Projeto piloto visa à geração de energia elétrica a partir da combustão de gases produzidos na carbonização de madeira e do aproveitamento de biomassa residual - Lucas Creek
O III Fórum Brasileiro de Carvão Vegetal, realizado em Belo Horizonte (MG) nos dias 22 e 23 de outubro promoveu uma série de apresentações, discussões e debates sobre temas inerentes à produção e comercialização do produto. Nesse contexto, o painel “Avanços tecnológicos da produção de carvão vegetal” traçou um panorama sobre o que há de mais inovador em estudos e pesquisas feitas para modernizar a cadeia produtiva do produto.
Integrando esse painel, o engenheiro florestal e gerente técnico da ArcelorMittal BioFlorestas Fabrício Poloni apresentou a palestra “Geração de energia elétrica a partir dos gases da carbonização da madeira”. Segundo o engenheiro, a maioria do potencial energético da madeira é lançado na atmosfera na forma de gases no processo de carbonização. “Apenas 33% da biomassa que colocamos dentro dos fornos se transforma em carvão, o restante é disperso na atmosfera por meio dos gases. Temos estudado o aproveitamento do potencial energético para geração de energia elétrica com concomitante redução dos gases de efeito estufa”, conta.
Poloni apresentou um projeto piloto que a ArcelorMittal BioFlorestas vem desenvolvendo desde 2010 em parceria com a Companhia Energética de Minas Gerais (Cemig) para a cogeração de energia elétrica. Chamado “Tecnologias integradas de beneficiamento de resíduos e transporte de gás de carbonização de biomassa para cogeração de energia elétrica com microturbinas”, o projeto pode parecer complexo, mas a ideia nem tanto. Trata-se de um sistema que utiliza gases provenientes da pirólise da madeira, além de biomassa residual obtida a partir de material descartado, como folhas, galhos, raízes e cascas. Os gases e esse material residual são transportados para um queimador e sua combustão ativa uma turbina EFGT – Externally-fired gas turbine – para produção de energia elétrica.
O sistema realiza o transporte aéreo de gases dos fornos até uma unidade de combustão por meio de tubos metálicos. Essa unidade também recebe a injeção da biomassa residual. O material sofre combustão no queimador e ativa o sistema EFGT gerando energia. O projeto foi instalado em 12 fornos em uma planta de carbonização que tem um total de 38 e que teria capacidade de gerar quatro megawatt MWh de energia elétrica. Para se ter uma ideia, se somada a capacidade de geração de todos os fornos da ArcelorMittal BioFlorestas, há condições de se produzir 30 MW por hora, energia suficiente para atender à demanda de aproximadamente 150 mil pessoas.
Para Fabrício Poloni, algumas das vantagens do projeto é poder gerar energia sem o uso de água, ao mesmo tempo em que se aproveita materiais que são descartados nos processos de produção de carvão vegetal. “O primeiro avanço é usar uma microturbina que não utiliza nada de água para aproveitar um gás que é relativamente pobre. Outro é o aproveitamento de resíduos. Quando se faz a colheita da madeira sobram folhas, galhos e cascas. Tudo isso é energia e pode ser utilizado para gerar eletricidade”, conclui.
As palestras do evento já estão disponíveis no link da SIF:
Fonte: CIFlorestas
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