Fatores que podem
alterar a qualidade do biodiesel são objeto de um novo estudo da Embrapa
Agroenergia. O foco da pesquisa é o monitoramento da qualidade do biodiesel,
desde a usina onde ele é produzido até os postos de combustíveis, a fim de
conhecer melhor o comportamento do combustível isolado e em mistura com o
diesel. Para tanto, os cientistas vão utilizar as análises exigidas pela
Agência Nacional de Petróleo, Gás Natural e Biocombustíveis (ANP), além de
desenvolver novas metodologias que permitam identificar adulteração, degradação
e contaminação química e microbiana.
A partir dos
resultados obtidos, também serão desenvolvidas estratégias para inibir a ação
de agentes responsáveis pela degradação, salienta a pesquisadora da Embrapa
Agroenergia e líder do projeto, Itânia Soares. Uma das possibilidades é
encontrar aditivos multifuncionais que possam minimizar os processos
degradativos.
Cadeia produtiva
Problemas de
qualidade podem afetar qualquer produto, inclusive os combustíveis fósseis.
Quando isso acontece, surgem problemas como corrosão, entupimento de filtros e
bicos injetores, além de outros danos nos motores de veículos. O diesel de
petróleo pode passar por degradação química ou microbiana assim como o
biodiesel. Este, no entanto, é mais higroscópico, ou seja, tem maior tendência
a reter umidade, favorecendo o crescimento de microrganismos. Fatores como luz,
calor e umidade também podem comprometer a qualidade do biodiesel, pois causam
oxidação.
Para garantir a
qualidade do biodiesel, são necessárias ações em todos os pontos da cadeia, da
fabricação à venda ao consumidor final, passando pela mistura, pelo
armazenamento e pelo transporte. Isso foi destacado por representantes do setor
produtivo, revendedores, institutos de pesquisa e governo em workshop sobre o
tema realizado pela Embrapa Agroenergia em agosto de 2012. Naquele evento, as
questões relacionadas à estocagem do B5 (diesel com 5% de biodiesel) e ao
transporte em vários modais (rodoviário, ferroviário, fluvial e marítimo) foram
apontadas como as que dificultam a manutenção da qualidade do combustível.
Nesse sentido, a
equipe do projeto da Embrapa Agroenergia coletará amostras em pontos de
produção, transporte e distribuição do biodiesel, além de postos de revenda do
B5. Para isso, contará com apoio da União Brasileira do Biodiesel e do
Bioquerosene (Ubrabio), do Sindicato Nacional das Empresas Distribuidoras de
Combustíveis e de Lubrificantes (Sindicom), e da Federação Nacional do Comércio
de Combustíveis e Lubrificantes (Fecombustíveis). As coletas serão feitas no
Centro-Oeste, região que respondeu, em 2012, por cerca de 45% da produção
nacional do biocombustível, de acordo com dados da ANP.
Para monitorar
problemas que podem acontecer durante a estocagem, os pesquisadores instalarão
na Embrapa Agroenergia réplicas dos tanques utilizados nas usinas para
armazenar o biodiesel. Eles vão avaliar possíveis alterações no biocombustível
ao longo de 90 dias, no período de seca e no chuvoso, para medir principalmente
a influência da umidade no processo de degradação.
Um dos pontos de
destaque do projeto é o uso de técnicas avançadas para buscar microrganismos
contaminantes pela análise do DNA. Com essa metodologia, é possível identificar
linhagens não cultiváveis, que correspondem a cerca de 99% da biodiversidade microbiana.
Parcerias
As
ações de pesquisa fazem parte do projeto "Desenvolvimento e validação de
métodos inovadores para a garantia da qualidade do biodiesel e de suas misturas
ao diesel", financiado pelo Conselho Nacional de Desenvolvimento
Científico e Tecnológico (CNPq). Além da Embrapa Agroenergia, participam do
projeto o Instituto Nacional de Tecnologia (INT), a Universidade Federal de
Minas Gerais (UFMG), a Universidade Federal do Rio Grande do Sul (UFRGS) e a
ANP. A duração prevista para o estudo é de três anos.
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