Com preço em alta, aumenta ritmo de geração nas usinas de biomassa
quarta-feira, abril 23, 2014
Os números fazem parte de levantamento realizado pela Safira Energia
a pedido do Valor, que mostra que a capacidade instalada do segmento passou de
7.342 megawatts (MW) em 2012 para 8.870 MW em 2013, e geração subiu de 1.445
para 1.946 megawatts médios. No mesmo período, o aumento médio na geração de
energia, considerando todos os tipos de usinas, foi bem mais modesto, de 3%.
Para o gerente de regulação da Safira Energia, Fábio Cuberos, o
crescimento da geração de energia nas usinas de biomassa em ritmo superior à
expansão da capacidade instalada indica que os proprietários dessas unidades
estão aproveitando o momento de preços elevados no mercado livre para gerar
mais e, assim, obter lucros adicionais. No sistema Sudeste/Centro-Oeste, que
responde pela maior parte da geração de eletricidade no Brasil, o preço médio
da energia saltou de R$ 23,14 megawatts-hora (MWh) em janeiro de 2012 para R$
290,72 MWh em dezembro de 2013 e, desde fevereiro deste ano, tem se mantido no
valor máximo permitido pela Agência Nacional de Energia Elétrica (Aneel), de R$
822,83.
Com a antecipação da colheita de cana-de-açúcar, diz Cuberos, os
usineiros iniciaram antes do previsto a produção de açúcar e álcool e a geração
de energia. As usinas de biomassa utilizam como matéria-prima o bagaço da cana.
Uma possível quebra na safra de cana-de-açúcar, que poderia afetar
a geração de energia nessas usinas, teria pouco impacto sobre os preços da
energia no mercado livre, na avaliação de Cuberos. O estudo desenvolvido pela
Safira junto aos usineiros aponta expectativa de queda entre 10% e 15% na safra
de cana-de-açúcar neste ano, em decorrência da estiagem.
Entretanto, diz Cuberos, pode haver uma compensação no fornecimento
de bagaço de cana entre as usinas. "Os usineiros trabalham com a
possibilidade de comprar bagaço das usinas de açúcar e etanol que não produzem
energia e de utilizar palha na geração de eletricidade, caso falte
matéria-prima."
Com o bagaço de cana-de-açúcar sendo negociado atualmente entre R$
100 e R$ 120 por tonelada, o custo de produção de energia nas usinas de
biomassa gira em torno de R$ 400 por MWh, pelas contas do gerente da Safira.
"Como o preço do bagaço de cana é muito volátil, pode haver uma subida de
preços significativa, caso a demanda pelo produto aumente muito. Isso
encareceria o custo da energia produzida por biomassa, podendo chegar até o
teto de R$ 822 por MWh", diz.
Cubero, porém, pondera que são poucas as usinas de biomassa que
entram no modelo do Operador Nacional do Sistema Elétrico (ONS) para formação
de preços no mercado livre. A maior parte delas, diz ele, produz energia apenas
para manter suas operações de açúcar e álcool. "Somente as grandes usinas
comercializam a energia excedente. Por isso, a participação desse segmento é
pequena e sua influência sobre a formação de preços também."
0 comentários
Agradecemos seu comentário! Volte sempre :)