivo debate, em que se percebeu a preocupação em dar maior visibilidade para a agroecologia nas diversas instituições e em alcançar efetividade na integração de esforços em favor das práticas sustentáveis na agricultura familiar. A oficina temática foi promovida pelo MDA e Embrapa, com apoio da Universidade da Integração Internacional da Lusofonia Afro-Brasileira (Unilab), Universidade Federal do Ceará (UFC) e Fetraece.
Fonte: Embrapa Caprinos e Ovinos - retirado de Página Rural
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