Macaúba pode virar matéria-prima para produção de biodiesel, aponta Embrapa
sexta-feira, janeiro 09, 2015
Pesquisadores da Empresa Brasileira de Pesquisa Agropecuária (Embrapa) Cerrados estão próximos de mais um feito, entre tantos realizados em 2014, pelo órgão estatal por todo o País. Integrantes da unidade do Distrito Federal, eles agora vêm trabalhando para que a macaúba vire uma cultura agrícola comercial, já que existem indicações de que a palmeira possa produzir até oito toneladas de óleo por hectare, além de servir como tortas alimentícias para animais e biomassa para carvão vegetal. A intenção também ultrapassa o campo da pesquisa, isto porque os agricultores pretendem elevar a produção e, como consequência, a renda e o emprego no campo.
“Estamos trabalhando para viabilizar as tecnologias de produção em escala”, destaca o pesquisador Marcelo Fideles, um dos coordenadores dos programas de agroenergia da Embrapa Cerrados. Segundo ele, o desafio é superar limitações tecnológicas para estabelecer um sistema de plantio racional, com a oferta de cultivares e recomendações para adubação, plantio, irrigação e condução da lavoura.
Há oito anos, os pesquisadores desta unidade vêm trabalhando no melhoramento genético da macaúba, no desenvolvimento de sistemas de produção, de qualidade da matéria-prima e de processamento do óleo. Ainda fazem previsões analíticas sobre os impactos socioeconômicos e ambientais. De acordo com Fideles, além de caracterizar espécies e selecionar genótipos mais produtivos, mas principalmente a adequação de sistemas de cultivo que tornem a palmeira uma fonte viável de matéria-prima para a produção de biocombustíveis como o biodiesel. O Ministério da Agricultura, Pecuária e Abastecimento (Mapa) pretende iniciar o zoneamento de risco climático para permitir o financiamento público.
Encontrada abundantemente no Cerrado brasileiro e nas Américas (do México até a Argentina), com área estimada em 12 milhões de hectares, a macaúba é uma das espécies mais promissoras como fonte de óleo para o biodiesel e bioquerosene, cuja produção é crescente no País. As principais fontes de matéria-prima para a produção dos biocombustíveis no Brasil, atualmente, são o óleo de soja e a gordura bovina – no caso do biodiesel, representavam 74% e 20% em setembro, segundo a Agência Nacional do Petróleo, Gás Natural e Biocombustíveis (ANP).
Sancionada em setembro, a Lei nº 13.033/2014, que dispõe sobre a adição obrigatória de biodiesel ao óleo diesel comercializado com o consumidor final, tornou obrigatória a mistura de 7% de biodiesel ao diesel, a partir de 1º de novembro. Assim, a produção nacional de biodiesel, que deve fechar 2014 em 3,4 bilhões de litros, deverá ser de 4,2 bilhões de litros em 2015, tornando o Brasil o segundo maior produtor mundial do biocombustível, atrás apenas dos Estados Unidos, com 4,5 bilhões de litros. Além disso, o aumento no percentual de biodiesel adicionado ao diesel comum vai eliminar a importação de 1,2 bilhão de litros de diesel, uma economia de cerca de U$ 1 bilhão aos cofres públicos.
A PLANTA
A macaúba ou macaíba (nome científico Acrocomia aculeata) é uma planta rústica, com folhas perenes e espinhosas, podendo atingir 20 metros de altura com troncos de 20 a 30 cm de diâmetro. Dispersa no território brasileiro, é encontrada com maior frequência em Minas Gerais, São Paulo, Goiás, Mato Grosso do Sul, Mato Grosso, Tocantins, Piauí e Ceará, de forma isolada ou formando povoamentos naturais chamados de “maciços”.É uma palmeira com grande potencial de uso, sendo empregada para fins alimentares, cosméticos e energéticos, praticamente não deixando resíduos inaproveitáveis. Os frutos ou cocos são a parte economicamente mais importante da planta, podendo ainda ser consumidos como alimento.
A macaúba começa a dar frutos por volta de cinco anos do plantio, podendo produzi-los até os 100 anos. O auge da produção, de acordo com pesquisadores da Embrapa Cerrados, se dá entre os meses de novembro e março. A madeira é usada na confecção de ripas e calhas de água. As folhas são utilizadas como forragem e fibras têxteis.O potencial produtivo da macaúba já foi comprovado pela pesquisa em populações naturais (maciços), alguns já explorados de forma extrativista, meio tradicional de obtenção dos frutos.
Em maciços da espécie Acrocomia aculeata observados na região do Alto Paranaíba, em Minas Gerais, as melhores plantas alcançaram 6,9 toneladas/hectare de óleo de polpa, utilizado na produção de biocombustíveis; 1,2 toneladas/hectare de óleo de amêndoa, destinado à fabricação de cosméticos e farelo para alimentação humana; 19,3 toneladas/hectare de endocarpo, matéria-prima para a produção de carvões vegetal e ativado; e 24,5 toneladas/hectare de resíduo de polpa e da amêndoa, que constituem a torta que serve para a produção de ração ou farelo para os animais.Com uma produtividade média geral de 114,1 kg/planta/ano, considerando as regiões avaliadas, a produtividade esperada é de pelo menos 45,6 toneladas/hectare de cachos para uma densidade de cultivo de 400 plantas/hectare. Se for considerada uma eficiência de 70% da extração, o rendimento bruto de óleo por prensagem do fruto fresco poderá atingir 4 toneladas de óleo/hectare/ano da polpa e 0,8 tonelada de óleo/hectare/ano da amêndoa.
Fonte: Aboissa
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