Seminário sobre agroecologia discute caminhos de sustentabilidade para os agricultores familiares
quinta-feira, novembro 06, 2014
O 2º Seminário de Agroecologia – Plantando Sustentabilidade - reuniu cerca de 200 agricultores familiares, extensionistas, estudantes de agronomia e representantes de Associações de Produtores Rurais no final de Outubro (30), no auditório do Parque Ipiranga em Anápolis. A iniciativa foi realizada pela Secretaria de Desenvolvimento Econômico do município, em parceria com o Sebrae GO, Fundação Banco do Brasil, Prefeitura de Anápolis e apoio da Associação dos Produtores Agroecológicos de Anápolis – APROAR, do Sicoob, além da Universidade Federal de Goiás, Embrapa Arroz e Feijão, Emater GO e da Sociedade Nacional de Agricultura.
O objetivo do encontro foi disponibilizar informações sobre agroecologia, de forma a melhorar o acesso dos produtores familiares à alternativas que podem aumentar a competividade e melhorar a renda e qualidade de vida. Para dar suporte ao evento foram convidados três palestrantes que apresentaram os seguintes temas: Sistema Agroflorestal com foco na Segurança Alimentar – Agostinho Didonet – pesquisador da Embrapa Arroz e Feijão; Manejo do Solo para Sistemas Orgânicos - Wilson Mozena - professor do curso de Agronomia da Universidade Federal de Goiás - UFG e, a terceira apresentação, o Mercado e Gestão dos Produtos Orgânicos: alternativas para o aumento da renda familiar - Sylvia Wachsner - coordenadora do Centro de Inteligência em Orgânicos (CI Orgânicos).
Na primeira apresentação do seminário o pesquisador da Embrapa destacou as diversas formas e maneiras de uso funcional da agrobiodiversidade, interligados a múltiplos usos e espécies que podem ser produzidas pelos agricultores. Neste contexto, o ambiente natural em que o agricultor está inserido se constitui num espaço de aprendizagem que integra sistemas agrícolas complexos e diversificados.
Didonet destacou ainda que os Sistemas Agroflorestais (SAFs) são de grande importância no meio rural, uma vez que possibilitam a produção de alimentos de forma sustentável, fazendo com que a propriedade rural seja sempre produtiva ao longo do tempo e garantindo as condições do lugar em relação ao solo, a água, à diversidade de vida, aproveitando da melhor forma possível a energia do sol, onde o produtor rural aprende com a natureza, e considerando a sustentabilidade não apenas como geradora de renda, mas também de interpelações dos aspectos sociais, ambientais e culturais do sistema.
"Os SAFs envolvem diversos fatores e podem ser utilizados tanto por pequenos agricultores e as populações tradicionais ou quilombolas quanto por extrativistas e produtores tradicionais. O importante é que, através deste sistema, seja possível gerar ações voltadas à preservação e recuperação de áreas degradadas, contribuindo na recomposição da paisagem, na produção de grãos, na bioenergia e fruteiras nativas, trazendo melhoria do solo, desenvolvimento rural sustentável e segurança alimentar", observou Didonet.
Já o professor de agronomia da UFG, Wilson Mozena, acrescentou em sua apresentação que o manejo do solo faz parte de um conjunto de todas as práticas aplicadas a ele, visando à produção agrícola que inclui operações de cultivo, às práticas culturais, à correção e fertilização, entre outras ações. "A agricultura intensiva convencional tem gerado redução progressiva de oferta ambiental, comprometendo a qualidade de vida das populações e a vulnerabilidade do sistema político e econômico da sociedade".
Foram citados, também, pelo palestrante, os impactos das ações humanas no ambiente, provenientes do uso excessivo de fertilizantes solúveis e agrotóxicos, o desmatamento, a monocultura, os transgênicos e a compactação que tem gerado perdas anuais da ordem de 10 bilhões de reais para a correção do solo e, também, perdas nutricionais em torno de 8,5 milhões de toneladas de nitrogênio, cálcio e potássio. "Para resolver todo este problema é preciso existir uma mudança de mentalidade, de transformação para um manejo mais conservacionista, fortalecendo os sistemas orgânicos e agroecológicos de produção, e possibilitando, desta forma, o equilíbrio do solo, da planta e do ambiente como principal base do sistema", conclui Mozena.
Por sua vez, a economista e coordenadora do CI Orgânico, Sylvia Wachsner, na palestra seguinte, se concentrou em orientar os participantes sobre as dicas básicas para o sucesso no mercado orgânico, explicando a importância de pontos como o apoio, as estratégias de preço, as áreas de distribuição e prioridades. Além desses pontos básicos, a palestrante falou sobre a lei dos orgânicos, sistema de auditoria, as certificadoras e sobre o Programa de Aquisição de Alimentos - PAA.
Segundo Sylvia, a expansão dos orgânicos é um dos caminhos a seguir de conexão entre o rural e o urbano, ponto considerado por ela, fundamental para impulsionar o consumo de orgânicos. A economista citou as três formas de certificação dos produtos: o Sistema Participativo de Garantia (SPG) - é formado pela reunião de produtores e outros que compõem os Organismos Participativos de Avaliações da Conformidade (OPAC); as Certificadoras por Auditoria - atuam comercialmente na prestação de serviços de certificação a produtores e grupos; e, as Organizações de Controle Social (OCS) - os agricultores familiares organizados e vinculados a associações ou grupos podem, para venda direta ao consumidor, optar por se cadastrar no Ministério da Agricultura, e comercializar seus produtos como orgânicos. "Torna-se garantia social o relacionamento entre o produtor e o consumidor e, nas propriedades, a maneira pela qual é realizada a produção".
Ao longo das atividades do 2º Seminário de Agroecologia os participantes puderam, ainda, prestigiar a realização da Feira de Produtos Agroecológicos e a exposição da Produção Agroecológica Integrada e Sustentável (Pais).
Hélio Magalhães (4911 MTb/MG)
Embrapa Arroz e Feijão
cnpaf.nco@embrapa.br
Telefone: (62)3533-2108
Mais informações sobre o tema
Serviço de Atendimento ao Cidadão (SAC)
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