A transformação de Dores do Indaiá e região, no Centro-Oeste do Estado, em um novo polo de produção de macaúba voltado à fabricação de bioquerosene de aviação traz grandes expectativas de crescimento. A instalação de indústrias, o aumento do extrativismo sustentável e o plantio comercial poderão alavancar a economia das cidades participantes do polo recém-anunciado pelo governo de Minas. Em Dores do Indaiá, por exemplo, o Executivo municipal projeta dobrar o PIB (Produto Interno Bruto) em poucos anos em função da atividade.
Nativa na região, a macaúba ocupa área de cerca de 220 mil hectares nos 20 municípios participantes do polo, e pode ser explorada através do extrativismo sustentável. Somente com este plantio já mapeado é possível fabricar 2,5 milhões de toneladas de óleo utilizados para a fabricação do biocombustível.
Para os próximos anos, são esperados investimentos também no plantio comercial, segundo informa o prefeito de Dores do Indaiá, Ronaldo Antônio da Costa. "Em princípio, a exploração da macaúba será através do extrativismo e concentrada em pequenos produtores. Mas, como as expectativas em relação à instalação do novo APL (Arranjo Produtivo Local) são muito positivas, o plantio comercial vai ser desenvolvido rapidamente. Somente neste ano, já foram plantadas 400 mudas de macaúba e em 2015 acreditamos que serão, pelo menos, mais 10 mil mudas", projeta
A principal atividade econômica desenvolvida em Dores do Indaiá é a pecuária. "A macaúba se tornará o marco divisor da economia da região. Por isso, pretendemos dobrar, nos próximos anos, o PIB do município. As expectativas são positivas porque estamos trabalhando com incentivos dos governos e com um mercado com alta demanda pelo biocombustível".
Outro fator que deve estimular o plantio e a exploração da macaúba, segundo o prefeito, são os preços rentáveis. Atualmente a indústria paga em torno de R$ 150 por tonelada. Com a formação do polo e o estabelecimento do preço mínimo da tonelada em R$ 450 pelo governo federal, produtores de pequeno porte cadastrados na Companhia Nacional de Abastecimento (Conab) poderão receber a diferença através de programas de subvenção.
"O polo tem todos os motivos para dar certo. Além do apoio dos governos, a demanda pelo biocombustível deve ser alavancada nos próximos anos, e a macaúba atenderá esse mercado. Nossa maior expectativa está em torno da demanda proveniente da aviação mundial, que precisa reduzir a emissão de gases que provocam o efeito estufa em 50% até 2050. E uma das alternativas para isso é usar o bioquerosene gerado através do processamento da macaúba".
Desenvolvimento
O coordenador técnico estadual da Empresa Mineira de Assistência Técnica e Extensão Rural (Emater-MG), Waldyr Pascoal, ao longo dos próximos anos serão realizados diversos trabalhos para o desenvolvimento do polo da macaúba.
"Toda novidade na área de produção em uma região traz perspectiva de melhoras. A macaúba será bastante estudada e trabalhada para que se torne uma fonte rica de matéria-prima para a produção de óleo voltado à geração de biocombustível. Por ser nativa da região, a macaúba já está bem adaptada e tem grandes chances de se tornar uma cultura altamente rentável".
Empresários também estão otimistas
Formado por quatro empresas (Acrotech, Soleá, Dibio e Curcas), o Consórcio MacaubaBR está investindo na região. Uma das indústrias, a Dibio, deve inaugurar no final de 2015 a expansão da unidade fabril no município de Dores do Indaiá, onde serão investidos cerca de R$ 1 milhão e processadas 120 toneladas de macaúba ao dia. A capacidade atual da empresa é de 30 toneladas ao dia.
A macaúba é adquirida de pequenos produtores e utilizada para diversos produtos. O processo consiste na extração do óleo da polpa e da amêndoa. O óleo da polpa é negociado com fabricantes de biodiesel. O óleo da amêndoa é utilizado pela Dibio para a fabricação de produtos de limpeza comercializados pela empresa, como o sabão de coco em barra, e para marcas próprias de terceiros. O subproduto (torta) gerado com a extração do óleo é destinado à produção de ração animal. O endocarpo da macaúba é comercializado com empresas que o transformam em carvão ativo.
Na safra atual, que está em plena colheita, serão colhidas entre 1 mil a 2 mil toneladas. Em 2020, o processamento deve chegar a 10 mil toneladas ao ano.
"As perspectivas são as melhores possíveis, uma vez que a macaúba tem um mercado amplo, estável e de alto valor agregado. A rentabilidade gerada pelo processamento é grande, chegando a render 300% de lucro. O projeto tem viabilidade econômica para a indústria e para quem extrai a macaúba", avalia o diretor da Dibio, Jairo da Silva Tonaco.
Fonte: CIFlorestas, com adaptações do Blog
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