Detentor de uma matriz energética capaz de substituir os combustíveis fósseis derivados do petróleo, o Brasil perdeu há anos a possibilidade de se transformar em uma potência, ameaçando o poderio dos grandes produtores mundiais. Trata-se do etanol (álcool derivado da cana de açúcar), que surgiu ainda sob os governos da ditadura dentro da proposta de "Brasil Grande" defendida pelos militares. Porém, praticamente quatro décadas após, quando o etanol é usado para o abastecimento de veículos em larga escala no Brasil, a falta de investimentos e interesse ao longo dos anos praticamente confinou o combustível derivado de uma fonte renovável ao nosso País.
Como a indústria automobilística instalada por aqui já domina a tecnologia dos motores movidos a álcool (e todas elas são multinacionais, com presença no mundo todo), perdemos uma grande chance de aproveitar todo o seu potencial. Atualmente, o Brasil poderia estar exportando o etanol para abastecer frotas pelo mundo afora, contribuindo para o emprego de milhões de trabalhadores em diversos pontos do País, como se imaginava na década de 1970. Mas isso não acontece. E, o que é pior, nem os brasileiros contam com vantagens em utilizar o carro com álcool: não há benefícios ou subsídios capazes de tornar o combustível mais barato no mercado interno, como fazem grandes produtores de petróleo. A Venezuela é um exemplo disso, para ficarmos num país bem próximo de nós.
Vivemos hoje num mundo onde a busca por uma matriz energética limpa e renovável, com emissões de baixa intensidade, move empresas e governos. E, já está provado, o etanol supre todas estas necessidades, anos-luz à frente de outras, como energia elétrica ou metanol, derivado do milho. Então, qual a razão para que este combustível ‘verde e amarelo' não seja largamente usado no mundo todo? Primeiro, pela ampla concorrência com os combustíveis fósseis, que mantém nações e governantes (como a riquíssima dinastia na Arábia Saudita), que não vê com bons olhos uma substituição que poderia jogar o preço do petróleo ao rés do chão, abalando economias hoje dependentes do petróleo.
O Brasil também não dá a devida importância ao etanol. Faltam incentivos até aos produtores. A recente manifestação em Sertãozinho contra a redução das vagas de emprego mostra bem a situação pela qual passa o setor. Usinas estão sendo fechadas e a produção cai, elevando o preço do etanol ao consumidor final. A imobilidade do Itamaraty também contribui para esta situação, já que o Brasil não consegue fazer o combustível chegar a outros países. A exportação limita-se ao álcool etílico e ao açúcar, sem que o álcool hidratado (ou etanol) consiga espaço, principalmente por causa de boatos disseminados lá fora de que plantações de cana de açúcar estariam substituindo as florestas. Falta ação do governo para que este cenário mude e que o etanol comece a ser visto como uma alternativa real e segura aos combustíveis fósseis não apenas aqui no Brasil, mas também no mundo todo.
Fonte: GCN e Biomercado
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