Visão da distribuição espacial do grupo de mulheres coletoras e extrativistas de bocaiúva e dos moradores da comunidade tradicional Antônio Maria Coelho, Corumbá/MS
segunda-feira, novembro 17, 2014
Artigo publicado nos anais do Congresso Brasileiro de Macaúba, em 2013.
Rosaina Cuiabano Reis; Fonseca, Tayrine Pinho De Lima; Zanella, Mayara Santana; Arruda, Edmar Sebastião De; Curado, Fernando Fleury; Feiden, Alberto; Borsato, Aurélio Vinicius
INTRODUÇÃO
A centenária comunidade de Antonio Maria Coelho (AMC) (19º19’2.39”S e 57º35’37.12”O), localiza-se a 45 km da sede do município de Corumbá, na Rodovia BR 262, junto à antiga Estação da Rede Ferroviária Federal S/A – Noroeste do Brasil. Segundo os moradores, a comunidade foi palco de fatos históricos do município como a retomada de Corumbá onde o Major Antônio Maria Coelho teria se refugiado na região. Concretamente, há indícios da existência de um povoado no local já no final 13 do século XIX, como pode ser observado nas descrições existentes em algumas lapides do cemitério local da comunidade AMC, a lapide mais antiga legível tem data de 1897. Segundo Castells (1999), a construção de identidades advém de aspectos históricos, geográficos, biológicos, institucionais, religiosos e por aparatos de poder existentes na estrutura social.
A comunidade vem se destacando pela atividade extrativista dos frutos de uma variante local da palmeira da macaúba (Acrocomia aculeata (Jacq.) Lodd. ex Mart), denominada de bocaiuva. Dos frutos é retirada a polpa que pode ser comercializada fresca ou congelada, usada para sucos ou sorvetes ou para a produção artesanal de farinha de bocaiuva, produto típico com uso variado na culinária regional. Em menor escala também é feita a extração do óleo tanto da polpa, usado na alimentação, para temperar saladas, como do óleo das amêndoas, para utilização como cosmético. A bocaiuva é uma palmeira nativa das florestas tropicais cujo estipe atinge de 10 a 15 m de altura e 20 a 30 cm de diâmetro. O tronco, também denominado de estipe, é coberto por espinhos escuros, pontiagudos. As folhas, verdes, chegam 4 a 5 metros. (Lorenzi et al., 1996, Texeira, 1996).
Os moradores da comunidade AMC desenvolveram relações sócio espaciais durante várias gerações estabelecendo uma importante integração com o ambiente. Para Santos (1979), o espaço é compreendido como matéria trabalhada, constituindo-se num dos objetos sociais com maior imposição sobre o homem. O espaço faz parte do cotidiano dos indivíduos. Assim, a casa, o lugar de trabalho, os pontos de encontro, os caminhos que unem esses pontos são igualmente elementos passivos que condicionam as atividades dos homens e comandam a prática social. O espaço, mais uma vez, é produto e condição da dinâmica sócio espacial.
O presente trabalho tem como objetivo entender a percepção dos moradores da comunidade AMC em relação ao seu espaço de vida e de trabalho, especificamente sobre a heterogeneidade social, as potencialidades e os problemas locais.
Confira mais detalhes a seguir.
0 comentários
Agradecemos seu comentário! Volte sempre :)