Encontrada
naturalmente em grande parte do território brasileiro, a macaúba (Acrocomia
aculeata) tem potencial de se tornar matéria-prima para a produção de
biodiesel, biocombustíveis de aviação, cosméticos e alimentos para consumo
humano e animal. No entanto, a inserção da palmeira nessas cadeias produtivas
ainda depende de desenvolvimento tecnológico em várias etapas do sistema
produtivo. A Embrapa inicia este ano um novo projeto de pesquisa que busca
soluções para problemas relacionados principalmente à colheita e à extração do
óleo da polpa de macaúba.
A pesquisadora
Simone Palma Favaro, da Embrapa Agroenergia (Brasília/DF), conta que,
atualmente, os frutos da macaúba são colhidos principalmente do chão, depois de
se desprenderem dos cachos. Ela explica que, por isso, boa parte da produção
chega às indústrias já em processo de deterioração. A equipe de pesquisa vai
testar duas estratégias de colheita. A primeira é cortar o cacho inteiro, como
se faz com o dendê; a segunda, instalar um coletor junto às palmeiras para
captar os frutos que caem dos cachos.
Uma das
perguntas que os pesquisadores querem responder é se o corte do cacho inteiro
resulta na colheita de frutos verdes junto com os maduros - ou seja, se os
frutos amadurecem igualmente no cacho. A viabilidade técnica e econômica de
realizar esse tipo de coleta em uma planta de porte alto como a macaúba também
será avaliada. No sistema com o coletor, a equipe precisará verificar quanto
tempo os frutos podem ficar no recipiente sem perder qualidade e teor de óleo.
Extração do
óleo
A pesquisa
também desenvolverá métodos físicos de extração do óleo da polpa da macaúba. De
acordo com Simone, o desafio tecnológico está na obtenção desse óleo, uma vez
que, para o da amêndoa, já há processos eficientes. Os frutos frescos de
macaúba são gomosos e se deterioram com facilidade, o que dificulta a extração.
“Nossa ideia é desenvolver métodos físicos em vez de usar solventes porque o
mundo está caminhando para processos mais limpos e sustentáveis”, diz a
pesquisadora.
A equipe
avaliará a extração tanto com os frutos frescos quanto com os secos. A polpa é
a fração da macaúba que apresenta o maior volume de óleo – até 80% do total. O
alto teor de ácido oleico do produto (chega a 60%) e a resistência à
armazenagem favorecem a fabricação do biodiesel. A produtividade pode chegar a
4 toneladas de óleo por hectare, que pode ser considerada alta, tratando-se de
plantas que ainda não passaram por nenhum tipo de melhoramento genético. Os
coprodutos, como tortas, cascas e o coquinho que envolve a semente,
constituem-se em importante fonte de energia e podem ser utilizados na produção
de derivados com alto valor agregado, como rações animais e carvão ativado.
A pesquisa
iniciada na Embrapa vai avaliar também características do óleo importantes para
o uso industrial, tais como estabilidade oxidativa e comportamento frente ao
aquecimento. Será objeto de estudo, ainda, o processo de refino, com base nos
parâmetros estabelecidos pelo Ministério da Agricultura, Pecuária e
Abastecimento para outros óleos. “O óleo precisa ser refinado para atender
tanto ao mercado alimentício quanto o de biocombustíveis”, explica Simone.
Coprodutos
Outra atividade
do projeto será a caracterização dos produtos e coprodutos da macaúba: folhas,
diferentes partes do fruto e tortas de polpa e amêndoa. Serão avaliadas
características químicas como teor de carboidratos, proteínas e, especialmente
fibras. “Nosso objetivo é aprofundar o conhecimento sobre os componentes da
macaúba, pensando tanto em atender ao mercado de ração animal quanto em
identificar compostos que possam ser utilizados pela indústria química”, afirma
a pesquisadora da Embrapa Agroenergia.
A equipe também
quer entender quais moléculas conferem a característica de gomosidade à polpa
da macaúba. Simone diz que as informações geradas podem servir como base
para futuros projetos que tenham como objetivo remover ou aproveitar os
componentes relacionados a essa característica. O projeto de pesquisa tem
duração prevista de três anos e é liderado pelo pesquisador Fábio Galvani,
da Embrapa Pantanal (Corumbá/MS). Além da Agroenergia, participam as
seguintes unidades da Embrapa: Amazônia Ocidental (Manaus/AM), Agroindústria
Tropical (Fortaleza/CE), Instrumentação (São Carlos/SP) e Tabuleiros Costeiros
(Aracaju/SE). Conta também com a parceria da Associação dos Moradores da
Comunidade de Antônio Maria Coelho, da Fundação Universidade Estadual de Mato
Grosso do Sul, da Fundação MS, da Universidade Católica Dom Bosco, da
Universidade Estadual de Ponta Grossa, da Universidade Federal de Viçosa, da
Universidade de São Paulo (Esalq/USP) e da indústria Chamel.
/Fonte:
/Fonte:
0 comentários
Agradecemos seu comentário! Volte sempre :)